Ele veio para ficar e está aí. Completou 1/4 quarto de século. E hoje, a partir das 19h, vamos encontrá-lo mais uma vez. Sua casa em Goiânia não poderia ser um lugar mais simbólico: o Centro Cultural Martim Cererê, no Setor Sul, ponto clássico do rock goianiense.
Em sua 25º edição, o Goiânia Noise poderia ser desleixadamente explicado como ‘um dos maiores festivais de rock independente do País’. Seria, no entanto, uma forma simplista de avaliarmos toda uma tradição em torno da boa música.
O Noise (como o festival é carinhosamente chamado pelos fãs) se consolidou no meio musical como vitrine. Bandas e músicos de renome - como Júpiter Maça, Nação Zumbi, Cordel do Fogo Encantado e Camisa de Vênus - passaram em algum momento pelos palcos do evento, e os grupos da cena local historicamente tiveram espaço no line-up.
E, como era de imaginar, o costume se manteve: Guerrilha dos Coelhos, The Galo Power e Terra Cabula tocarão no festival, que começa hoje e vai até domingo (11).
Frequentador do Noise desde 2007, o jornalista Heitor Vilela, 25, afirma ao Diário da Manhã que o festival é o principal e mais tradicional evento de música alternativa da Capital.
Ele diz que a experiência proporcionada vai desde shows de grandes nomes da cena nacional e local à grande estrutura e alta qualidade técnica, sempre com um preço camarada que contempla a falta de grana conjuntural da população. Esses fatores, para ele, simbolizam uma “verdadeira resistência cultural”.
“O Noise é foda e o fato de voltar ao Martim Cererê trás toda aquela nostalgia e peculiaridade do centro cultural que se tornou o antro do rock goianiense”, diz o jornalista, destacando a acessibilidade proporcionada pelo evento numa época em que os festivais de música pelo País se assemelham a shopping center.
“Um festival que, apesar de sua longa data de existência, se manteve mais acessível que outros eventos semelhantes, com ingressos e consumo mais realistas”, analisa.
Em entrevista ao DM, o jornalista Leonardo Razuk, 46, idealizador do selo goiano Monstro Discos – que organiza o Goiânia Noise –junto com o produtor musical Leo Bigode, diz que a expectativa para mais uma edição é “sempre boa”.
Segundo ele, a procura por ingressos pelo público está “legal” e a programação “bem interessante, com bandas consolidadas e de estilos bem diferentes”, além de ser um panorama “do que está rolando no rock brasileiro”.
Questionado sobre o que o público pode esperar da edição deste ano do Noise, Razuk afirmou que é aquilo que o “Noise sempre oferece: rock!”
“Porque o Noise é isso. Sempre foi e sempre será. Sem concessões, sem se pautar por modismos ou algoritmos, sem apelar para o comercial em busca de público fácil”, diz ele, completando: “É um festival pra quem de fato curte música, curte rock. Porque rock é muito mais do que só a música”, finaliza.
História
Ao longo dos seus 25 anos, o Goiânia Noise, um dos mais antigos e importantes festivais do circuito roqueiro do País, proporciona ao público uma experiência bem singular: a de assistir shows de bandas originais, criativas e ousadas, e que não seguem os padrões estabelecidos pela indústria fonográfica, com um preço bem justo.
Isso não é nada comum no circuito dos festivais pelo País, já que boa parte deles vende um estilo de consumo para o público, e a música é quase segundo plano.
Criado em 1995, o Noise é um dos festivais que mais abrem espaços para os novatos, e é uma vitrine para o rock produzido em Goiás, estimulando a formação de novos grupos em Goiânia e consolidando uma ideia de identidade própria do rock goiano.
E na edição deste ano não vai ser diferente. A programação conta com nada menos que 23 - das 37 atrações - goianas. As outras 12 farão parte da programação do Estúdio Astúria, que funciona como uma espécie de palco 3 do festival.
Ao longo desse um quarto de século, várias bandas goianas – dos mais diversos estilos e linguagens – já se apresentaram no festival. Algumas até já acabaram, porém outras ainda seguem firme e forte.
“Como o Noise tem essa longa história, não é à toa encontrarmos bandas que hoje são formadas por meninos que antes eram frequentadores do festival como público e que se sentiram motivados a ter uma banda pra um dia tocar em eventos como o Goiânia Noise”, conta Leo Bigode, organizador do Goiânia Noise.
Bigode diz que “o Noise sempre teve essa característica de difundir, fomentar e valorizar a produção musical local, elevando Goiânia à qualidade de um dos principais polos produtores e divulgadores de música independente do Brasil”.
“Quando criamos o festival, nosso maior objetivo era justamente dar foco às bandas daqui e mostrar que elas eram capazes de dialogar de igual para igual com as de outros lugares do País”, completa o produtor.
Confira a programação da 25º edição do Goiânia Noise
Sexta (9/08)
Sê Bastião (GO)
União Clandestina (GO)
Bad Distortion (GO)
Templates (GO)
The Galo Power (GO)
Somaa (SC)
Os Indomáveis & Sandoval Shakerman (GO)
Mechanics (GO)
Mustache e os Apaches (SP)
Caboclo Roxo (GO)
Two Wolves (GO)
Mulamba (PR)
Ação Direta (SP)
Sábado (10/08)
Dergo (GO)
Burning Rage (GO)
Riso do Abismo (GO)
Cabaré de Eliete (GO)
Old Skull Guz (PR)
Sheena Ye (GO)
Ivan Motoserra (BA)
Bad Humans Noise (MG)
Rocca (CE)
Jukebox From Hell (GO)
Desert Crows (GO)
Time Bomb Girls (SP)
Matanza Inc (RJ)
Odair José (GO)
Domingo (11/08)
Guerrilha dos Coelhos Mutantes (GO)
Gregor (GO)
Murder (GO)
Hate Moss (UK)
Ressonância Mórfica (GO)
Armum (GO)
Rollin Chamas (GO)
Surra (SP)
Terra Cabula (GO)
Ratos de Porão (SP)