No começo, lá pelos idos da década de 1990, ele era apenas um festival com a intenção de apresentar ao público novas bandas de um pequeno selo goiano de fitas cassetes.
Hoje, com mais de 20 anos nas costas, é uma das marcas de maior destaque na cena indie nacional, e está longe de ser o suprassumo da resistência estética, musical e cultural, como é majoritariamente visto pela classe média/alta. O Bananada, com certeza, é o retrato da cena alternativa de Goiânia.
Com o status de referência no cenário indie nacional, o evento é um dos maiores festivais de música do País e deixou há anos o rock de lado para trazer outros estilos ao line-up. Escolha interessante e democrática!
Nomes como Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Nação Zumbi, Planet Hemp, Caetano Veloso, entre outros, já passaram em algum momento pelos palcos do evento, mas a galera que o frequenta parece estar mais preocupada com o estilo e o consumo do que com a música em si.
Por conta disso tudo, percebi algumas posturas nada louváveis do público (elitizado e branco em sua maioria) e outras menos ainda que vinham por parte dos organizadores. Ora, como se dizer a favor das liberdades e diversidades e pagar uma mixaria para quem trampou no balcão de chope e como terceirizado?
É claro que você pode me lembrar que ninguém é obrigado a aceitar trabalho algum, porém acredito ser de extrema importância não fazer do discurso libertário um marketing de péssimo gosto.
Agora, vamos e venhamos: o line-up da 21ª edição do Bananada atendeu bem as expectativas. Pitty, Duda Beat, Baco Exu do Blues, Black Alien, Liniker, Edgar, Glue Trip, Tuyo e outros sons menos badalados, como Joe Silhueta, levantaram o público e, quem não fazia a mínima ideia da existência desses artistas, teve uma oportunidade de ouro para vê-los.
Durante o show da cantora pernambucana Duda Beat, por exemplo, fiquei estagnado, vendo-a emendar uma canção atrás da outra.
Haja dor de cotovelo! E que descoberta musical!
Enfim, o importante é destacar – antes de tudo – que a última semana foi intensa em vários aspectos. E ela não poderia começar de forma mais foda: com um puta showzaço do cantor pernambucano Otto, no Teatro Goiânia, no Setor Central.
Dali até os três dias no Passeio das Águas, na última sexta-feira, sábado e domingo, foram várias apresentações em bares e pubs da Capital, sempre com o objetivo de fazer pulsar a – eventualmente – monótona cena cultural da capital goianiense.
O Bananada, frequentado em sua maioria por uma galera que possivelmente voltará à região norte da cidade apenas no ano que vem, acerta ao apostar na diversidade sonora como carro-chefe, mas erra ao dificultar o acesso da imprensa aos artistas e tornar o evento cada vez mais um shopping center, cuja exposição a marcas e passatempos divide atenção do público.
Embora realizado sem incentivo do Estado e prefeitura, o Bananada, definitivamente, é o retrato do meio indie/alternativo de Goiânia.