Celebrando o intercâmbio cultural entre Brasil e Itália, ontem (13/8) ocorreu na capital goiana a segunda fase do festival, que se iniciou com a presença do embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini; o diretor de cinema Marco Tullio Giordana e Stefano Savio, produtor do festival.
O Festival exibe, de 8 a 21 de agosto, o melhor do cinema italiano contemporâneo em 16 cidades do Brasil.
Encerrando a noite, foi realizada uma sessão especial de O Melhor da Juventude, de Marco Tullio Giordana, um clássico contemporâneo que faz sua volta à tela grande. Ao acompanhar a saga de uma família dos anos 60 até os 2000, filme também narra alguns dos anos mais intensos da recente história italiana.
A seleção traz várias premières nacionais. Entre os destaques, está Silvio e os Outros (Loro), a última obra do aclamado Paolo Sorrentino sobre Silvio Berlusconi.
Em entrevista ao DM Online, Stefano Savio, produtor do festival comenta que "o objetivo do festival não é ser apenas um evento cultural de uma semana, mas sim uma aproximação com um público normal e habituado com o cinema diante de uma proposta cinematográfica diferente."
"Nossa proposta não é apenas mostrar o cinema italiano e nossa cultura, mas incentivar as pessoas a retomar o hábito de ir ao cinema e ver uma proposta que não seja óbvia como os grandes blockbusters, sem que o público fique disperso." afirma o produtor.
No tocante à cultura italiana, popularmente, encontra-se fortes esteriótipos relacionados a arte
Além disso, Stefano Savio dialogou sobre o "efeito dominó" cultural, provocado pelo paulatino interesse do individuo pelo cinema a partir do contato com diferentes obras estrangeiras. Para o produtor, a afinidade com o cinema de outros países, fora do nicho hollywoodiano, revela-se em experiências como a do referido festival. Diferentes obras reunidas em um mesmo local, próxima de todos os públicos.
"Queremos criar curiosidade, pois depois que o telespectador assistir um filme italiano, provavelmente, depois verá um alemão e isso ocasionará uma afinidade com o cinema e com a cultura estrangeira, que entra normalmente e diariamente na vida das pessoas, de forma que não seja escondida ou esquecida."
No tocante à cultura italiana, popularmente, encontra-se fortes esteriótipos relacionados a arte. Nomes como Da Vinci, Caravaggio, Botticelli e Michelangelo são frequentes, bem como suas obras, que são conhecidas em todo globo. O processo de desenvolvimento imagético do festival não divergiu dessas ideias, posto que, ao observar seus pôsteres de divulgação, o público fica diante de releituras de famosas obras de arte que marcaram a história da Itália. À face do exposto, o produtor Stefano Savio justifica a designação das releituras para compor a temática de divulgação.
"Na identidade visual do festival gozamos com os esteriótipos italianos, pois acho que é importante não apenas fixarmos no imaginário que temos, mas explorar de maneira cômica, moderna e por vezes provocadora. Nossa ideia é mostrar que sim, somos italianos, mas antes de tudo somos um evento cultural".
Na mesma noite, também em entrevista exclusiva ao DM Online, o diretor Marco Tullio Giordana compartilhou algumas de suas inquietações sobre o mercado cinematográfico contemporâneo "Atualmente, há um monopólio estadunidense nas salas de cinema, diferente do que acontece na França, por exemplo, onde é possível assistir filmes brasileiros, indianos entre outros", comenta o diretor.
"Comecei no cinema há 40 anos e desde aquela época diziam que o cinema estava morto, essa é uma agonia incessante", diz Marco Tullio Giordana
Além disso, para o cineasta "qualquer poder politico detesta o cinema e a poesia, se pudessem, eliminariam tudo. Afinal, a politica não suporta críticas, por isso a política não suporta a arte".
Outrossim, o diretor também comentou que, em São Paulo e Belo Horizonte o filme foi recebido com uma reação muito afetuosa do público, e sua expectativa é que o mesmo ocorra em Goiânia.
Com boas expectativas para o futuro do festival, o embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, relembra e discorre sobre a gênese desse evento cultural. "O Festival começou com um número muito limitado de cidades do Brasil, ao passar dos anos, muitas cidades estão pedindo para fazer parte dessa agenda cultural, podemos dizer que isso veio em razão da forte presença italiana no Brasil", comenta.
"Queremos mostrar a produção cultural contemporânea da Itália aqui no Brasil, isso é importante para conhecer a Itália, tanto para o público de origem italiana com para o público que não é dessa origem."
No que concerne ao que, atualmente, tornou-se mais popular e palatável para o o público italiano, o embaixador compartilhou uma novidade inesperada. De acordo com Bernardini, na Itália, são muito conhecidas as telenovelas, que é outro aspecto do audiovisual, que é importante, pois, do ponto de vista econômico é altamente rentável para o país.
Entre as outras pré-estreias, que serão exibidas na 8 1/2 Festa do Cinema Italiano estão, Lucia Cheia de Graça (Troppa Grazia), de Gianni Zanasi, exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes 2018, Noite Mágica (Notti Magiche), o novo longa do consagrado Paolo Virzì, Euforia, filme de Valeria Golino, a emocionante história de Dafne, de Federico Bondi, Desafio de um Campeão, de Leonardo D'Agostini e Bangla , de Phaim Bhuiyan , que acaba de receber o prêmio de Melhor Comédia Italiana de 2019 segundo os críticos italianos.
Lembrando que, na capital goiana, o festival ocorre do dia 15 ao dia 21 de agosto no Lumière Cinema – Banana Shopping.
Ingressos para as sessões do festival já estão disponíveis, podem ser comprados nesse link e custarão:
Inteira: R$ 20,00 | Meia-entrada: R$ 10,00.