Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou ontem que a Controladoria e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) autorizaram o pagamento dos premiados na última edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica). Em post no Twitter, o chefe do Executivo goiano disse que a quitação do débito de R$ 1,5 milhão deixado por Marconi Perillo/José Eliton (PSDB) – cuja dívida foi noticiada em primeira mão pelo Diário da Manhã - será providenciada pela Secretaria de Cultura de Goiás (Secult).
“A Controladoria e a Procuradoria Geral do Estado estão auditando as contas do FICA 2018, que apresentam indícios de irregularidades”, informou o governador, gerando um otimismo entre ambientalistas, cineastas e intelectuais que cogitam a possibilidade de realizar o evento neste ano de forma independente. “Enquanto se conclui a análise, que busca proteger o contribuinte goiano, nos autorizaram a pagar os premiados. Está sendo providenciado pela Secult”, complementa Caiado.
Durante a solenidade de transferência da capital para a cidade de Goiás, o governador garantiu que haverá edições do Fica em seu mandato. Ele disse, no entanto, que para fazê-lo é preciso primeiro pagar os R$ 388 mil aos vencedores nas mostras competitivas na última edição do evento, e depois pensar no evento. Caiado voltou a criticar o fato de os filmes que faturaram prêmios não terem sido agraciados pelo valor de premiação previsto em edital e pediu apoio de universidades, artistas e prefeitura.
Da antiga Villa Boa de Goyaz, o secretário Edival Lourenço escreveu no Facebook que o Estado está atrás de parceiros que garantam o Fica. “Faremos isso (pagar os R$ 388 mil) até para resgatar o nome de Goiás. Sobre um novo festival, estamos buscando parcerias para a realização, inclusive junto ao Governo Federal”, diz o secretário. “Sabemos da importância do Fica e de sua representatividade, mas não deixamos de agir com responsabilidade”, finaliza o titular da Secult.
Ainda em post na rede social, Lourenço disse que o governo estadual estuda a possibilidade de buscar recursos para a realização do Fica no âmbito federal. O governo de Jair Bolsonaro, contudo, anunciou recentemente a mudança da sede da Agência Nacional de Cinema (Ancine) do Rio de Janeiro para Brasília. Bolsonaro teceu publicamente críticas à agência, dizendo que “se não puder ter filtro, extinguiremos a Ancine”, o que provocou mal-estar no meio do audiovisual.
Fica independente
Movimento de artistas, ambientalistas e intelectuais se organiza com rede de hotéis da antiga Villa Boa de Goyaz, Universidade Federal de Goiás (UFG) e produtores audiovisuais para fazer uma edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) totalmente independente. Caso a ideia saia do papel, o festival teria início no dia 6 de setembro com apresentação da orquestra sinfônica de Olinda.
O grupo teria apoio das embaixadas da Alemanha e Noruega. A versão independente do Fica contaria com a presença de nomes como André Trigueiro, Hélio de la Peña e Walter Carvalho, além dos conhecidos Nars Chaul e Washington Novaes. Segundo o grupo, o evento seria semelhante à primeira edição do evento, em 1999, com debates e exibições de filmes vencedores de todos os Fica.
Criado em 1999, na cidade de Goiás, capital do Estado, entre 1744 e 1973, o Fica foi idealizado por Luiz Felipe Gabriel, Jaime Sautchuk, Adnair França e Luís Gonzaga com o objetivo de valorizar a cultura em Goiás. Desde sua criação, representa um marco para o audiovisual goiano, já que, além das premiações, passou a ser um encontro anual que reunia pessoas do mundo inteiro em prol do meio ambiente, com inúmeras discussões e debates.
No ano passado, o festival recebeu público de 40 mil pessoas em seis dias de evento. Segundo a organização, 6 mil visitantes passaram pelas salas de cinema, oficinas e minicursos realizados ao longo dos dias de programação. O cinema goiano esteve presente com 47 obras e, ao todo, foram exibidos 101 filmes, de diversas nacionalidades, entre curta, média e longa-metragens.
A última edição contou com três mesas, onde houve debate sobre meio ambiente. Também teve três cinemas e 17 oficinas, bem como laboratórios e minicursos. A programação musical dispôs de 13 artistas, que iam do samba à Música Popular Brasileira (MPB). Cineastas de renome no cenário nacional, como Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky, participaram do festival.