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CULTURA

Os beats, os beatiniks e os bitolados

Uma geração que foi uma das maiores influências para a contracultura e os movimentos jovens de subversão

Sempre quis ser do movimento, aquela ideia de amigos geniais em longas viagens mentais e pelo espaço geográfico. Na maior parte do tempo divagando e tentando se curar de ressacar, mas em alguns intervalos escrevendo poesias viscerais e contos cheios de verdade e loucura. Pra mim não deu, gosto desse universo cult, mas acho cansativo uma vida de viagens espirituais, jazz e falta de pagode.

Pronto, já divaguei, mas quem são esses tais beats. Eram um grupo de escritores e portas que se interessavam por alterações de consciência, sexo livre e todas essas características que mais tarde inspirou o movimento hippie. Pois é, nem sempre existiram hippies, eles não nasceram geneticamente cabeludos, propícios a usar roupas coloridas e sexualmente libertários, eles se inspiraram em caras como Allen Ginsberg.

É o que dizem, muita coisa do movimento veio desse cara, o poeta Ginsberg. Ele era mais um destes que gostava de viagens de autodescoberta, por vezes elas o levaram para o centro de seu pensamento, para o calor do próprio corpo, mas uma delas levou ele a Índia. Foi lá que ele comprou umas belas batas coloridas, ele já ostentava um grande cabelo e barba desgrenhados e pronto, temos um proto hippie

Mas não só o movimento hippie bebeu da água quimicamente alterada dos beats como também outros movimentos, como o punk. A subversão selvagem, a forma espontânea de produzir cultura e o questionamento de valores são coisas de punk, mas que já habitava os corações beats da década de 50.

A poesia de rua e de alma

A obra mais famosa de Ginsberg foi o poema o “Uivo”, ou “Howl”. Tal poema foi escrito inpirado na louca figura de outro beat, Carl Solomon pra quem foi dedicado o poema. Solomon foi um homem que trafegou entre a loucura e a genialidade, entre a dureza do exército e clínicas psiquiátricas.

Parte do poema “Uivo” diz: “

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz”.

Uma das marcas da escrita beat era esse lande de fluidez, de escrever o fluxo de pensamento, sem muito ensaio, de uma forma meio caótica. O conteúdo das poesias desse movimento tratada da realidade e do pensamento humano, a defesa da liberdade de corpo e pensamento, a impulsividade. A característica era de uma linguagem crua, repleta de gírias e coloquialidades.

Fãs famosos de  Allen

Ginsberg tinha muitos fãs, entre eles Jim Morrison, do grupo The Doors. Morrison era tão viciado nas poesias e obras dele que dizia escrever suas músicas após ter lido algum de seus poemas. Sabe-se que Ginsberg e a banda The Clash eram fãs recíprocos. O poeta fez uma participação especial na música Ghetto Defendant, cantando ao lado de Joe Strummer trechos de um de seus poemas.

O cantor folk Bob Dylan sempre estabeleceu um flerte com a ideologia cultural beat e admirou o trabalho do poeta Ginsberg. No filme inspirado na vida de Dylan de nome “I’m not there”, uma das personalidades do cantor é simbolizada no personagem Jude Quinn que em certa hora do filme se encontra com o poeta Allen.Eles contemplam uma estátua de cristo e Allen sugere que o cantor tinha se vendido a Deus.

Uma bela cena de cinema.

Nem só de poesia viscerais foram feitos os 70 anos de história desse poeta, mas de posicionamentos muito polêmicos. Como participação do grupo North American Man/Boy Love Association (traduzível como Associação Norte-Americana do Amor entre Homens e Garotos, NAMBLA) uma organização estadunidense, fundada em Boston em 1978. A ONG faz parte do contexto do ativismo pedófilo, defendendo a aceitação social da pedofilia e a eliminação ou reforma das leis sobre idade de consentimento.

Ah! E uma questão sobre o movimento e os filhotes dele gerado. Beatnik não é um sinônimo, mas um termo depreciativo criado pela mídia da época para designar jovens que copiavam o estilo beat.  

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