Cotidiano

Oferta de leite cai 8,7% em Goiás e 2,85% no Brasil

Diário da Manhã

Publicado em 1 de julho de 2016 às 01:27 | Atualizado há 9 anos

Desde 2014 está havendo redução de oferta de leite no Brasil, onde a produção caiu 2,85% no período

Uma nota surpreendente, que interessa aos consumidores de leite, foi apresentada, ontem, pela Comissão de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Desde 2014 está havendo redução de oferta de leite no Brasil, onde a produção caiu 2,85% no período. De janeiro a março deste ano a queda foi de 8,38%. A causa apontada pelo “desestímulo dos produtores” se deve aos “baixos preços praticados”. Se os preços pagos pelos consumidores no mercado varejista, sobretudo nas redes de supermercados, alcança níveis de R$3,81, os produtores recebem em média R$1,07 por litro.

Em Goiás, essa redução foi maior do que no País, atingindo 8,7%, há dois anos. Segundo Edson Novais, gerente técnico e econômico da Faeg, “só nos primeiros três meses de 2016 a queda já foi de 6,5%”. Pela sua estimativa para este ano, a perspectiva é pior do que em 2014. Na época, os produtores tiveram que abater matrizes para cumprir os compromissos financeiros.

Uma reunião de emergência foi realizada, ontem à tarde, pela Comissão de Leite da Faeg, presidida por Antônio Pinto. Estiveram reunidos e demonstrando preocupação com o atual quadro os produtores de leite dos municípios de Bela Vista de Goiás, Ipameri, Jussara, Doverlândia, Itumbiara, Goiatuba, Varjão, Piracanjuba e Itaberaí. Outros assuntos também foram abordados, como a criação de um fundo para erradicação da tuberculose, falta de energia elétrica no meio rural prejudicando a refrigeração do leite in natura.

Entressafra

Com o início do período de entressafra, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) se reduziu expressivos 7,35% de fevereiro para março. Esta foi a maior queda na captação dos últimos nove anos, segundo a série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, confirmando a questão levantada, ontem, pela Comissão do Leite da Faeg. Além do período de entressafra, muitos produtores já estavam adiantando a secagem das vacas em meses anteriores, o que limitou ainda mais a oferta de leite em março. Entre os Estados acompanhados na pesquisa, Minas Gerais registrou a maior queda na captação, de 8,8%, seguido por Goiás (8,36%), Paraná (7,66%), São Paulo (7,43%), Bahia (6,25%), Rio Grande do Sul (5,45%) e Santa Catarina (4,75%).

A Comissão do Leite contesta as alegações de que a alta do preço do milho seja o principal responsável pela queda da produção e do consequente aumento dos seus preços no mercado. “Até porque essa queda é anterior ao aumento nos preços do milho”, observa. E Edson Novais chama a atenção para outro fator: o produtor de leite é tomador de preços, quem determina os preços é o mercado que é repassado pelas indústrias. Os produtores concordam, no entanto, que a produção tem sido afetada pelas adversidades climáticas, sobretudo excesso de chuvas e geadas no Sul. Este fator  contribui para reduzir a oferta de leite no mercado nacional.

Cepea confirma baixa

A média Brasil está 15% maior que há um ano. A baixa produção no campo, devido ao período de entressafra, segue impulsionando os valores de leite. Em maio, o movimento de alta foi verificado em todos os Estados acompanhados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

O preço do leite recebido pelo produtor (sem frete e impostos) teve alta de 4,5% de abril para maio, passando para R$ 1,1571/litro na “média Brasil” (que pondera o valor pelo volume captado nos Estados de Baia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). Esse valor está 14,3% maior que o de maio de 2015, em temos reais (valores deflacionados IPCA de abril/16). O preço bruto médio (com frete em impostos) foi de R$ 1,2654/litro, aumento de 15% frente ao de maio do ano passado, em termos reais.

O aumento na média nacional em maio foi influenciado pela valorização no Sudeste do País, principalmente em São Paulo (5,1%) e em Minas Gerais (5%), onde os preços líquidos passaram para R$ 1,1460/litro e R$ 1,1947/litro, respectivamente. Dentro da porteira, os elevados custos de produção, geadas no Sul do País e a tendência de migração de produtores de leite para o corte seguem desestimulando a produção.

Pouca oferta

A baixa oferta de leite continua aumentando a competição entre as indústrias pelos produtores, e levantamentos do Cepea junto a representantes de laticínios/cooperativas confirmam essa tendência também para os próximos meses. Os 71,8% dos agentes entrevistados pelo Cepea (que representam 77,3% do volume amostrado) acreditam em nova alta nos preços do leite, enquanto o restante (28,2%, que representam 22,7% do volume) acredita em estabilidade nas cotações – frente ao mês passado, houve aumento no número de colaboradores que estima estabilidade nos valores. Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços em junho.

O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve queda de 3,38% em abril, considerando-se os sete Estados que compõem a “média Brasil”. A região Sul registrou as maiores quedas na produção, de 6,97% no Rio Grande do Sul, de 6,12% em Santa Catarina e de 1,16% no Paraná. Para os próximos meses, a captação deve começar a se recuperar no Sul do País, devido às forragens de inverno. Os demais Estados também tiveram queda de produção leite em abril; a menor delas, de apenas 0,47%, foi verificada na Bahia.

No mercado atacadista de derivados do Estado de São Paulo, os preços continuam registrando altas quase que diárias, puxados pela diminuição da oferta e pela melhora da demanda comparativamente aos meses anteriores. A média de maio (até o dia 30) do leite UHT está em R$ 2,9250/litro, 6,88% superior à de abril. A muçarela registra média de R$ 16,01/kg neste mês, superando em 4,2% a do mês anterior.

 

 

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