Já imaginou se as fotos tivessem legendas, pensamentos ou fossem traduzidas em poesia? Nesse sentido a artista Sarah, de 23 anos, natural de Brasília e que atualmente vive em Buenos Aires, criou o conceito da página Polaroids Falsas. Com escritos em português, outros em espanhol, a ilustradora que também produz a página Sahr (com quase 8 mil curtidas), projetou situações e sentimentos cotidianos e universais, que de forma simples qualquer um possa se identificar.
A artista combinou nanquim e fotografias (não só pelas polaroides, mas na forma de expor), gerando aquela sensação de nostalgia, ao se ver uma velha lembrança em preto e branco. O DM Revista, fez uma conversa exclusiva com a ilustradora.
ENTREVISTA
DMRevista — Como e quando começou a desenhar?
Sarah — Quando criança eu era muito próxima de um tio que pintava, fazia restauração e colecionava arte. Ele tinha umas pastas com uns originais em nankin de uma amiga japonesa que deixou isso pra ele, um dia eu achei esses desenhos e comecei a copiar olhando e acho que partiu daí.
DMRevista — Você tem alguma referência ou influência na área do quadrinho?
Sarah — Eu sempre me inspirei muito nos quadrinhos que eu lia quando criança e mais tarde nos nomes que eu descobri pela internet, como Junji Ito e Hideshi Hino. Mas hoje minha inspiração vem toda das pessoas que estão produzindo ao meu redor, do universo da produção independente e das minas que publicam na internet.
DMRevista — Quais são suas principais inspirações, motivações e pautas?
Sarah — Sempre falo do que conheço ou sinto, na Polaroids eu só desabafo e divido coisas que eu sinto ou já senti. Na minha página principal (facebook.com/lesahr) eu costumo falar muito da minha vivência como mulher no meio e de feminismo porque isso é parte do que eu sou. Sou a pessoa chata que sempre vai escolher falar de politica quando sai com os amigos.
DMRevista — Como foi a criação da sua page no Face, que hoje conta com quase duas mil curtidas?
Sarah — A página partiu de uma ideia pra uma zine, eu queria muito compartilhar essas coisas que sempre escutei e nunca levei a sério, esses conselhos que depois de um tempo a gente se arrepende de não ter escutado, sabe? Porque a ideia também era que as pessoas me contassem delas, uma página pareceu mais simples e direto.
DMRevista — Qual o Feedback que recebe dos seus desenhos?
Sarah — Eu recebo muitas mensagens de gente dizendo que eu tô vigiando a vida deles haha e é sempre bom ver que tem gente se identificando não apenas com o teu trabalha mas com você, isso significa que ninguém tá só e que tem gente vivendo e sentindo no mesmo ritmo.
DMRevista — Qual a relação que você faz entre fotografia e o desenho?
Sarah — Eu acho que fotografar é a melhor maneira de guardar alguns momentos, a memória falha e vez em quando você precisa se agarrar em algo fisico pra lembrar do que passou/sentiu. Como o texto é quase sempre associado a algo que já vivi me pareceu natural que ele fosse colocado em ‘‘fotos’’.
DMRevista — Qual seria uma dica ou conselho para quem está começando na área?
Sarah — Eu me considero alguém começando também, mas acho que a gente tem que acreditar no que produz e colocar paixão em cada traço.
DMRevista — Para você qual a importância que a arte tem na transmissão de ideias e na transformação social?
Sarah — Acho que é a maneira mais rica e com mais ferramentas pra promover reflexão e catarse, uma música ou um desenho muitas vezes são capazes de tocar e mudar tudo dentro de alguém.
DMRevista — Quais outros trabalhos, artistas ou projetos nacionais na área de ilustração que você indicaria para os leitores?
Sarah – Eu sempre indico que as pessoas procurem as minas envolvidas na Zine XXX e aí já é um número considerável de gente incrível pra conhecer viu. Indico também a LoveLove6 que faz a Garota Siririca, a Laura que publica na Boobie Trap, Tailor (tailorgrrrl no facebook) e a 10H50.