Walacy Neto,Especial para DMRevista
Pensando pelo lado darwinista, ou seja, assumindo a teoria de que viemos de um ser simples e fomos evoluindo até a condição de mamíferos pensantes, olhemos uma determinada planta. Antes de ser planta, na escala evolutiva, trava-se de uma esponja do mar, que é um porífero do reino Animalia, sub-reino Parazoa. A diferença desta entre as outras era que a mesma tinha uma adaptação contra o sol: a esponja do mar produzia uma substância chamada Tetrahydrocannabinol (THC) que a defendia dos raios ultravioletas se a maré abaixasse.
Dessa esponja, apenas três espécies se tornaram uma planta, a maconha, sendo estas a cannabis índica, sativa e a rudelar (um tipo menos conhecido e que cresce de forma rasteira). “A cannabis, especificamente, desenvolveu esse THC para a proteção dos raios ultravioletas, porque é uma planta natural de regiões como China, Afeganistão e tal. Aí a maconha desenvolveu isso, não tem THC em nenhuma planta do mundo, existem outros canabinoides, mas THC não”, salienta um dos membros do coletivo Mente Sativa que organiza a Marcha da Maconha em Goiânia, Wilton Escafandrista.
As manifestações a favor da ligação da maconha tiveram início em 1998 com o entusiasmo do ativista Dana Beal. No Brasil, a primeira reação em prol da liberação do consumo de cannabis ocorreu no ano de 2006 e, segundo Wilton, não tinha a ligação direta com a maconha. Tratava-se de um ato a favor do consumo de produtos naturais e a discussão sobre a erva entrou no meio.
O Consumo
De acordo com Renato Costa, que escreve no blog Testemunhos de Já!, são diversos registros do uso da maconha pelo homem no decorrer da história. “Existem referências em livros chineses que registram o uso da maconha há 4500 anos e também em fósseis datados de dez mil anos”, diz. O uso da cannabis também podia ser em materiais básicos para a sobrevivência de algumas sociedades. “O óleo de cannabis substituía o óleo de baleia, os chineses usavam o caimo para acender a lamparina e outros serviços. Enquanto isso, os bárbaros japoneses matavam as baleias para o mesmo uso. É milenar a relação da cannabis com a ecologia, com o meio ambiente”, reitera Renato.
Ambos os entrevistados defendem o autocultivo da planta pelo usuário. Essa medida elimina o risco referente à procedência do produto, de acordo com o Wilton, que comprado na rua, de forma ilegal, pode conter substâncias “misturadas”. Com o plantio e o cultivo por conta do próprio consumidor, este saberá o que vai utilizar ao final.
Mas não se trata apenas a liberação do consumo da maconha, os ativistas defendem o regulamento dos consumos de drogas em geral, assim como os remédios. “Se você pensar no crack, por exemplo, que vem da folha da coca. Não se trata de regulamentar a droga em si, pois ela é um produto esta proibição. A partir do momento que você começa a regulamentar a folha da coca. Se você pensar quando se refere ao crack, por exemplo, que vem da folha da coca tem-se pessoas tendo o mesmo tipo de efeito, mas de uma maneira muito mais saudável, mais direta”, afirma Renato. A discussão continua e nesta sexta-feira, a partir das 16h20, começa a manifestação a favor da legalização da maconha. O encontro é na Praça Universitária e conta com 1400 confirmados no evento.