Otto, cantor, compositor e percussionista pernambucano que sugira no cenário brasileiro na década de 1990 com as bandas Mundo Livre S/A e Nação Zumbi, é um dos artistas mais influentes do seu tempo, e certamente um dos mais brilhantes e interessantes. Aos 51, com quase 30 anos de estrada, já garantiu um lugar cativo no grupo dos principais músicos do Brasil, com uma mistura singular de mangue beat, samba, música eletrônica, rap e outros gêneros.
A apresentação que ele fez na abertura do Festival Bananada na última segunda-feira (12), no Teatro Goiânia, no Setor Central da Capital, foi tudo isso, e mais um pouco: Otto levantou o público com clássicos do disco “Acordei de Um Sonho Intranquilo”, de 2009, “The Moon 1111, lançado em 2012, e “Ottomatopeia”, de 2017. Também houve tempo para o artista mandar “Pra Ser Minha Mulher”, de Ronnie Von, e “A Noite Mais Linda do Mundo”, do goiano Odair José.
É verdade que Otto é um daqueles artistas que gostam de experimentar e descobrir novos caminhos na arte, sempre de olho naquilo que ninguém pensou. E isso é genial e o faz ser um dos mais fodas. Desde o disco “Samba Pra Burro”, de 1998, passando por Condon Black, em 2001, ele é conhecido por buscar sons ainda novos, fusões de eletrônico com rock, mas sem jamais perder a levada deliciosa da música pernambucana imortalizada por ícones como Reginaldo Rossi.
Por isso tudo que citei, não tem como esperar outra coisa do show de Otto a não ser uma puta viagem dançante pelos caminhos que os sons podem nos proporcionar. Toda a carreira dele foi guiada pela perseguição ao novo, desde os tempos em que decidiu sair do fundo dos palcos para fazer sua própria música. E, vamos e venhamos, não poderia ser uma escolha mais assertiva: Otto é uma das vozes mais cabeças da música brasileira no momento.
Com comentários do tipo “vou tomar uma quando sair daqui” entrelaçados às críticas ácidas ao governo do presidente Jair Bolsonaro – “que nem merece ter seu nome pronunciado” –, a música realizada pelo pernambucano é – talvez – a melhor maneira de compreendermos a diversidade artística como singularidade da cultura brasileira. É impossível você ir ao show dele e não pensar naquele velho amor enquanto músicos afinadíssimos mandam ver na guitarra, na bateria e no baixo.
Otto é um cara genial!