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Filmes que narram a vida de Jesus

A adaptação da história de Jesus Cristo para os filmes é um trabalho feito desde a criação do próprio cinema. É um processo que nunca tem fim, devido à grande influência do cristianismo ao redor do mundo. À medida que as tecnologias e a forma como as sociedades interpretam Cristo vão se renovando, novas produções são laçadas. A primeira abordagem cinematográfica da vida de Jesus data de 1903. Desde então, milhares de filmes trouxeram narrativas cristãs ao cinema. Algumas dezenas delas se empenham em traduzir a biografia de Jesus para a linguagem do vídeo. Confira nesta edição do DMRevista um breve histórico da passagem do Homem de Nazaré pelas salas de cinema do mundo.

Primeiras visões


A primeira aparição de Jesus em um filme realizou-se na França através de ‘Vida e paixão de Cristo’, dos diretores Lucien Nonguet e Ferdinand Zecca. Lançado em 1903, com 44 minutos de duração, é também um dos primeiros longa-metragens da história. Suas sequências de imagens são apresentadas de forma bem simples, introduzidas por legendas indicando o nome dos eventos. O filme, totalmente mudo, utiliza uma técnica de coloração chamada Pathéchrome, que dava um aspecto menos homogêneo às imagens geradas originalmente em preto e branco. Não possui intenção dramática, e consiste simplesmente num trabalho de arte visual com foco no lugar de Jesus entre a santíssima trindade.

Pouco mais de 20 anos depois, quando a indústria do cinema mudo já se via consolidada veio ‘O rei dos reis’, do diretor norte-americano Cecil B. Demille (1927). Contém ao todo 155 minutos de duração, e foi produzido através de um orçamento de 1,5 milhão de dólares. O filme narra as últimas semanas de Jesus Cristo antes de sua crucificação. O papel principal foi executado pelo ator inglês H. B. Warner, que exibe através de seu fenótipo o tradicional modelo ‘europeu’ de Jesus: branco, de cabelos loiros e olhos claros. O diretor preocupa-se em retratar os acontecimentos narrados na Bíblia, influenciando-se também pelo trabalho de pintores como Leonardo da Vinci (1452–1519) e Gustav Doré (1832–1883).

Visões autorais


Uma das versões mais admiradas da história de Cristo no cinema foi feita ironicamente pelo diretor italiano Pier Paolo Pasolini, um cineasta controverso, admirado no meio do cinema autoral, e abertamente declarado homossexual e ateísta. Apesar de suas posições pessoais desafiadoras, todo o diálogo do filme ‘O Evangelho segundo São Mateus’ (1964) é reproduzido exatamente como está escrito no Livro bíblico. O jornal do vaticano, ‘L’Osservatore Romano’ descreve a iniciativa cinematográfica de Pasolini como o melhor filme sobre Jesus já feito na história do cinema. A maioria dos atores presentes na obra não era profissional. Jesus foi interpretado por Enrique Irazoqui, um estudante de economia espanhol de 19 anos.

Uma versão mais controversa da consagrada história narrada nos quatro evangelhos do Novo Testamento chega aos cinemas no final da década de 1980, através das mãos de Martin Scorsese, um dos cineastas mais respeitados dos EUA. Scorsese narra em ‘A última tentação de Cristo’, quase três horas um Jesus Cristo livre de mitologias, humano, sensível, confuso e recontextualizado. Protagonizado por William Dafoe, que ficaria famoso mais tarde por interpretar o personagem Duende Verde  em ‘Homem Aranha’. ‘A última tentação de Cristo’ destaca personalidades que fogem do senso comum para várias figuras bíblicas, como Maria Madalena, Paulo de Tarso e Judas Iscariotes, além do próprio Cristo.

Em 2004 foi a vez de Mel Gibson impressionar o mundo com sua maneira de retratar Jesus. Em meio a muito sangue e violência, a história narrada em ‘Paixão de Cristo’ levou milhões de pessoas às lágrimas. Foi gravado em três idiomas: aramaico, latim e hebraico, e chamou muito a atenção da mídia pela força das imagens de Cristo sendo agredido antes de sua crucificação. Para alguns críticos, a violência extrema presente na obra tira o foco de sua verdadeira missão: contar a história de Cristo. A abordagem do longa-metragem (em seus 126 minutos) é reescrever as últimas 12 horas de Jesus. O papel de Jesus ficou nas mãos do ator estadunidense James Caviezel.

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