A procuradora Carla Fleury de Souza, do Ministério Público de Goiás (MP-GO), criticou o salário de promotores que ganham R$ 30 mil e alegou que o valor é incompatível com o custo de vida dos mesmos. No entanto, a própria procuradora já recebeu remuneração de R$ 72,2 mil em dezembro de 2022. As informações são do G1.
Além do seu salário, a procuradora também recebe um auxílio-alimentação no valor de R$ 1.210,00, bem como um auxílio saúde. No mês de dezembro de 2022, o total desses benefícios somou R$ 4.704,11. Nesse mesmo mês de dezembro, considerando todos os adicionais, Carla teve um rendimento bruto de R$ 92.016,37, sem qualquer retenção por teto constitucional.
No entanto, após a contribuição previdenciária no valor de R$ 5.053,36 e o recolhimento de Imposto de Renda no montante de R$ 14.734,02, o salário líquido de dezembro foi de R$ 72.228,99.
Carla criticou o salário de PROMOTORES
Na terça-feira (29), durante a 5ª sessão ordinária do Conselho de Procuradores da Justiça (CPJ) em Goiânia, Carla acabou tendo repercussão na Internet ao dizer que o salário de um promotor não é o suficiente para cobrir os custos de uma família.
“Eu tenho dó dos promotores que estão iniciando aqui a carreira. Promotores que têm filhos na escola, porque o custo de vida é muito caro”, disse.
Carla ainda expressou gratidão pelo fato de seu marido trabalhar de forma “independente” para sustentar a família, permitindo-lhe usar seu próprio salário para satisfazer suas “vaidades”. De acordo com dados do Portal da Transparência do Ministério Público, em abril deste ano, a servidora recebeu um salário bruto de aproximadamente R$ 54 mil, resultando em um salário líquido de R$ 39,5 mil.
“Pensemos nos promotores. Eu sou uma mulher. Graça a Deus meu marido é independente, porque eu não mantenho minha casa. Meu dinheiro é só pra eu fazer minhas vaidades. Só para os meus brincos, minhas pulseiras e meus sapatos”, exemplificou Carla.
Durante um dos concursos realizados pelo órgão em 2021, o cargo de promotor substituto foi anunciado com uma remuneração inicial de R$ 28,8 mil. Para os aprovados no concurso, os promotores substitutos passaram a receber a partir de R$ 31 mil.
O Ministério Público emitiu uma nota esclarecendo que a declaração em questão é de “cunho pessoal” e que não reflete o posicionamento oficial da instituição.
Quem é Carla Fleury
Carla Fleury é filha de Carlos de Souza, ex-procurador-geral de Justiça, que durante o início da carreira como promotor, a família enfrentou várias dificuldades. Segundo informações fornecidas pelo próprio órgão, Carlos de Souza ingressou no Ministério Público em junho de 1966 e se aposentou em abril de 1984.
Para o G1, Carla Fleury relatou que seu pai costumava descer ladeiras com o Caravan em ponto morto para economizar gasolina. Além disso, Carla lamentou que seu pai teve que se aposentar para poder atuar como advogado e pagar as despesas escolares da família, que estavam atrasadas há seis meses. Ela compartilhou sua tristeza ao mencionar que seu pai solicitou a aposentadoria no dia em que completou o tempo de serviço necessário.