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Na noite do última sexta-feira (08), José Almir de Andrade, cartunista do Diário da Manhã há mais de três décadas, sentiu-se mal e foi levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Reclamando de dor de cabeça intensa e com sintomatologia de acidente vascular cerebral (AVC), ele recebeu os primeiros atendimentos e foi encaminhado para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Não há previsão de alta.
De acordo com o diretor geral do Hugo, Ciro Ricardo Pires de Castro, Almir chegou ao hospital com uma crise de pressão alta que comprometeu seu estado de saúde, levando-o ao AVC. “Foi preciso interná-lo para estabilizar a pressão. Ele está na UTI porque está tomando remédio controlado gota a gota”, explica.
Ainda conforme as informações médicas, o estado de saúde de Almir é estável. “Ele está consciente, mas na fase inicial depois do AVC há perda de movimento e dificuldades para falar”, informa Ciro Ricardo que esclarece que há recuperação nesses casos, mas que ela acontece aos poucos.
Apesar do otimista quanto a recuperação do chargista, os médicos ainda são cautelosos ao falar em alta. “Nessa fase do tratamento é muito precoce falar sobre alta ou em quando ele vai passar da UTI para a enfermaria”, acrescenta Ciro Ricardo.
Trabalho
De personalidade forte e jeito cativante, José Almir de Andrade, o artista responsável pela maioria das charges e cartuns do Diário da Manhã, fez muitos amigos e admiradores durante os cerca de 30 anos de trabalho na redação. O estilo “ame-o ou odeio-o” também se reflete no desenhos sempre audazes e atuais com os quais apimenta as páginas do DM.
Por meio da divulgação de seu trabalho na internet sempre arranca boas risadas dos seguidores nas redes sociais, com os quais interage, comentando sobre a lógica de seu trabalho.
O artista é considerado um dos mais cáusticos do país, herdeiro de um traço ao mesmo tempo rápido e também elaborado. Nas charges, costuma tratar da impossibilidade do ser humano se realizar, muitas vezes denunciando a incompletude da vida. Suas charges são mais viscerais e celebradas principalmente pelos intelectuais, pois trazem à tona sua cultura e pesquisa. Fã da boa música, e dentre eles os Beatles, Almir é também caricaturista e ilustrador. Na caricatura, desenvolveu um traço único, que revela ao mesmo tempo vigor técnico e realismo, mas jamais sem deixar de levar para o leitor uma opinião sobre quem é ou o que pensa o objeto do desenho humorístico.
A ilustração do artista costuma ser polissêmica - com múltiplos sentidos - e revela o lado mais artista plástico do artista gráfico, que jamais deixou ser convencido pelo canto da sereia tecnológica.
Na atualidade, suas charges fazem bastante sucesso nas redes sociais, onde Almir desenvolve texto enxuto, correto e sempre brincalhão. "Costumo dizer que a charge de Almir é refinada e que exige conteúdo do fruidor. Quando lecionava na Faculdade de Artes Visuais (FAV), da Universidade Federal de Goiás (UFG), os alunos se dividiam entre os que amavam Almir e os que o combatiam, pelo traço rápido. Sua obra é perene, coerente e acima de discussões de leigos no assunto. Almir é do nível de David Levine, em estilo e argumentação. Daí que aos artistas ou ilustradores que não entendiam sua obra eu pedia sempre que lessem mais sobre charge e caricatura, pois Almir se insere em uma tradição deste segmento", diz o jornalista Welliton Carlos, também colega de redação.
