Foto:Divulgação/Lara Paniago
Dança, música, fé e busca pelo empoderamento das mulheres por meio do resgate de medicinas ancestrais são algumas das características do encontro com dupla finalidade que ocorreu na manhã de domingo, 22, no Bosque dos Buritis, em Goiânia.
O movimento que busca resgatar a cura e possibilitar o equilíbrio emocional das mulheres é baseado no livro “Seu Sangue é Ouro” de Lara Owen.
No dia do evento, data em que também foi comemorado o Dia Mundial da Mãe Terra, em que os participantes buscam o resgate espiritual por meio das forças da natureza, houve uma roda pedagógica atentando sobre a importância do resgate de um ritual ancestral que visa a saúde da mulher e do planeta.
Plantio da Lua
Segundo a idealizadora do movimento "Caminho da Lua Ventre Sagrado", Heliza Pavão, o ato de plantar a lua é um dos rituais mais antigos do mundo e vem para quebrar o tabu criado pela sociedade a respeito do sangue menstrual.
Ela explica, embasada no texto de Bruna Almeida Alves, que houve um tempo em que as mulheres se recolhiam durante o período menstrual e ali sangravam diretamente na Terra, compartilhando experiências, buscando o equilíbrio interior e dando descanso ao corpo.
Para os adeptos do movimento, o ato é considerado sagrado e foi interrompido quando surgiram os absorventes descartáveis e tantas outras situações que apresentam o ciclo feminino como algo sujo e impuro.
Heliza destaca que ao devolverem o sangue menstrual à terra, há uma reconexão com nossas raízes, honrando ancestrais e reconhecendo que o “nosso sangue é vida! É ouro!”, como abordado no livro de Lara Owen.
Durante o ritual, acredita-se que a natureza dá forças para o empoderamento feminino, além de atrair energias que possibilitam a cura de desconfortos ginecológicos, como TPM, cólicas e até a infertilidade.
Para simbolizar o sangue menstrual, as participantes levam chás ou gelatina natural com hibisco, e com muita fé e concentração escolhem um local apropriado, e devolvem o “sangue” à terra. A idealizadora explica que essa prática é pessoal e intimista, e que por isso, cada uma deve escolher sua planta ou árvore para cumprir o ritual sagrado.
Dança sagrada
Além do ato ancestral, o grupo ainda participou de uma roda de dança que acontece no 3º domingo de cada mês no Bosque dos Buritis e no último domingo no Parque Areião. Esse evento faz parte do projeto "Dança nos Parques", idealizado por Danielli Montenegro que é focalizadora e aluna do curso "Dança Circular Sagrada" oferecido pelo Centro Livre de Artes (CLA) da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia e ministrado pela Mestre Maria Cristina Bonetti, sob coordenação de Lana Costa.
Na prática, a dança dentro de círculos femininos inspira movimentos de cura que segue uma filosofia e um estilo de vida que promove ensinamentos sobre aspectos físicos e mentais da figura feminina.
No entanto, no projeto proposto por Montenegro, a dança se torna mais abrangente transcendendo gêneros e idades, com objetivo de atingir o público em geral.
A iniciativa tem como objetivo divulgar o trabalho à comunidade, visto que as danças circulares são consideradas uma meditação em movimento utilizada como um recurso terapêutico, promovendo em potencial na prevenção de agravos, como depressão entre outras doenças, além da estimular hábitos, atitudes e emoções saudáveis, o que contribui para a consciência de fatores subjetivos que envolvem a experiência interior, a auto-estima, a auto-reflexão e vivências experimentadas no prazer da convivência individual e coletiva nas rodas.
Na edição de ontem, toda a dança foi focalizada por alunas e professoras do curso, aproveitando-se da celebração do Dia Mundial da Mãe Terra. O evento foi marcado por músicas que engrandecem a natureza e que criam uma conexão com energias positivas entre os participantes e o mundo exterior.