Pela legislação brasileira, uma pessoa é considerada adulta quando completa 18 anos e passa a responder pelos seus atos. Para lembrar a importância dessa transição, foi criado o Dia do Adulto, celebrado em 15 de janeiro, em contraponto ao Dia da Criança. Mas, apesar de todos os conselhos e ensinamentos, crescer não é uma tarefa fácil.
Se tornar adulto é aprender a fazer boas escolhas, pegar as rédeas, assumir a responsabilidade e lidar com as consequências; sabendo que nada é 100% bom e nada é 100% ruim também. É necessário aprender que as perdas e os ganhos, os erros e acertos, os sentimentos bons e ruins fazem parte do pacote da vida e podemos ser felizes assim mesmo”, afirma a psicóloga Vanessa Vilela.
Psicóloga Vanessa Vilela
Para a vendedora Lorrane Gabriele da Silva Camargo, de 26 anos, a vida adulta é um choque de realidade. "É quando começa a ser você por você mesma. Com ela, chega as responsabilidades, obrigações e você tem que levantar da cama todos os dias como se tivesse bem e seguir", afirma.
Vendedora Lorrane Gabriele
Segundo a jornalista Ana Carolina Tavares, de 26 anos, a maior dificuldade da vida adulta é ter que dar conta de tudo sem poder reclamar. É uma etapa que quando criança sonhamos para que chegue logo, mas quando chega, queremos voltar, pois aumentam as responsabilidades e cobranças e às vezes nem podemos errar, porque um passo errado pode atrapalhar tudo", pontua.
Jornalista Ana Carolina
A psicóloga Michelle Branquinho explica que as vezes é preciso olhar para dentro e buscar nossa essência, lembrar de quem nós fomos um dia para entender e resolver a nossa vida no presente. Para ser um adulto saudável, é necessário se reconectar com sua criança interior e descobrir o que está acontecendo com o seu corpo, suas emoções, seu espírito.
Mas, o que é um adulto saudável?
Um adulto saudável, segundo Michelle, está em sintonia com a nossa criança saudável, com as forças que estão em sintonia dentro de nós. Um adulto saudável nos ajuda a pensar, sentir, agir de uma maneira singular sem comparações e julgamentos com os outros. É aquela integridade do nosso eu que todo ser humano tem.
Por outro lado, existem aqueles adultos infantilizados que está totalmente ligado a criança interior ferida e, muitas vezes, essa criança foi esquecida, abandonada e vive uma mentalidade as vezes de escassez.
psicóloga Michelle Branquinho
"Essa insatisfação, essa dor, esses problemas que ela vive, a impedem de viver uma vida plena e consequentemente ser um adulto não saudável. E por que isso acontece? Primeiro precisamos entender o que é a criança interior", explica.
Entendendo a criança interior
Feche os olhos e lembre-se de você criança. Quando você se imagina criança, o que essa criança te diria? Nós conseguimos, atingimos nosso objetivo, estamos bem? Ou ela te diria, nossa vida não evoluiu, não está nada bem?
Assim, conforme Michelle, você começa a entender o que é uma criança interior e como está sua criança interior, se ela é uma criança ferida ou se ela é uma criança saudável.
"Uma pessoa autenticamente feliz, sempre quer deixar sua contribuição no mundo e essas pessoas são agentes de transformação. Quando a criança é ferida, ela se torna aquele adulto infantilizado e que, muitas vezes, cobra mais do mundo do que oferece", esclarece a psicóloga.
Para vencer isso, Michelle afirma que o primeiro passo é buscar autoconhecimento porque a nossa história fala muito de nós e mostra quem somos. Então a gente precisa se conhecer. Depois vem o passo de autoconsciência, de olhar e falar, poxa minha criança foi ferida e eu trago marcas dessas feridas no dia a dia.
"Por exemplo alguém que viveu escassez de alimentação na infância, muitas vezes tem uma tendência à compulsão alimentar porque não consegue viver sem e precisa sempre mais, devido aquela sensação da falta", destaca.
Para Michelle depois que você tem autoconsciência, seguido das escolhas, do autodesenvolvimento, você sabe o que precisa desenvolver e começa a se livrar dessas crenças que inconscientemente, muitas vezes, te transforma e assim você acaba se adaptando a isso.
Crescer ou não crescer?
Existem pessoas que não querem crescer, com medo das responsabilidades que a vida adulta carrega. Vanessa Vilela explica que é mais fácil culpar os outros, as circunstâncias externas e se colocar em uma posição de vítima, esperando que o mundo traga o que a gente precisa.
Os irmãos Maria Alice, de 10 anos, Fernanda, de nove anos e Samuel, de sete anos, não estão entre os que não querem crescer, pelo contrário, eles já decidiram o querem ser e até têm um adulto preferido, a mãe.
Fernanda, Samuel e Maria Alice
"Quando eu crescer quero ser médica. Meu adulto preferido é minha mãe porque ela é a pessoa que sempre cuidou da gente. E sempre esteve aqui quando precisamos. Nas horas de necessidades ela estava lá e até deixava de comer para alimentar a gente. Nunca nos abandonou", explica Maria Alice.
"Quando crescer quero ser cirurgiã. Meu adulto favorito é minha mãe porque ela cuida da gente até hoje e nunca nos deixou passar fome. Sempre nos educou e por isso amamos muito ela", diz Fernanda.
"Quando eu crescer quero ser bombeiro. Meu adulto favorito é a mamãe porque ela nos criou e eu amo muito ela", afirma Samuel.
Vanessa diz que ser adulto é aprender a se relacionar com você mesmo. Quando olhamos, acolhemos e damos atenção para a criança e para o adolescente que trazemos conosco, fica mais fácil de nos tornarmos adultos.