Nessa edição da No Timbre, temos um pouco da história da cultura underground que se passa nos pequenos pub’s, bares, garagens e galpões da grande Goiânia. O cenário do metal, com todas suas vertentes, rege uma horda de vários grupos que seguem a risca o estilo sonoro, estético e visual dos grandes metaleiros que tiveram o auge nos anos 80’.
Apesar de não rolarem grandes festivais especializados no estilo, Goiânia criou uma cena vasta e com nomes reconhecidos nacionalmente pelo som que fazem. Uma das hordas que mais representam essa história é a Heia. Com 15 anos de estrada, mudanças de formação e alguns CD’s e agora mais recentemente LP’s gravados, o grupo tem uma legião de fãs pelo País. Atualmente é formada pelo Místico – contrabaixo e vocal, Azhazel na guitarra e Belphegor.
Mantendo a estética, com pintura corporal e braceletes de spike por todo o canto, roupas pretas e correntes. Na page oficial da horda, temos na sessão interesses, uma só mensagem: “Matem os Cristãos.”
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Apenas ouvindo o som da banda que é possível descrever a sensação e a ambientação, que os caras passam nos riffs contínuos e nas batidas densas. O primeiro disco saiu em 2007, chamado Magia Negra. Depois em 2011, outro lançamento E no início..., que é a compilação de duas demos da horda, Oráculo de 2001 e Baphomet de 2003. No ano passado saiu o Ritos Noturnos e agora, em 2015, foi lançado um split em vinil, o sombrio Terror de Umbral.
A cena do metal segue girando e se movimentando de forma independente, com pequenos selos, estúdios e a comunicação verdadeiramente underground, pelas Zines e revistas caseiras que passam de mão em mão, levando crônicas, letras de músicas e resenhas de discos. Com a Heia não é diferente, em uma entrevista exclusiva com o membro fundador e vocalista da horda, Místico Cultus Cabalisticos, ele conta um pouco da trajetória do grupo, além de novos projetos que devem sair em breve.
DMRevista — Quando e como começou a banda?
Místico — Bom, primeiramente obrigado pela oportunidade, é um imenso prazer falar às páginas do Diário da Manhã. Eu montei a horda em 1999. E com o passar do tempo houve várias mudanças de formação, mas eu sempre me mantive firme, e com atitude e profissionalismo coloquei a horda no patamar em que está agora.
DMRevista — Quais as principais influências do grupo?
Místico — Bem, o black metal teve sua origem na década de 80 na Europa, então nós procuramos beber diretamente da fonte. E além de bandas da década de 80, ouvimos muitas bandas nacionais do estilo, como: Sarcófago, Mystifier, Ocultan, Vulcano.
DMRevista — Qual o significado do nome da banda “Heia”?
Místico — O nome é de origem grega. A escrita correta é com “R” daí fica Reia. Mas em 1999 eu achava que se eu mudasse o “R” para “H” poderia facilitar para fazer a logo da horda. Daí promovi a mudança.
DMRevista — No Brasil como um todo, principalmente em Goiânia, não se tem tantas bandas que seguem o estilo black metal, vocês pretendem criar um novo nicho de público?
Místico — Acredito que não há fronteiras para o black metal, e como já estou há 15 anos nessa estrada, posso lhe afirmar que temos um público sim, e que pretendo arrastar mais adeptos para o metal negro. E aproveitando o gancho, venho agradecer as hordas de Goiânia que são nossos parceiros como o Cheol, Imperius Profanus, Spiritual Carnage, Ressonância Mórfica, Death from Above, Sociofobia, In Dmominium etc..
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DMRevista — Além do som extremo e pesado, sobre o que vocês cantam nas letras da banda?
Primeiramente nossas letras são cantadas em português.
Falamos da escuridão, falamos de histórias que “eles” não ensinam nas escolas. A minha música é contra o livro mais violado e mais atrasado da história da humanidade, livro que é utilizado para controlar as mentes de pessoas pequenas (retardadas). A minha música é contra todo o tipo de religião. É contra o falso Cristo que é enfiado goela abaixo dessa nossa população medíocre.
DMRevista — Qual mensagem ou imagem vocês pretendem passar com a estética visual e sonora do grupo?
Místico — Bom, quanto ao Corpse Paint ele surgiu no final da década de 80 na Europa (mais precisamente na Noruega). As bandas naquela época se concentraram apenas em ser, ou realizar atos oposto à religião, então o Corpse Paint surgiu para contrariar a ideia do ser humano ser a imagem e semelhança de deus. Eu não sou, a sua imagem e semelhança. Quanto a sonoridade agressiva, ela já vem do estilo, assim como as letras agressivas e o vocal Bruxado. (Bruxado: vem das bruxas mesmo)
DMRevista — Nesses anos de carreira, qual foi a melhor e a mais inusitada experiência de vocês em shows ou turnês?
Místico — Olha, nesses anos todos aconteceram muitas coisas, por exemplo: já quebrei minha guitarra no palco após o término de um show em que tocamos; já fomos deixados em local de show sem lugar para ficar, devido a irresponsabilidade de produtores. Mas o que nos move são as pessoas que apoiam a horda, que compram materiais (Cds, discos, camisetas, patchs etc...), que vão aos shows, que pedem autógrafos e pedem para tirar foto etc...
Então isso acaba sempre tornando tudo muito gratificante.
DMRevista — Sobre o novo disco, por que apostar no vinil e como foi esse processo de produção?
Místico — Bom, esse é o primeiro de uma série de três, depois disso a gente vai se concentrar em um novo Cd. Toda horda do estilo, que tem a sua maior influência em hordas da década de 80, tem uma ligação muito forte com o vinil. Lançar em vinil era como seu eu me aproximasse do meu Mestre. É a minha Passagem para o Valhalla, entende. (Risos)
DMRevista — Quais os novos planos e caminhos da Heia?
Místico — Vamos sair em turnê depois do meio deste ano. Já estamos até divulgando locais e datas. E nesse meio tempo, vamos entregar as músicas para novo disco em agosto, e em dezembro a gente conclui o terceiro trabalho em vinil. Então temos muito trabalho a fazer.
DMRevista — Como você definiria em uma frase a banda de vocês?
Místico — Em uma frase eu não conseguiria, pois são muito anos. Mas vamos lá: “Somos uma horda de metal negro que agradece todas as pessoas que apoiam a horda de forma direta e indireta.”