Em entrevista ao canal ‘My News’, o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), fez elogios ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e sugeriu que o goiano é um quadro viável para a disputa ao Planalto nas próximas eleições, sobretudo pelas qualidades demonstradas na gestão de Goiás. A referência a Caiado se deu quando Ciro foi questionado sobre os possíveis postulantes pelo campo da direita à presidência da República em 2026, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“É um belo de um cara, eu conheço mais de perto: um médico, tem espírito público, é um bom administrador. Já foi candidato a presidente lá atrás e tal. [Durante a pandemia] Ele foi pela vacina, foi pelo isolamento social. (…) Mas é um quadro, acho que é um quadro”, explicou.
Ciro diz que os governos de Lula da Silva (PT) – especialmente este pela longa permanência governando o Brasil, incluindo seus dois governos e o de Dilma Rousseff – e de Bolsonaro não enfrentaram com o vigor necessário a dependência do País a um cartel de rentistas – os cinco maiores bancos brasileiros controlam 80% do sistema bancário – que “engolem” nada menos de R$ 800 bilhões anualmente sob forma de amortização de dívida e pagamento de juros. Enquanto isso para financiar todo o sistema público de saúde do Brasil, o governo gasta em torno de R$ 219 bilhões anuais para atender uma população de 215 milhões de habitantes.
O ex-ministro da Fazenda fez uma análise sobre a história, economia e política, destacando as principais as mazelas da economia brasileira, como a alta diária dos preços dos alimentos e o aumento da violência, que assola a população em todo o País. Falou também da inversão das discussões sobre nossa realidade ao indagar: “Faz duas semanas que se discute no Brasil apenas aborto e equilíbrio fiscal. Será se realmente é isso que é prioridade para o povo?”.
Críticas
Neste contexto, Ciro Gomes critica os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (São Paulo), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que são cotados para herdar o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro. Sobre o gestor paulista, o candidato à Presidência pelo PDT nas eleições de 2022 cita alguns posicionamentos próximos ao bolsonarismo, como a solidariedade prestada ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Já Zema é caracterizado como o “fim da picada”.
O político cearense também criticou o comportamento da primeira dama Janja da Silva e diz que o “janjismo”, termo criado por ele e que se refere à militância aguerrida da esposa do presidente, irá atrapalhar o desempenho da esquerda nas eleições municipais. Ciro aposta que a economia pesará contra Lula em 2026.
“Pelo movimento da economia, a população vai votar contra o governo e pela guerra cultural, o janjismo, vai perder a eleição o governo. Não vai perder 2026, vamos acompanhar as eleições municipais nas capitais brasileiras, que são uma pista nos grandes centros”, avalia.
Esta não é a primeira vez que Ciro faz críticas públicas a Janja. No mês passado, em seu perfil no X (antigo Twitter), o ex-presidenciável questionou a postura do Palácio do Planalto em relação as fake news da tragédia no Rio Grande do Sul, e envolveu a primeira-dama numa polêmica de ataques a uma pesquisadora nas redes.
Cyro Peres: “Atitude republicana de Caiado garante autonomia do MP”
Durante evento de inauguração da sede das promotorias de Justiça de Planaltina, no Entorno do Distrito Federal, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Cyro Terra Peres, fez um contundente discurso para ressaltar o comportamento republicano que o governador Ronaldo Caiado tem dispensado ao Ministério Público goiano e aos demais poderes independentes do estado. Segundo Terra, Caiado age com total respeito à instituição, fato que tem garantido a plena autonomia e independência do Ministério Público.
“Gosto sempre de agradecer o governador em público e dizer do respeito que ele tem pelo Ministério Público, porque não é um respeito apenas de discurso, é um respeito que garante plenamente a nossa autonomia e a nossa independência. É o respeito de quem repassa todos os recursos orçamentários para que o Ministério Público possa funcionar com total liberdade”, frisou.
Harmonia e diálogo
Cyro Terra ressaltou, ainda, que, desde a ascensão de Ronaldo Caiado ao governo de Goiás, nunca houve situações em que os poderes independentes de Goiás, entre eles o MP-GO, precisassem pedir, ou dialogar nesse sentido, “porque o governador sabe quais são as necessidades e a importância da nossa instituição”, lembrou.
Para ilustrar o comportamento republicano do governador, o chefe do Ministério Público goiano narrou uma situação ocorrida quando Caiado visitou a instituição e recebeu o agradecimento do diretor-geral do órgão, servidor há quase duas décadas, pelos repasses em dia do duodécimo ao Ministério Público.
“Ao ouvir o agradecimento do nosso diretor-geral, o governador Caiado se assustou, e disse assim: ‘uai, mas não tá escrito na Constituição que o repasse tem que ser feito todo mês?’. Aí, nosso servidor respondeu: ‘Sim, mas ninguém antes do senhor nunca repassou. Nunca! Usavam como moeda de troca para submeter o procurador-geral e o Ministério Público a interesses inconfessáveis’. O governador nem sabia disso, porque para ele é tão natural fazer o que é certo, que nem precisava dizer”, contou o PGJ.
Cyro Terra termina sua fala dizendo que é preciso fazer esse reconhecimento público, porque, de acordo com ele, a atitude do governador Ronaldo Caiado, ao garantir a independência dos órgãos autônomos de Goiás, garante também a construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais segura.