Poeta das noites e madrugadas solitárias, cantor das loucuras e viagens de toda uma geração. Pegou a agonia da existência, as incertezas da vida, os relacionamentos humanos e as próprias inseguranças enquanto artista e tornou acessível em poesias e refrões que ecoam décadas após sua morte, passando de geração em geração dos amantes da música. James Douglas Morrison, o eterno Jim, nasceu no final do ano de 1943, nos EUA. Filho de pais conservadores, ambos militares americanos, heróis da Segunda Guerra e patriotas natos. Foi durante sua infância, no Novo México, que forjou algumas das inspirações para sua música e poesia, com influência da cultura dos índios locais e batidas dos xamãs daquele povo. Também foi influenciado por Friedrich Nietzsche, cujas opiniões sobre a estética, moralidade e dualidade apolíneo e dionisíaco iriam aparecer em sua conversa, poesia e canções. Ele leu as obras do francês simbolista poeta Arthur Rimbaud, cujo estilo influenciaria, mais tarde, a forma de pequenos poemas em prosa. Ele também foi influenciado por Jack Kerouac, Allen Ginsberg (sendo o próprio Jim exemplo vivo da Beat Generation), Lawrence Ferlinghetti, Charles Baudelaire, Molière, Franz Kafka, Honoré de Balzac e Jean Cocteau, junto com a maioria dos filósofos existencialistas franceses.
Se formou na faculdade de cinema de Los Angeles, onde não fora muito bem aceito pelos projetos experimentais que produzia. Se envolveu com todo tipo de drogas, bebidas, misticismo e meditação. Até mesmo se apaixonou, sentimento esse que o acompanharia até o final de sua vida. Pam, uma jovem ruiva que cativou durante sua breve existência. Apesar de não manter o relacionamento de forma muito ortodoxa, o que trouxe muito sofrimento a pobre Pamela. Dizem que no auge dos controversos anos de 1969, chegou a se “casar com uma bruxa” em um ritual ocultista, regado a pó e sexo.
Quando fundou a banda The Doors, inspirada nas experiências psicodélicas de transcendência da mente humana com ritmos latinos e espanhóis misturados com destreza ao rock americano, Morrison enfim alcançou o estrelato. Tocou nas maiores arenas da América, fez turnês pela Europa, bebia com Hendrix e Joplin. Ganhou muito dinheiro e muita fama, era constantemente assediado por inúmeros fãs e jornalistas.
Morrison adaptou a alcunha de “Mr. Mojo Risin’”, um anagrama de “Jim Morrison” e que ele usou como refrão na música LA Woman no álbum com o mesmo nome e o último que gravou. Era também chamado de Lizard King – O Rei Lagarto. Uma das músicas mais marcantes do grupo está no primeiro disco, com mais de sete minutos de fritações de riffs e vocais e uma letra fatídica, The End é o prenúncio do que estava por vir, ao despertar do sonho dos anos 60. Morreu Joplin, morreu Hendrix e morreu em um dia 3 de julho Brian Jones, dos Rolling Stones, todos estrelas do rock, com a idade exata de 27 anos.
Depois de êxtase do sucesso do grupo nos Estados Unidos, do enorme assédio das fãs em seu culto especialmente ao cantor, dos altos e baixos causados pelo abuso de álcool e drogas, não foi à toa que Jim Morrison resolveu dar um tempo em Paris. A capital cultural europeia tinha muito mais a ver com suas aspirações poéticas e de vida. Mas, aquela altura, já era difícil encontrar o equilíbrio. Exatamente após dois anos da morte de Brian Jones, entrava para a lenda e para a história, com seus 27 anos, barbudo e um tanto solitário em Paris, Jim Morrison.
O Fim
Detalhes oficiais sobre a morte são que ele e Pam foram ao cinema numa noite de sexta-feira, voltaram para o hotel e aí, pelas 4h, Jim acordou com uma forte tosse – ele já estava tossindo sangue há dois meses e havia consultado dois médicos na França –, chegou a vomitar sangue, mas disse a Pam que se sentia bem e ficaria melhor com um banho, de modo que ela tentou dormir, mas logo acordou preocupada. Pelas 5h, encontrou Jim deitado na banheira com os braços para fora e um meio sorriso no rosto, o que a fez pensar que ele estava brincando, quando viu que ele estava morto, chamou primeiro os bombeiros que tentaram reanimá-lo, depois um médico e a polícia, que só chegou por volta das 9h30.
Embora não tenha havido autópsia, muitos opinam que Jim deve ter tido uma forte pneumonia com um coágulo nos pulmões que foi conduzido até as válvulas do coração, causando a taquicardia.
A rapidez com que tudo foi feito pode ser entendida, Jim estava há pouco tempo na França, seus amigos estavam todos nos EUA, ele nunca se deu bem com sua família, era verão e ele não era religioso. Sua namorada teve que se virar sozinha, por isso, quando o empresário chegou a Paris, o corpo já estava pronto para o sepultamento, é aceitável que tenham ficado com medo de encarar o grande circo que seria o funeral de Jim Morrison e o sepultaram discretamente em um lugar em que ele havia gostado de estar. Morreu em 3 de Julho de 1971, porém fora enterrado apenas em 7 de Julho, com o caixão fechado. Em sua lápide está escrito Kata Ton Daimona Eaytoy (Em Português: “Queime seu demônio interior”).