Localizada na região sudoeste de Goiânia, em contato com a movimentada Avenida T-9, a Vila Bela é um conjunto de residências distribuído de forma quase simétrica através de quadras estreitas e paralelas, reunindo centenas de casas que abrigam cerca de 1200 habitantes em um área retangular de 108.000m². Suas ruas detém o poder de contrastar elementos de diferentes épocas. Em contato direto com o Setor União, derivado da antiga vila pioneira de mesmo nome que deu início ao processo de urbanização da região nos anos 60, compartilha da magia única do pedaço de Goiânia que esconde inúmeras praças e detalhes do passado, simultâneos à correria das avenidas que abrem espaço, ao graffiti e ao ritmo frenético da metrópole.
São quinze quadras em formato de palito, distribuídas lado a lado, em duas fileiras. Na fileira norte, oito quadras foram colocadas paralelamente, separadas por ruas estreitas. Nelas, cada casa tem duas saídas para a rua: uma na frente e outra nos fundos. A fileira sul é um pouco diferente, pois uma das quadras é formada pela aglutinação de dois palitos com uma só saída para a rua, guardando parde do seu espaço para uma larga praça que termina na Avenida T-9. A praça Dona Colandi Bailão de Oliveira traz um monumento que sugere os mais de trinta anos do setor, pois foi construído em 1984, quando Nion Albernaz era o prefeito da cidade. As residências são a maioria padronizadas, diferenciadas por detalhes acrescentados ao longo das décadas.
Ruas
Quase todas as ruas são nomeadas a partir de referências à flora. Algumas bem estreitas não possuem identificação no mapa SIGGO, disponibilizado pela prefeitura, nelas se concentram as saídas dos fundos das casas, formando ruas sem garagens, com aspecto estéril, algumas sem calçadas, com apenas uma porta saindo dos muros que limitam o espaço de cada casa pela cor. Na fileira norte, temos uma rua sem nome, seguida da Rua Dracena, outra rua sem nome, Rua Sibipiruna, outra sem nome, Rua das Baunilhas e a Rua de Pedestres (que segue o estilo das ruas anônimas). Na fileira sul estão as ruas sem nome 1, Quaresmeiras, sem nome 2, Magnólias, o quarteirão da praça, Hibiscos e a continuação da Rua de Pedestres.
A configuração da vila exibe um projeto pouco comum em Goiânia, que intercala ruas com e sem garagens, sugerindo que os pedestres utilizem as ruas dos fundos, enquanto os automóveis transitam pelas entradas principais. Outra característica marcante da Vila Bela é um meio fio gigante que a separa da Avenida T-9, obstruindo o acesso direto dos carros entre as duas. A Rua U-82, uma via movimentada e com vários estabelecimentos comerciais, separa Vila Bela e Vila União, encarregando-se de fazer o intermédio entre a Vila e a T-9. No interior do conjunto, a presença de construções não-residenciais é quase nula, o que diminui bastante o número de veículos circulando, proporcionando a leve sensação de não-Goiânia.
Os arranha-céus cercam a vila por vários lados, intervindo no céu das fotografias e intensificando a mistura visual de estruturas de concreto que personaliza a Vila. A poucos metros dela, ao leste, corre o leito do Córrego Cascavel, que percorre mais 6,5 quilômetros no sentido norte até desaguar no Ribeirão Anicuns, depois de cruzar a avenida Leste-Oeste, no Setor Clemente. Do lado de lá do Córrego estão os prédios sinuosos dos setores verticais da cidade. Ao sul da Vila Bela, Goiânia segue através de setores como Jardim Planalto, Parque Anhanguera e Jardim Atlântico, até encontrar-se com Aparecida de Goiânia na Avenida Rio Verde. Ao oeste, a malha urbana da Capital ainda percorre 10 quilômetros em linha reta.
Pessoas
Ao caminhar pelas ruas e pela praça da Vila Bela, percebe-se um apego especial dos moradores mais velhos ao local onde vivem. Registramos uma senhora a observar o fluxo da cidade de uma cadeira, na porta de casa, bem como uma reunião de moradores numa roda de cadeiras nos arredores da praça. Enquanto isso, o fluxo de carros era intenso a poucos metros dali, na Avenida T-9, às 18h. Dona Lúcia percebeu os cliques e veio puxar papo. Ela conta que ultimamente existe sim uma preocupação maior com segurança, devido aos assaltos, mas que a Vila “continua sendo bela, como no nome”, recomendando que fizéssemos fotos bonitas, já que ela nunca viu nenhum trabalho do tipo envolvendo seu setor.