Home / Cultura

CULTURA

Lente Aberta: um olhar de sensibilidade nas lutas

Quando se pensa na rua, na ideia subjetiva do que representa esse espaço urbano feito de lama asfáltica, pedras, postes, prédios, pessoas e paralelepípedos, talvez não nos ligamos diretamente nos conflitos e esperanças que ela representa. Nas ruas, os carros, carroças, carretas, caminhões, caminhos e corações se encontram. Em uma sociedade onde os interesses são diversos, os conflitos são inevitáveis. E nem sempre tem alguém disposto a ouvir ou resolver esses conflitos, existem momentos em que somente as ruas vão te ouvir.

“Ela é mais que o asfalto onde eu piso, ela é o caminho que nos leva à liberdade, quando os povos oprimidos a conquistam, é a parte mais bonita da cidade. Não é dos chefes, nem dos patrões, não é uma posse, não é um bem, nem dos estados, nem das nações, ela é de todos, porque não é de ninguém.” O hino às ruas, talvez exemplifique de forma lúdica o sentimento de solidariedade e união de classes que a fotógrafa Carolina Carmela tentou traduzir em belas imagens ao redor do Brasil. Carolina é estudante de História, tem 21 anos e esteve presente em alguns momentos de conflito urbano e rural, onde fez os registros das imagens abaixo.

Nessa edição da Lente Aberta, Carmela registrou o contraste da fina arquitetura dos anos 30 de Porto Alegre com a efervescência política das bandeiras e barricadas. As barracas de lonas e os seres humanos dentro de suas afetividades que residem nesses pedaços de plásticos, sonhos e esperanças.

CONFIRA ALGUMAS FOTOS E UM TEXTO DA AUTORA: 

“Mesmo sem saber, todo dia a gente tá lutando por alguma coisa”: essa é uma das frases do filme Uma história de amor e fúria, que mostra a luta cotidiana daquelas pessoas que não se deixam levar pela acomodação e pela preguiça; aquelas que de alguma forma buscam justiça e liberdade. Sinto-me satisfeita quando vou a algum ato (leia-se ‘ato’: uma manifestação, seja ela qual for, seja uma ocupação, de qualquer espaço, seja de apresentações artísticas de gente de luta), pego minha câmera e registro aquilo que o povo sente vontade de gritar diariamente.

Tiro fotos por me sentir útil naquilo que tento fazer. Mesmo sendo a amadora que sou, tento registrar certos momentos para poder usá-los em prol de algo ou simplesmente pelo fato de narrar o que ocorreu. Afinal, como não é fácil construir uma luta, é necessário que algumas pessoas a divulguem. A mídia, independente para mim, é um meio que ajuda muito quando se é usada corretamente. As imagens dos trabalhadores, dos manifestantes e das movimentações são de grande necessidade a meu ver, ajudam a construir algo concreto.

Não quero que as pessoas olhem para as minhas fotos com um olhar de desdém ou com o intuito de reprimir, quero que minhas fotos sejam de real serventia um dia e me empenho para que esse dia não demore a chegar. Desde a invenção da fotografia, esse meio foi usado como documento histórico e quero contribuir com isso.”

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias