Cotidiano

Ônibus elétricos só serão pagos quando Enel der estrutura, diz secretário

Redação DM

Publicado em 23 de abril de 2025 às 22:10 | Atualizado há 10 horas

A falta de pagamento de 175 ônibus entregues pela Mercedes-Benz à cidade de São Paulo tem relação direta com a falta de infraestrutura fornecida pela Enel para abastecer garagens, explicou a prefeitura.
Pagamento dos veículos está diretamente condicionado ao funcionamento dos ônibus. O secretário de Transporte e Mobilidade Urbana de São Paulo, Celso Jorge Caldeira, explicou ao UOL que os contratos preveem que o pagamento só seja feito quando os ônibus estiverem carregados e prontos para servir a população.
“Se alguém comprou um ônibus que não tem fonte de alimentação e, portanto, está parado, esse ônibus não tem autorização para ser faturado”, disse Celso Jorge Caldeira, ao UOL.
Venda de ônibus é uma “negociação entre privados”. O secretário explicou que a prefeitura não participa da negociação entre as concessionárias que compram os carros e as fabricantes. O papel do órgão municipal, explica Caldeira, é dar o dinheiro para a compra a partir de um empréstimo que a cidade tem junto ao BNDES.
Veículos vendidos pela Mercedes-Benz ainda não são considerados parte da frota. Nos primeiros quatro meses de 2025, a prefeitura anunciou a entrega de 226 ônibus elétricos. Os 175 veículos que ainda não foram pagos não fazem parte dessa conta. “Esse número poderia ser muito maior se a Enel estivesse cumprindo a sua obrigação de fornecer energia nas garagens para carregamento dos ônibus”, afirmou o município em nota.
“A Enel não disponibilizou energia para essas garagens que compraram esses 175 ônibus. Imagino eu que eles tinham a perspectiva de que a Enel fornecesse a energia em tempo, e ela não forneceu em tempo”, disse Celso Jorge Caldeira, ao UOL.
Reuniões semanais são feitas entre concessionária e representantes da prefeitura. O secretário explicou que a prefeitura tenta apressar o cronograma de instalação e que há uma “certa insatisfação” com a velocidade em que o processo anda. A prefeitura também analisa outras formas limpas de abastecer os ônibus da cidade.
O QUE DIZ A ENEL
Responsabilidade pela compra dos ônibus é das operadoras, diz Enel. Contatada, a empresa disse que a responsabilidade pela aquisição dos veículos é das operadoras de ônibus. Disse ainda que entregou, desde 2024, infraestrutura com capacidade correspondente a 32,3 MW. A empresa não especificou quantos veículos a infraestrutura é capaz de carregar.
“A obra de infraestrutura externa das garagens é realizada pela Enel, seguindo critérios regulatórios, enquanto as obras internas são de responsabilidade dos operadores”, disse a Enel, em nota.
Cada caso exige tempo diferente de instalação, diz empresa. A distribuidora afirma ainda que o tempo depende “da complexidade e tamanho do projeto” e que os contratos são assinados apenas após “a apresentação de projeto e documentação necessários para a viabilidade da obra”.
ENTENDA O ENTRAVE
Mercedes-Benz aguarda pagamento de R$ 300 milhões. O dinheiro é referente a cerca de 175 ônibus elétricos encomendados em 2024 pela prefeitura. No contrato de fornecimento dos ônibus, está previsto que o pagamento só seja repassado quando toda a infraestrutura de abastecimento seja entregue.
Modelo de subvenção precisa ser revisto, afirma representante da Mercedes-Benz. “Não existe vínculo entre os fabricantes de chassi e a fornecedora de energia e de infraestrutura”, disse Walter Barbosa, vice-presidente de Vendas e Marketing. A empresa sugere que cada fornecedor receba conforme entrega a sua parte no contrato, ou que multas sejam previstas em caso de atraso.
A infraestrutura de carregamento dos ônibus é fornecida pela Enel e ainda não ficou pronta. Para garantir o abastecimento de uma grande quantidade de ônibus, é necessário levar linhas de média e alta tensão às garagens das operadoras de ônibus, diz a Mercedes. Com a rede comum, de baixa tensão, é possível carregar apenas algumas dezenas de ônibus, caso contrário há risco de comprometer o fornecimento de energia da cidade.
Sem a infraestrutura para abastecer, parte dos ônibus elétricos comprados está parada. Com isso, há risco de danos aos equipamentos, uma vez que as baterias não devem ficar paradas por muito tempo. “O elétrico é quase um produto perecível, não deixar parado em estoque, porque está contando vida da bateria”, diz Barbosa.

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