Eles estão aí. Ultrapassam o limite ético entre o público e privado, e não possuem noção alguma sobre o que é cidadania e, por isso, destacam-se pela inaptidão enquanto gestores públicos. Muitos desses líderes, todavia, viram facilmente pessoas espalhafatosas, como o italiano Sílvio Berlusconi. O ex-primeiro ministro despontara na política do país da bota após a operação Mãos Limpas – na década de 1990 – com o discurso de empreendedor que o fez milionário à frente de um império da comunicação.
Berlusconi exerceu o posto de primeiro ministro da Itália por três vezes, sempre com o discurso moralizador e culpando a esquerda pelos problemas de seu país. Seu nome esteve atrelado a vários escândalos, que iam de corrupção até envolvimento com menores. Sabia como ninguém – pois era proprietário de empresas de comunicação – o funcionamento da engrenagem midiática. Quando se metia em enrascadas e suas peripécias davam polêmica, falava que tudo não passava de intriga dos comunistas.
Esses aspectos chamaram a atenção do cineasta Paolo Sorrentino, diretor do filme “Silvio e os Outros”, lançado no ano passado. O longa é um retrato canastrão, repleto de sexo, drogas e festanças dos mais diversos tipos, e aborda a vida do político pela ótica de seus excessos, sem precisar – com isso – dizer ao espectador que a figura em questão é um sujeito chatérrimo.
Além disso, o filme preserva todo o excesso, marca fundamental do cinema feito pelo Sorrentino, o que é visto em “Juventude”, de 2015. O italiano, com o longa-metragem sobre Berlusconi, colocou seu nome entre os principais nomes da sétima arte na Itália.
Lançado no país europeu em duas partes, “Silvio e os Outros” vem ao Brasil em versão para ser exibida na telona comercial. O filme vem tendo críticas favoráveis nos principais jornais do País, como o texto assinado pelo jornalista Cássio Starling Carlos, no jornal Folha de São Paulo, em 9 de agosto.
Com 2h30min de duração, Sorrentino volta à sua parceria infalível com o ator Toni Servillo e deixa de lado o ode a Federico Fellini que ele comumentemente faz no longa “A Grande Beleza”, de 2013, vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro.
Nele, Sorrentino retoma o tom sarcástico que lhe consagrou em “Il Divo”, de 2015, obra que retrata a vida de Giulio Andreotti, também ex-primeiro ministro da Itália. O filme é guiado por uma narrativa ‘dark’ (cuja sintonia acontece por meio da loucura gerada pelas cenas onde há vemos abundância de cocaína e outros tipos de substâncias), o que dá a sensação de que Berlusconi é um personagem tipicamente forjado pela ficção.
“Silvio e os Outros” terá sessões no sábado, às 21h, e segunda, às 18h, no Banana Shopping, pelo Festival de Cinema Italiano.
Serviço
‘Silvio e os outros’ 8 1/2 Festa do Cinema Italiano
Data: sábado (17) e segunda-feira (19)
Horário: às 21h e às 18h, respectivamente
Onde: Banana Shopping
Endereço: Avenida Araguaia
Ingresso: inteira a R$ 20,00/ Meia-entrada a R$ 10,00.