O GLOBO leva o prêmio Rei de Espanha de fotografia
Diário da Manhã
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 04:05 | Atualizado há 9 anosRIO – Sentados numa cama, como se estivessem alheios à pobreza, Adriel, de 8 anos, e a irmã Diana, de 6, estudavam no quarto de uma casa construída à beira de um rio em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A imagem captada pelo olhar e pela câmera da fotógrafa Márcia Foletto ilustrou a primeira página do GLOBO do dia 31 de maio do ano passado, na abertura da. Esta semana, junto com outras sete fotos que ilustraram as reportagens, ela recebeu um dos mais importantes prêmios internacionais de jornalismo, o Rei de Espanha, na categoria fotografia.
A série revelava que 3,77% dos moradores do Estado do Rio, ou 565.135 pessoas, viviam em situação de extrema pobreza, de acordo com números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2013, do IBGE. A casa de Adriel e Diana, que moram com os pais e uma irmã, é mantida com R$ 182 do Bolsa Família.
— A série foi muito impressionante. Afinal, nossa tarefa era transformar os números em algo real, dar rosto aos dados sobre miséria. A matéria retratava pessoas que vivem na extrema pobreza e que, muitas vezes, vivem ao lado de zonas ricas. Muitos nem sabem as dificuldades que elas passam — afirma Márcia Foletto, no GLOBO desde 1991.
Em busca de histórias, a equipe que produziu a reportagem percorreu o estado por cerca de um mês. Também em Belford Roxo, Márcia mostrou as marcas da pobreza na vida de José Roberto Lima: com as mãos calejadas do trabalho, ele segurava uma colher com alguns grãos de feijão, um dos poucos alimentos que ele tinha e que plantava no quintal. Em Japeri, na Baixada, revelou o rosto de Fabiane Ferreira, que tomava conta de um sítio em troca de teto e comida. Sem documentos, era invisível até para programas sociais.
A série “Os miseráveis” foi publicada entre 31 de maio e 2 de junho. O Rey de España é oferecido pela agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional.
— O prêmio é um dos principais do jornalismo, em nível ibero-americano, e é entregue todos os anos pelo Rei da Espanha — diz Carlos Moreno, coordenador da EFE no Rio.
Ano passado, O GLOBO já havia vencido o prêmio na categoria fotografia, com o trabalho “Crime à liberdade de imprensa”, de Domingos Peixoto, que flagrou o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade, durante protestos violentos no Rio.
*colaborou Filipe Cerolim