A burocracia a serviço do atual projeto de desmonte cultural no país expande sua problemática. Dessa vez, a cinebiografia Marighella dirigida por Wagner Moura e protagonizada por Seu Jorge no papel do ex-deputado, enfrentou problemas na liberação de verbas, que já tinham sido usadas na produção.
Inspirado no livro do jornalista Mário Magalhães, o filme foca nos últimos cinco anos de vida do escritor, político e guerrilheiro, de 1964 até sua violenta morte - pela ditadura militar em uma emboscada - em 1969.
Os produtores haviam escolhido o mês de novembro, que marca os 50 anos de morte de Carlos Marighella, e o dia 20, da Consciência Negra, para a estreia do longa.
Entretanto, em nota divulgada na tarde desta quinta-feira, (12), a produtora do longa, O2, informou que não conseguiu cumprir "todos os trâmites" exigidos pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Em vista disso, ainda não há previsão de nova data para o filme chegar aos cinemas.
Marighella estreou sob aplausos no Festival de Berlim
No entanto, Marighella segue sendo apresentado com muitos sucesso em vários festivais de cinema no mundo. " Nosso objetivo principal sempre foi a estreia no Brasil. Os produtores e a distribuidora Paris Filmes vão seguir trabalhando para que isso aconteça”, sustenta a nota divulgada pela produtora.
Além disso, durante as premiações que o filme participou, reiteradamente foi ressaltado a dificuldade de lançar Marighella no Brasil. "Nós vamos batalhar, vamos fazer o que for preciso. Vamos lançar Marighella no Brasil”, revelou a produtora Andrea Barata durante o Festival de Berlim.
Em agosto, a Diretoria Colegiada da Ancine já havia indeferido dois pedidos da produtora O2 Cinema relativos ao filme. De acordo com a O2, na época, o primeiro pedido feito à Ancine diz respeito ao ressarcimento de recursos no valor de R$ 1 milhão investidos na realização da produção e que não serão reembolsados.
Mas, segundo a deliberação da diretoria, a verba teria sido aprovada como parte do orçamento original e não poderia ser ressarcida com recursos públicos.
Além disso, diretor, Wagner Moura, também revelou ao Daily Telegraph que a tensão política no país, também era um obstáculo “Eu estava preparado para o filme polarizar as pessoas e para as críticas, mas eu não estava preparado para nossos distribuidores não terem a coragem de lançar o filme”.
“Eu estava preparado para o filme polarizar as pessoas e para as críticas, mas eu não estava preparado para nossos distribuidores não terem a coragem de lançar o filme”.
Confira o trailer do longa
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