Aos 54 anos de idade e mais de 40 como cantor, Zezé di Camargo é considerado um dos maiores ícones da música sertaneja e da música brasileira dos últimos 30 anos. Ao lado de seu irmão, Luciano, formou uma das duplas de maior sucesso do país. Nos últimos anos, o cantor tem se tornado conhecido por expressar-se de uma forma que divide opiniões. Em entrevista à edição do dia 25 de janeiro da revista Veja, Zezé entrou em detalhes sobre seu extinto casamento de mais de 20 anos com argumentos que foram taxados como “superexposição”. Fez críticas ao modus operandi da indústria do sertanejo atual, falou sobre a suposta diminuição de sua potência vocal e admitiu ter contratado um detetive para conhecer melhor sua atual namorada.
Na entrevista, Zezé fala de padronização da música sertaneja e de saturação do mercado com ideias pouco originais. O cantor sugeriu uma falta de empenho de artistas da nova música sertaneja em de fato criarem uma personalidade sonora que sirva como cartão de visita. “Se você puser 10 artistas novos pra eu escutar, aposto que serei incapaz de definir quem é quem ou quem cantou o quê.” Ele acrescentou ainda que, atualmente, a dinâmica da mídia atual reconfigurou a forma das pessoas de perceberem a música, que a concorrência é maior e que a TV perdeu poder na hora de escolher o que as pessoas devem escutar. “Você ia então ao Domingão do Faustão e no dia seguinte vendia pelo menos 250 mil unidades do seu álbum mais recente.”
A revista toca no assunto da queda do rendimento vocal do artista. “Um boato frequente é que o senhor perdeu a voz”, introduz o jornalista Sérgio Martins. O cantor responde com uma pergunta. “Você me viu cantar recentemente. Acha que eu perdi?” Ele afirma que a suposta diminuição de suas capacidades vocais nada tem a ver com uma cirurgia a qual se submeteu por conta de um cisto na prega vocal (Sérgio sugeriu que uma cirurgia malsucedida teria deixado sequelas em seu canto). Zezé culpa uma montagem de Youtube e seu potencial de alastramento e desdobramento. Segundo ele, uma apresentação ocasionalmente rouca no Domingão do Faustão seria o motivo de tudo. “Um sujeito colocou isso no Youtube dizendo que eu não conseguia mais cantar.”
Estilo Veja
A partir daí, a revista passa a assumir sua verdadeira intenção: adentrar à vida pessoal do artista e aproveitar-se de sua fama atual de criador de polêmicas, capazes de fazer seu material circular, para o bem ou para o mal. “Seu divórcio foi muito discutido nos sites de fofoca”. “O senhor volta e meia se envolve em encrenca nas redes sociais”. Zezé não economizou nas respostas e resolveu abrir o jogo para o Brasil sobre seu casamento e mostrou-se incomodado com a fama de vítima e de mártir que sua ex-companheira teria adquirido nos “sites de fofoca” e nas “redes sociais”. “Zilu tem passado a ideia de que só ela se sacrificou”, reclama o cantor, que resolveu contar para todos nós seus sacrifícios também, para que possamos analisar melhor qual lado defender.
Nessa onda de definir quem é o vilão e quem é a vítima de um casamento que durou mais de 20 anos, Zezé teceu seus comentários menos felizes. Ou simplesmente não filtrados e “reais demais para o mundo virtual”. Colocou a questão financeira na mesa, afirmando que teria livrado sua ex-mulher de uma “fria”, pois o cara com quem ela rompeu para ficar com ele hoje vende coxinha em Goiânia, esquecendo-se que a situação financeira do vendedor de coxinha de Goiânia não é lá muito diferente da maioria dos cidadãos que consomem música, mas não venderam milhões de cópias. A “fria” segundo o cantor é ser esposa de vendedor de coxinha enquanto existem mulheres que se casam com cantores sertanejos de sucesso e, consequentemente, vivem uma vida de muito luxo.
Zezé também assumiu relacionamentos extraconjugais e disse ter contratado um detetive para investigar a vida da atual namorada. “Quando É o amor entrou no topo das paradas, todas as mulheres com quem sonhei passaram a dar bola pra mim. E, é claro, saí com algumas delas.” Quanto ao caso do detetive, Zezé justifica que queria ter certeza da índole da moça utilizando mais do que a tradicional confiança (com tanta fama e dinheiro talvez seja necessário investir em profissionais capazes de aditivar a noção desse sentimento). “Queria saber mais sobre a pessoa por quem eu tinha me apaixonado. E, como não morávamos na mesma cidade, achei que seria uma boa solução.”