Pela quarta vez, a artista plástica Graça Estrela participa da Feira Mundial de Artes, que este ano acontece em Nova Iorque
A artista plástica goiana Graça Estrela, acompanhada pelo colorido de suas araras, está prestes a partir para mais um voo longo. Entre os dias 9 e 19 de abril, ela irá pousar na cosmopolita Nova Iorque, nos Estados Unidos, para participar da Feira Mundial de Artes. Entre artistas de 40 países, vindos de cerca de 600 galarias ao redor do mundo, ela chegará como a única representante do Brasil.
"É uma oportunidade de mostrar meu trabalho para colecionadores e donos de galeria do mundo inteiro. Acho também uma honra representar a arte de Goiás e do Brasil", diz a artista, que para a feira irá levar 15 telas, feitas em técnica mista, o método mais eficaz que encontrou de retratar a exuberância da ave da qual a artista reserva toda sua inspiração: as araras, claro.
Para quem não a conhece, Graça Estrela especializou-se em pintar o cotidiano deste pássaros multicoloridos. Sendo assim, sua arte objetiva reproduzir de forma fiel, não só as aves, como seu habitat e costumes mais específicos. E o envolvimento da pintora com a espécie é tanto, que em muitos locais dos quais passa é reconhecida apenas como Graça das Araras.
O apelido lhe faz jus, já que capturar por meio das tintas, exclusivamente as cores destas aves tem sido um objetivo da artista há quase 30 anos. Tudo começou em uma viagem na década de 80 ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). E, vale lembrar que nesta época, a artista, que nasceu em Ipameri (GO), já tinha descoberto o dom para as cores. Mas, era conhecida por pintar casarios de sua cidade natal e natureza morta. Ou seja, não tinha encontrado sua marca registrada que lhe levaria para além de nossas fronteiras.
E foi a viagem à reserva ambiental goiana, que se encarregou disso. No meio de tanta natureza as cores das araras lhe chamaram mais do que a atenção, e sim lhe deram a inspiração de uma vida inteira. “Fiquei fascinada por aquelas cores. E acho que me identifiquei com estes pássaros porque somos parecidos. Somos coloridos, barulhentos e até briguentos”, compara.
Depois da viagem inspiradora, Graça se voltou para a pesquisa, com o objetivo de encontrar a melhor técnica de retratar a espécie. “Fiz pesquisas em outros parques ecológicos como o Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, Serra de Carajás, no Pará, Amazônia, Parque Ecológico de Goiânia e muitos outros”, relembra.
A busca pelos movimentos, que hoje consegue pintar com facilidade, eram no começo seu grande desafio artístico. “No início as araras ficavam paradinhas, quietinhas, quase doentes e sem vida”, recorda a artista, que hoje conseguiu dar expressividade às aves.
Pois, a técnica que encontrou possibilita ainda uma experiência ecológica única, dentro da cidade grande, ao reproduzir cenas que seriam impossíveis atualmente até na natureza. O realismo que as telas imprimem só é possível por meio de uma técnica mista que engloba - além de tintas acrílicas e a óleo -palhas, folhagens, pedras e teve um trabalho no qual Graça utilizou como matéria prima até arames. “Colo rochas finas nas obras para simular o ninho, assim o trabalho fica mais rústico”, diz.
Ativista internacional
E foram estas características da produção de Graça Estrela que a fazizeram alçar voos cada vez maiores. Da Feira Mundial de Artes é a quarta vez que participa. Já mostrou trabalhos em grande parte da América do Sul e suas obram sobrevoaram até à Ásia e Europa. “Através das artes conheci o mundo voei com minhas arara”, celebra.
O primeiro território estrangeiro que conheceu as obras da goiana foi a Inglaterra. E, lá a pintora chegou com muita responsabilidade, pois indicada pelo Itamaraty, para representar a arte brasileira, no ano 1995. “Eles estavam procurando algo que representasse bem o Brasil e escolheram a mim” conta Graça, que depois disso voou muito. Porém, uma mostra internacional, ela também guarda dentro de suas memórias especiais. “Expus 20 quadros na renomada Galerie L'oeil du Prince, em Paris”, ressalta.
Contudo, mesmo com tantas conquistas, viagens, prêmios e mostras, o que a artista celebra também nestes mais de 30 anos de carreira, é que por meio de suas pinceladas, ela também encontrou um meio de tentar salvar estes exuberantes pássaros.
Pintando espécies como a Arara Militar e a Arara Azul - que graças ao desmatamento de árvores e ao tráfico ilegal foram extintas - ela também clama por preservação, tentando conscientizar seu público de que se continuar nesta toada, estas espécies só terão vida em seus quadros.
“Pinto as araras e as amo. Não acho certo prendê-las. Elas devem ficar soltas na natureza, pois é em seu habitat que nasce a minha inspiração e é onde ficam mais belas", defende a artista.
A artista tem no currículo diversas exposições internacionais