Nascido na Hungria na primeira década do século XX, o pintor e escultor Victor Vasarely radicou-se em Paris nos anos 30. É considerado o pai da ‘arte óptica’, mesmo antes da definição do movimento nos anos 1960. O quadro ‘Zebra’, pintado por Vasarely em 1938 é considerado um dos primeiros trabalhos a jogar com as possibilidades ilusórias da tela. Suas pinturas estão expostas em vários museus importantes do mundo, colocando o nome e a identidade visual do artista entre os maiores do século. Vasarely também preocupava-se com a função social do artista, revelando-se contra a noção de que a arte deve ser obrigatoriamente relacionada ao dinheiro e ao poder.
Victor Vasarely ajudou a criar um estilo de arte visual que joga com a ilusão de ótica. Conhecido como ‘Op-art’ (termo criado pela revista Times em 1964), o movimento surge em resposta diante de vários outros estilos: neo-impressionismo (que tende a ressaltar as cores de maneira vibrante), cubismo (exploração geométrica), construtivismo (arte e função social), futurismo (abstração e movimento) e dadaísmo (anti-arte). Os trabalhos associados à op-art são flexíveis e abstratos, e tipicamente proporcionam ao observador a impressão de movimento. Diante dos olhos, eles piscam, vibram, incham e deformam-se. Bridget Riley, Francis Picabia e Jesús Soto são outros nomes associados ao movimento.
“Arte para todos”
Em 1966, foi inaugurada a Fundação Vasarely, uma organização privada que tem como objetivo promover as ideias de ‘arte para todos’ e ‘cidade do amanhã’, defendidas pelo artista. Localizada na cidade de Aix en Provence, no sul da França, foi reconhecida pelo governo do país como uma organização de utilidade pública em 1971. Diferente de várias iniciativas parecidas, Vasarely não pensava em criar um mausoléu em sua memória, mas unir profissionais em prol da acessibilidade da arte. “Duas grandes forças administram a existência: a da renovação e a da conservação. O mundo vai do passado ao futuro, e o indivíduo vai do futuro ao passado. Essa é sua grande tragédia”, afirmou o artista na inauguração do espaço.
No fim dos anos 1970, vários arquitetos pensavam como Vasarely. Eles colocavam em questão tudo que havia sido feito no decorrer dos últimos dez anos, abordando principalmente pesquisas sobre as mega estruturas capazes de abrigar cidades inteiras, voltando-se para a utilização de novos materiais. Eles refletiam ainda o plano evolutivo dos edifícios, em função das necessidades do momento. A construção do edifício sede da fundação teve início em 1973, com os arquitetos John Sonnier e Dominique Ronsseray, implementando um projeto do próprio Vasarely.
O pintor foi homenageado com um site oficial, criado por sua nora, Michèle Vasarely. Na página inicial, ela fala da importância de Victor como pintor no século XX, e da influência de sua obra em várias áreas do conhecimento. “Durante os anos 1960 e 70, suas pinturas tornaram-se parte da cultura popular, impactando a arquitetura, a ciência da computação, a moda e o modo como olhamos para as coisas em geral”. Michèle revela ainda a preocupação do artista em tornar a arte acessível ao maior número possível de pessoas. “Mesmo tendo tornado-se famoso, insistiu em fazer sua arte acessível para todos. ‘Arte para todos’ era o seu lema”, explica.
Se para algumas pessoas a arte é apenas associada ao entretenimento e à estética, Victor Vasarely encarrega de desmentir tal pensamento. Seu trabalho artístico trouxe ao mundo um olhar diferente, plantando em nossas mentes uma forma de perceber as possibilidades que a vida é capaz de nos oferecer. No site oficial de Vasarely, sua nora Michèle completa tal linha de pensamento. “O avanço trazido pelos experimentos visuais dinâmicos [do artista] transformaram a superfície pana em um mundo de possibilidades infinitas, marcando era na história da arte e anunciando uma nova realidade global moldada por programadores e pela internet”.