Cultura

Ogunhê! filhos de Ogum

Redação

Publicado em 26 de abril de 2016 às 01:33 | Atualizado há 4 meses

Sincretismo religioso, a forma necessária que uma religião precisa tomar para que não morra, ou para que seus crentes não sofram perseguições e violência, assim Ogum se fundiu em São Jorge. E hoje eles são duas entidades por vezes, mas em quando são um só. E todos nós que somos da companhia de Ogum e caminhamos vestidos com suas roupas e armas combatendo o preconceito contra as religiões de matriz.

Para que os inimigos não possam nos tocar, nasce no seio preto da mitologia Iorubá, Ogum. Ele precede os outros orixás, vindo logo após Exú, e recebe também parte dos sacrifícios dos outros orixás pois foi quem que forjou o obé (faca usada nos rituais para oferendas de sacrifícios). “Ogum era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos” como contam os mitos africanos.

São Jorge por sua vez, era um soldado da grandiosa Roma. Considerado como um dos mais proeminentes santos militares, a memória de São Jorge é celebrada nesse 23 de abril. Por toda a parte, comemora-se a reconstrução da igreja que lhe é dedicada, em Lida (Israel), na qual se encontram suas relíquias, igreja erguida a mando do imperador romano Constantino I.

E a perseverança, por vezes ganha do sórdido fingimento, de que só de cultura branca, cristã e europeia foi construído nosso país. Toda a cultura negra que perdeu parte de sua invisibilidade após a abolição da escravatura,  foi prontamente criminalizada: o samba, a capoeira, a prática religiosa, tudo era estigmatizado.

“E disso tudo nasceu o amor” da mistura, influência e luta de afro-brasileiros que pra manter sua cultura brigaram e sincretizaram quando necessário. O candomblé e a umbanda se consolidaram na sociedade brasileira nos últimos 200 anos, principalmente no início do século XX, quando o público pôde ter conhecimento das práticas a partir, por exemplo, das pesquisas de Pierre Verger, etnólogo francês, que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da diáspora africana e ao comércio de escravos.

Intolerância que não foi enterrada pela história

Mas para que cordas e correntes se arrebentem antes de conseguir amarrar a liberdade inclusive religiosa, existem leis que tornam ato criminoso, práticas de intolerância religiosa. Como descreve o texto constitucional “O parágrafo VI do artigo 5º da Constituição brasileira diz que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. A Lei Caó (Lei 7.716/89) considera crime a intolerância religiosa”.

Mas se Ogan toca pra Ogum, sempre aparece parte da maldição carregada pela ignorância e preconceito. Para lembras, em junho do ano passado, uma menina de 11 anos, praticante do candomblé, levou uma pedrada na cabeça, após saída do culto na Vila da Penha, Rio de Janeiro. A família registrou a ocorrência como lesão corporal e prática de discriminação religiosa.

Facas e lanças se quebram, diante das pessoas que sofrem preconceito religioso, mas denunciam. De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, foram registradas 39 queixas, de intolerância religiosa pelo Disque 100, ouvidoria dos Direitos Humanos. Esse número é de 2013, o que deu ao estado do Rio o título de maior detentor das denúncias em todo o Brasil, mas o registro ainda é muito precário.

Oração de São Jorge:

“Eu andarei vestido e armado com as

armas de São Jorge para

 que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar”.

Ponto de Umbanda dedicado a Ogum, enviado por Karoliny Carvalho, médium do Centro de umbanda CHEIAG:

Se meu Pai é Ogum, Ogum

Vencedor de demanda

Ele vem de Aruanda

Pra salvar filhos de Umbanda

Ogum, Ogum, Ogum, Ogum Iara

Ogum, Ogum, Ogum, Ogum Iara

Salve os campos de batalha

Salve a Sereia do Mar

Ogum, Ogum Iara

Pisa na linha de Umbanda

Que eu quero ver

Ogum Sete Ondas

Pisa na linha de Umbanda

Que eu quero ver

Ogum Beira Mar

Pisa na linha de Umbanda

Ogum Iara, Ogum Megê

Olha a Umbanda, Ogum iê

Características dos filhos do orixá Ogum:

Os filhos de Ogum são o tipo das pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos.

São do tipo de pessoas impetuosas e arrogantes, mas que devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.

Dias, cores, comidas e saudações a Ogum


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