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CULTURA

Monumentos incomuns

No dia 18 de abril, comemora-se o dia do Monumento, construção simbólica que pode representar ideias, costumes e homenagens


Cidade Fantasma de Fengu, China

No centro da china, ao longo do curso do rio Yangtze, um monumento mitótico chama a atenção. A cidade fantasma de Fengu começou a ser construída a cerca de 1800 anos, durante a dinastia Tang. Foi modelada a partir do conceito de ‘Diyu’ – o inferno, segundo a mitologia chinesa e budismo. As edificações simulam ‘Youdu’, a capital do inferno. Segundo os antigos, o bem e o mal praticado pelas pessoas durante a vida são essenciais para o destino pós morte. Aqueles que praticassem o mal passariam por várias torturas em ‘Youdu’. Tais provações estão materializadas nas estátuas que compõem a cidade. A construção de uma usina Hidrelétrica nas proximidades da região está transformando a cidade fantasma em Ilha.

De acordo com a tradição chinesa, os mortos precisam passar por três testes antes de passar para a próxima vida. O ambiente desses testes, como a ‘Ponte do Desamparo’, estão materializados em Fengu. Após cruzar a ponte, os mortos devem colocar-se diante de Yama, o rei do inferno. Várias esculturas de juízes estão esparramadas pelo ambiente, assim como deuses, demônios, fantasmas, dentre outras criaturas. Por fim, os bons devem ser aptos a ficar por três minutos equilibrados em uma só perna sobre uma pedra, os inaptos são condenados ao inferno e às torturas. A construção mais recente da cidade é a ‘Torre do último olhar’, de 1985. Dessa Torre, os mortos podem observar pela última vez suas casas e suas famílias.

Manneken Pis, Bélgica

A imagem do pequeno rapaz urinando em um chafariz é bastante comum graças a uma escultura símbolo da cidade de Bruxelas, capital da Bélgica. O nome da estátua, ‘manneken pis’ vem do holandês, e significa ‘o garoto [que] mija’. Os primeiros registros da estátua remetem ao ano de 1338, o que significa que ela tem no mínimo 628 anos. A estátua original foi substituída no ano de 1619 por uma estátua de bronze criada por Jérôme Duquesnoy. O valor simbólico da estátua para a Bélgica é tão grande, que em ocasiões como a invasão francesa de 1665, ela foi retirada de seu pedestal e guardada em local seguro para não sofrer danos. Já foi roubada e recuperada várias vezes. A última delas na década de 1960.

O tamanho da escultura surpreende os turistas. Apesar de parecer grande nas fotos, ela não tem mais que 60 centímetros de altura. Várias histórias sugerem a origem da estátua, cuja verdadeira origem precisa é desconhecida. Alguns acreditam que a imagem de um bebê, que durante uma invasão inimiga, teria colocado-se a urinar do berço é a fonte de inspiração do artefato, representando a coragem e soberania do país diante dos inimigos. Outra lenda narra que um bebê havia urinado no pavio de uma bomba, impedindo a destruição da cidade. Existe ainda a história do homem bom que colocou a estátua para proteger um bebê do feitiço de uma bruxa que queria congelá-lo.

MUSA – Museu Subaquático de Arte, México

Um exemplo que mostra a dinâmica do conceito de monumento é o Museu Subaquático de Arte em Cancun, cidade turística do caribe mexicano. Foi inaugurado em novembro de 2010 pelo artista britânico Jason deCaires Taylor, que teve a ideia de experimentar a interação entre arte e ciência ambiental. A ideia é que as mais de 450 esculturas submersas ao longo do tempo passem a concentrar colônias de seres vivos como corais e algas, consequentemente atraindo peixes e outros animais da fauna marinha. Estima-se que cerca de 750 mil turistas visitem o museu anualmente. As esculturas expressam o modo de vida contemporâneo. Entre elas podemos encontrar um fusca e um homem no sofá comendo hambúrguer.

As centenas de esculturas foram produzidas com um cimento poroso especial, atingindo um pH neutro que assegura maior resistência das peças às intempéries do ambiente aquático, além de não oferecerem riscos ao meio ambiente. As peças foram pensadas para atingir uma acidez exata para promover o crescimento e a habitação de corais. É essencial lembrar o tom crítico das peças submersas no Museu de Cancun. Várias delas representam a fragilidade do homem e de seu estilo de vida atual diante da limitação dos recursos naturais. O efeito da vida crescendo em meio aos monumentos é digno de um choque mental. O museu foi eleito pela revista Forbes como um dos lugares mais exclusivos do mundo para se visitar.

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