Ludimila Mendonça
“Movimento estudantil: quem não conhece acha que é assim. Uns jovens muito loucos, que querem invadir tudo, quebradeira, uns maconheiros, que têm preguiça de estudar. Os outros vão achar que os secundaristas são a esperança do mundo”.
Este é um trecho da narração do documentário “Espero Tua (Re)volta”, de Eliza Capai, que faz um giro sobre as ações estudantis que tiveram seu ápice em 2015, focando nos atos de São Paulo.
As ondas de ocupações e manifestações se espalharam pelo Brasil neste período e, apesar de todas as contradições ter mostrado a força da luta dos moleques, só em São Paulo foram 200 escolas sob a organização estudantil.
“O jovem que ocupa e sonha com educação pública de qualidade. Com um mundo mais igualitário. Que assim que eles crescerem e chegarem no poder vai estar tudo resolvido. Mas, mano, o bagulho é muito mais maluco do que isso”, continua o narrador, na sequência descreve várias vertentes do movimento estudantil, desde o socialismo partidário, correntes liberais até os autonomistas.
O filme mostra imagens das manifestações de rua e das ocupações de escola, guiado pela linguagem própria dos protagonistas, jovens de escola pública.
Contexto
Quando a crise se aprofundou no Brasil, os estudantes saíram às ruas e ocuparam escolas protestando por um ensino público de qualidade e uma cidade mais inclusiva. “Espero Tua (Re)volta” acompanha as lutas estudantis desde as marchas de 2013 até a vitória do presidente Jair Bolsonaro em 2018.
Inspirada pela linguagem do próprio movimento, o filme é conduzido pela locução de três estudantes, representantes de eixos centrais da luta, que disputam a narrativa, explicitando conflitos do movimento e evidenciando sua complexidade.
Nas imagens estão as ocupações das escolas paulistas em 2015, em resposta a reorganização escolar anunciada pelo governo paulista de Geraldo Alckmin. A proposta previa o fechamento de mais de 90 escolas e o remanejamento de cerca de 300 mil alunos para outras unidades. Sob o lema “Ocupar e resistir”, os estudantes protagonizaram a ocupação de mais de 200 escolas, o que serviu de inspiração para jovens de todo o País.