Rariana Pinheiro
Uma cantora goianiense, cuja carreira começou no extinto barzinho Belt’s Beer, no Setor Bueno, e que cursou artes no Músika Centro de Estudos. Teve como um dos primeiros padrinhos Fernando Perillo. E é uma das indicadas a ganhar um dos maiores prêmios da música: o Grammy Latino.
Ela concorre ao lado de nomes como Anitta e Zélia Duncan. Seu nome é Andreya Vieira, que há dois anos é radicada em Miami, Estados Unidos-EUA. Ela concorre na categoria Melhor Álbum Contemporâneo em Língua Portuguesa, com o disco “Pra Que Não Quebre”.
O CD foi gravado em 2012, na cidade de São Paulo, e masterizado em Nova York, após cerca de 40 dias “enfurnada” no estúdio ao lado de nomes como os dos músicos Hugo Hori e Adriano Magu, que produziram o álbum. Mixado por Luiz Paulo Serafim, o disco ainda não foi lançado oficialmente, mas Andreya adiantou ao Diário da Manhã que está animada em trabalhar a divulgação do disco o quanto antes.
Apaixonada pela música brasileira, especialmente pela Bossa Nova, a cantora quis nesse trabalho, já consagrado pela crítica, trazer releituras de músicas que a tocaram especialmente.
Em entrevista exclusiva ao DM, a cantora - que já tem mais 20 anos de carreira - contou sobre a carreira que começou nos barzinhos de Goiânia e em festivais, como Canto da Primavera, em Pirenópolis, e Fica, na cidade de Goiás.
Na conversa, ela mostra uma longa e persistente história da música: já foi tentar a carreira em São Paulo e, por lá, além de discos, foi até vocalista da banda do Domingão do Faustão e atriz de musicais com o Wolf Maya. Confira!
Diário da Manhã - Quando foi que começou a cantar?
Andreya Vieira - Comecei a cantar na igreja dos meus avós, quando era pequena. Depois, comecei profissionalmente. Iniciei aos 16 anos em um barzinho que nem existe mais em Goiânia, o Belts Beer. Sempre fui incentivada na arte pelos meus pais. Meu pai canta super bem e tem uma voz linda. Minha mãe sempre colocou a gente em escolas de arte. Estudei no Músika. Lá estudamos instrumentos (piano, flauta...), interpretação, artes plásticas, balé, sapateado... Então, desde pequena sempre gostei deste meio.
DM - Como sua carreira desenvolveu por aqui? Gravou discos?
Andreya - A carreira começou nos barzinhos de Goiânia e sou muito grata a Fernando Perillo, um grande nome de nossa música. Ele conheceu meu trabalho e me apresentou pessoas fundamentais do meio artístico e me colocou nos principais festivais do Estado, como Fica, na cidade de Goiás, e Canto da Primavera, em Pirenópolis. A partir daí fui sendo vista e fazendo mais coisas. Cheguei a gravar um disco em Goiânia, chamado “Fuga”, em 2001.
DM - Do que mais sente saudade em Goiânia?
Andreya - O que sinto mais falta é da minha família e de amigos. A saudade chega a doer. Essa parte é a mais difícil de morar fora. Na verdade, moro há muito tempo fora de Goiânia, porque antes de Miami morei 12 anos em São Paulo. Mas, agora, estou bem longe, não dá pra ver (a família) o quanto gostaria. E sinto falta da comida também, porque sou a típica goiana que ama um frango com pequi e milho e um bom cafezinho com pão de queijo e bolo.
DM - Como foi a sua carreira em São Paulo?
Andreya - Começou quando um empresário paulista, o Alexandre Ktenas, quis gravar um CD comigo. Assim saiu o “Meu Jeito”, que foi produzido por Gui Boratto e Alexandre Ktenas. Então começamos a fazer um trabalho bonito. Produzimos várias coisas, lançamos clipe no Multishow, fomos na MTV. Foi um trabalho bem bacana. No meu tempo em São Paulo fui ainda vocalista da banda Domingão do Faustão e atriz de musicais com o Wolf Maya (sou formada pela escola de atores dele).
DM - Por que optou por morar em Miami?
Andreya - Eu e meu marido temos uma filhinha de quatro anos. E desde que ela nasceu, os planos, projetos e a cabeça mudaram e estávamos muito inseguros. Em São Paulo, fui assaltada várias vezes e, em Goiânia, houve alguns episódios. E pensamos também na educação, achamos muito importante ela poder ser fluente em uma segunda língua. Também pensei em uma carreira internacional, porque sempre gostei da música brasileira, da bossa nova. E aqui tem um mercado maravilhoso para a música brasileira. Eles amam a bossa nova, que chamam de jazz brasileiro.
DM - Foi uma surpresa a indicação ao Grammy?
Andreya - Recebi a notícia através de um grande amigo, Celso Rangel, e fiquei pasma e muito feliz, porque são quase 20 anos de carreira. E é um reconhecimento bacana de tudo que passamos nessa história toda: vitórias e fracassos. A indicação ao Grammy coroa essa vontade de levar música para as pessoas, alegrá-las e transmitir nosso amor através da música. Estou extremamente feliz e ainda sem acreditar.
DM - Como foi a produção de "Pra Que Não Quebre"? Quais nomes te ajudaram a produzir?
Andreya - Foi maravilhosa. A produção foi de Hugo Hori e Adriano Magu, que são músicos paulistas excelentes. Ficamos 40 dias enfurnados em estúdio. Foi muito bacana. Para escolha do repertório, ouvi tanta música, tanta música... mas escolhi todas que me fizeram chorar e me passaram emoção. E esse é o único álbum que não traz músicas autorais. Optei por fazer uma releitura de músicas que sou apaixonada. Mas tem uma inédita, a “Febre”, que foi um presente do Zeca Baleiro para mim. Depois do show começamos a conversar e ele olhou para mim e disse que tinha uma música que era minha cara. Me mandou a canção e achei linda. Fiquei apaixonada, gravei e acho que é uma das melhores músicas do CD.
DM - Depois de tantos anos de carreira, sente que este é o seu trabalho que tem mais sua personalidade?
Andreya - Depois de tantos anos de carreira, a gente fala que o último trabalho é sempre o que a gente está vivendo naquele momento. Mas estamos em constante mudança. Quando gravei “Pra Que Não Quebre" ele era o trabalho que tinha mais a minha personalidade e até hoje é o que mais tem a ver comigo em comparação aos outros. Mas hoje acrescentaria músicas autorais e alguns outros ritmos.
DM - O álbum tem vários nuances da música brasileira. Qual estilo você mais aprecia e quem são suas influências?
Andreya - Amo música boa, de qualidade, que tem instrumentos e mensagem. Amo a música brasileira justamente por isso! Amo Elis Regina, Marisa Monte, Elba Ramalho, Tom Jobim, Ana Carolina, Zélia Duncan... e não tem um estilo que eu gosto mais. Só não curto funk, rock progressivo, coisas que não consigo entender. Mas gosto de música. Sendo música boa, gosto, independente do gênero. Adoro também os goianos: Pádua, Fernando Perillo, Maíra, Franco Levine, que tem uma voz linda e até gravamos uma canção juntos e foi bem bacana!
DM - Cantar significa o que em sua vida?
Andreya - Cantar para mim é doação, é amor, é sentimento, é tocar a vida do outro naquele momento. É praticamente acariciar a pessoa, levar uma mensagem através da letra, da melodia, da canção. Acho que o canto é transformador, é mágico. Pura doação e amor.