A ideia já existia há anos. O trabalho árduo começou há meses. A maturidade veio no auge de quase duas décadas de existência. Tudo isso com o patrocínio da Petrobras que proporcionou à Cia de Teatro Nu Escuro dar luz a seu 14º espetáculo: Pitoresca. A estreia da peça será no dia 2 de julho no Centro Cultural UFG, integrando a programação Aldeia Diabo Velho.
Faltando um ano para completar 20 de vida, a Cia de Teatro Nu Escuro afirma sua existência com produções que refletem muitas sementes plantadas com suor de trabalho nessas décadas. Conhecida e reconhecida em todo o Brasil, ela nunca viajou tanto, sem deixar seu pé bem fincado em chão goiano. O novo espetáculo faz parte da trilogia “Goyaz”. Um trabalho de investigação cênica proposta pelo Cia Nu Escuro, que tem como objetivo olhar de forma crítica e poética para a formação do estado de Goiás. Pitoresca, dirigido por Hélio Fróes, é a terceira peça dessa trilogia, que começou com Plural (2012) e depois Gato Negro (2013).
O espetáculo Pitoresca é atuado por Adriana Brito, Eliana Santos, Izabela Nascente, Lázaro Tuim e Liomar Veloso. A peça tem como alicerce os relatos históricos e diários de viagens de cientistas e artistas que passaram por Goiás e pelo Brasil, principalmente no século XIX. Neste novo espetáculo o grupo, maduro, trabalha diferentes técnicas narrativas e de linguagem para impactar o espectador. Ele deve ficar entre o espanto e o riso ao se deparar com a interpretação da companhia para tratar de relatos históricos para falar do Brasil atual.
As estratégias são aquelas que a Companhia utiliza há anos e que estão cada vez mais aperfeiçoadas. “Foram anos de estudos e meses de montagens contando com diversos profissionais para dar o suporte aos atores e a equipe de criação. Aulas de corpo, viewpoints, canto, percussão, manipulação de bonecos foram a base para os atores e atrizes”, afirma Hélio.
Crítica à história brasileira
Pitoresca conta a trajetória de uma índia velha e grávida que observa a história do Brasil por mais de 400 anos. Ela presencia a formação das identidades brasileiras que foram construídas a partir dos olhares estrangeiros. Relatos de cientistas e artistas europeus, diário de um escravo africano, livros de viagens de piratas aventureiros que passaram pelo Brasil foram a inspiração para o texto. Para Hélio, eles “forjam um caleidoscópio quase psicodélico de olhares no alvorecer da globalização que escancaram as contradições do mundo moderno”, explica.
O espetáculo propõe uma tensão entre os relatos históricos e as contradições do mundo atual. Uma provocação bem humorada sobre nossa própria história e sobre o Brasil. “E esta provocação esta no texto e na estética da peça, que busca surpreender o espectador a cada cena, valorizando a experiência sensorial do público, para isso a peça trás música ao vivo, bonecos, video mapping, cenas performáticas para criar um elo com a plateia”, adianta Hélio.
Serviço
Estreia do espetáculo “Pitoresca”, Cia Nu Escuro
Local: Centro Cultural UFG
Horário: 20 horas
Ingressos: R$15 inteira e R$7,50 meia