Professores do Paraná encerram greve que tirou 49 dias de aula dos estudantes
Redação
Publicado em 10 de junho de 2015 às 02:43 | Atualizado há 10 anos
Em greve há 46 dias, os professores da rede de ensino do Paraná decidiram, ontem, voltar às aulas. A maioria dos professores da rede estadual de ensino presentes na assembleia convocada pela APP-Sindicato decidiu pelo fim da paralisação na rede estadual, iniciada em 25 de abril. No momento da votação, o coro de “Eu tô na Luta” foi mantido. Cerca de 60% dos professores votaram pelo fim da paralisação.
Os estudantes perderam 29 dias letivos. No início do ano, uma primeira mobilização já havia paralisado as atividades por quase um mês. A mobilização com representantes de todo o estado ocorreu em um estádio de futebol de Curitiba. A greve atingiu aproximadamente 1 milhão de alunos em todo o estado, matriculados em cerca de 2,1 mil escolas da rede.
O Executivo estadual ofereceu 3,45% de reajuste, em parcela única, no próximo mês de outubro, para todos os servidores, referentes à inflação entre os meses de maio – quando ocorre a data-base dos professores – e dezembro de 2014. Em janeiro de 2016, os servidores devem receber novo aumento, com a inflação acumulada em 2015, mais um ponto percentual. A mesma medida deve ser tomada em janeiro de 2017.
A categoria pede 8,17% de aumento na data-base, além da garantia de que as faltas não serão descontadas na folha de pagamento. As duas greves dos professores já consumiram 49 dias letivos, segundo o governo, desde o início do ano. Pela Lei de Diretrizes e Bases, que regulamenta a educação no Brasil, as escolas devem cumprir pelo menos 200 dias letivos.
SEGUNDA GREVE
A segunda fase da greve dos professores paranaenses começou em 25 de abril. Eles decidiram cruzar os braços, depois de o governo reenviar projeto de lei à Assembleia Legislativa, propondo mudanças na Previdência dos servidores estaduais. Os professores foram contrários, argumentando que a medida colocava em risco a sustentabilidade da Previdência estadual.
Para protestar contra as mudanças, os professores acamparam no Centro Cívico, em Curitiba, onde fica a Assembleia Legislativa e a sede do governo do Paraná. No dia 29 de abril, os deputados estaduais decidiram votar o projeto. Para dispersar os manifestantes que se reuniram em frente ao prédio da assembleia, a Polícia Militar (PM) usou balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e cães. A ação deixou mais de 200 pessoas feridas. O projeto de lei foi aprovado e sancionado pelo governador Beto Richa menos de 24 horas após o protesto.
Depois da operação da polícia, o secretário de Educação, Fernando Xavier, envolvido na negociação com os professores, pediu demissão. O secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, e o comandante-geral da PM, coronel Cesar Vinicius Kogut, também pediram exoneração do cargo.
O Ministério Público do estado e o Ministério Público Federal investigam se houve abuso dos policiais durante o protesto. O governador Beto Richa afirmou, em comunicado nas redes sociais, que a violência foi “lamentável sob todos os lados”.
A primeira etapa da paralisação, de fevereiro para março, ocorreu quando a Assembleia Legislativa do Paraná votaria um conjunto de medidas propostas pelo governo estadual para reduzir despesas e gerar receitas. Funcionários públicos estaduais ocuparam o plenário da Casa, até que o Executivo retirou os projetos e se comprometeu a não apresentar qualquer medida que suprimisse direitos dos servidores públicos.