Vicent Van Gogh viveu o terror de alguns artistas visuais: só se tornou célebre depois da morte. Em vida, o artista holandês pós-impressionista vendeu uma só tela. Mas, como é sabido, com o passar dos anos, algumas de suas obras se tornaram mais famosas e valiosas da história. Nascido exatamente há 163 anos, morreu aos 37 anos envolto por problemas mentais e pela pobreza. Seus demônios, ele exorcizava por meio das cores e foi assim que conseguiu ajudar a construir os pilares da pintura moderna.
Em sua carreira pintou cerca de 500 telas. Vendeu apenas uma, chamada O Vinhedo Vermelho. Como a vida é irônica, o artista que passou parte da vida sendo sustendo pelo irmão, teve em maio de 1990, uma de suas mais conhecidas obras, O Retrato de Dr. Gachet comercializado por US$ 82,5 milhões.
Van Gogh não separava sua arte dele mesmo. E, uma de suas declarações famosas, era: “O que minha arte é, eu sou também”. Assim, fez vários autorretratos, que denunciavam a sua inquietude mental. Se pintou até com o fatídico curativo na orelha, após amputá-la, sem dó nem piedade, após uma discussão, com o amigo Paul Gauguin.
Talvez até seja Van Gogh quem eternizou a imagem do pintor excêntrico. Pois, isso ele foi mesmo. Criado em uma família religiosa era inquieto e trabalhava compulsivamente – chegava a pintar uma tela por dia. Na infância estudou inglês, francês e alemão, mas logo deixou os livros para trabalhar na loja de um tio, em Haia, na Holanda.
Com pouco mais de 20 anos achou que a sua vocação era trabalhar com a evangelização, chegando a estudar teologia, em Amsterdã. Mas, a estratégia não deu certo e ele dividiu os seus poucos bens com os pobres e passou a ser sustentado pelo irmão, ao mesmo tempo em que iniciava a carreira profissional como pintor.
Depois disso, sua saúde mental deteriorava à medida em que também se envolvia com um líquido, bem popular entre os artistas: o absinto. Foi mais ou menos nesta época que Van Gogh se mudou para Arles – Sul da França- impressionado pela luminosidade do local e, claro, seus girassóis.
No local, ele queria usar também o lado de “pastor frustrado” e pretendia criar a Comunidade dos Artistas do Sul. O artista Guaguin, à época também falido, se mudou com o artista para o local. O que não deu muito certo no mundo da convivência. Embora, deste período tenha nascido obras famosas como: A Cadeira de Van Gogh e A Cadeira de Gauguin, feitas por Van Gogh, que, com simplicidade, narrava bem o perfil de cada artista.
Em Arles, aliás, Van Gogh pintava de forma rápida e frenética. Nos dois anos que morou lá, produziu ao menos 465 obras. È bem verdade que dessa convivência Van Gogh saiu sem a orelha e foi diagnosticado com sérios problemas mentais. Já Gauguin se isolou no Taiti e continuou pintando. Eles nunca mais voltaram a se encontrar.
Em maio de 1889, Van Gogh internou-se por iniciativa própria no hospício de Saint-Remy, onde ficou um ano e produziu algumas de suas obras mais famosas. Em 27 de julho, ele – depois de ouvir do irmão, que estava com problemas financeiros - levou seu cavalete ao campo, pegou um revólver e deu um tiro no peito. Em seguida, foi levado para casa, onde morreu no dia seguinte. Ao seu lado, seu irmão ouviu a última frase do artista: “Fiz para o bem de todos”.
Primeiro filme todo animado com pintura
Uma investigação aprofundada da vida e morte de Vincent Van Gogh através das suas pinturas e dos personagens que habitam suas telas vai virar filme. A novidade é que a obra será a primeira animação feita com a técnica de pintura a óleo do pintor holandês.
A obra deverá ser lançada no segundo semestre deste ano e será dirigida pela pintora e cineasta polonesa Dorota Kobiela e por Hugh Welchman. O filme tem uma equipe de mais de cem pintores, já que são necessárias cerca de doze pinturas para a montagem de um segundo do longa.
Até agosto de 2016, a produção está com as portas abertas para “pintores de grande habilidade, interessados em usar suas aptidões para animar um filme”. Quem se candidata?