O ator, diretor, roteirista e músico (que exerce ainda inúmeras funções em cinema autoral e cultura pop) Vincent Gallo nasceu em Buffalo, Nova York. Hoje ele completa 53 anos. É filho de imigrantes que vieram da Sicília, Itália, e trabalhavam ambos como cabelereiros. O artista considera-se, em suas próprias palavras, “um radical, mas um radical extremamente conservador”. Gallo começou a se interessar por arte desde cedo, mas veio desenvolver melhor esse lado quando foi expulso de casa, aos 16 anos.
Apesar de já ter participado como ator em papéis pequenos de vários filmes de alta visibilidade, como Godfellas, de Martin Scorsese, e ter estrelado Tetro, de Francis Ford Coppola (renomado diretor da série de filmes O poderoso chefão), Gallo tem seu nome vinculado principalmente ao cinema independente. Essa associação se dá principalmente por seus trabalhos autorais: dois filmes de maior, e outros fragmentos e projetos de menor divulgação.
Obra
A carreira de Vincent Gallo pode ser dividida basicamente em três momentos. O primeiro foi o lançamento do filme de estreia como diretor: Buffalo 66’. O longa-metragem lançado em 1998, que estrela o próprio diretor no papel principal, ao lado da atriz Christina Ricci, virou um dos maiores símbolos do cinema independente da década de 1990.
No filme, Gallo segue a mesma linha de produção de grandes realizadores, como John Cassavetes e Jim Jarmush, que desempenham inúmeras funções na realização dos filmes. Desde a concepção à edição. Da atuação à trilha sonora. Através de cenas pitorescas de família e histórias infantis reprimidas que definem personalidade, a história do ressentido Billy Brown encantou apreciadores da sétima arte de todo o mundo, e criou inúmeras expectativas sobre o nome de seu diretor.
Buffalo 66’
A história gira em torno de um ex-presidiário que sai da prisão em busca de vingança. Apesar de seguir esse eixo, o que chama a atenção no filme são os momentos cotidianos secundários: o jogo de boliche, o encontro com a família, a busca por um local para urinar fora da cadeia. Outro ponto de sustentação do longa é o estranho e agressivo romance que o protagonista desenvolve com Layla, que no primeiro momento a sequestra e faz dela sua refém.
A trilha sonora do filme foi outro acerto de Gallo. Foram usadas canções de grandes bandas do rock progressivo britânico, como Yes e King Crimson, além de canções acústicas de autoria do próprio Vincent. O filme concorreu na categoria melhor primeiro trabalho, do renomado prêmio Independent Spirit Awards, sediado na cidade de Santa Mônica, Califórnia.
The Brown Bunny
Pronto para dar continuidade ao seu trabalho, Vincent Gallo, dessa vez sob os holofotes da mídia e dos fãs de cinema autoral, inicia a missão de produzir o substituto de Buffalo 66’. Para essa tarefa, recrutou a atriz Chlöe Sevigny, figura marcante do cinema independente americano da década de 1990, que estrelou filmes como Kids (1995), de Larry Clark, Vida sem destino (1997), Julien Donkey-boy (1999), de Harmony Korine e Dogville (2001), de Lars Von Trier.
Foi a própria Chlöe a protagonista de uma das cenas que marcariam para sempre a própria carreira e a de Vincent Gallo. O filme conta com uma cena de sexo oral não simulado entre a atriz e o próprio Vincent. A cena chocou pelo realismo os espectadores do renomado festival de Cannes, e gerou comentários moralistas extremamente negativos, que fizeram com que Vincent Gallo desistisse de submeter qualquer outro de seus filmes a festivais e a qualquer âmbito de crítica.
Chlöe Sevigny saiu em defesa de Vincent Gallo contra todos os críticos do realismo sexual no cinema, dizendo que o contexto do filme justifica a cena, e que não se tratava de algo apenas chocante. O diretor decidiu se retirar por tempo indeterminado do cinema, voltando apenas sete anos depois para produzir o longa Promessas escritas na água, de 2010, que teve pouquíssimas exibições públicas por escolha do próprio Gallo. Até hoje pouca informação se tem sobre o filme, mesmo na internet.