As pinturas luminosas desenvolvidas pelo artista norte-americano Karl Benjamin (1925-2012), ganharam o reconhecimento e o elogio de colecionadores, curadores e colegas da classe artística de vários lugares do planeta. Seu reconhecimento se deve principalmente à maneira como ele combina as cores, usando do contraste para criar zonas de tensão nas telas.
Algumas saltam diante dos olhos, causando um efeito luminoso conduzido pelas formas geométricas despadronizadas. Seu trabalho é considerado uma resposta ao expressionismo abstrato, movimento artístico que surgiu em Nova Iorque nos anos 1940, e ganhou força em outras partes do mundo nas décadas seguintes. Sua primeira exposição solo foi em 1954, no Instituto de Arte de Pasadena.
As obras de Karl Benjamin podem ser analisadas sob o contexto Hard-edge (traduzido para o português por alguns altores como “pintura de contorno marcado”), um estilo de criação pictórica onde existe uma transição abrupta de cores nas áreas coloridas. A diferença gritante entre alguns pontos do espectro de cores visíveis é usada por artistas que adotam as técnicas hard-edge para criar pontos de tensão nas telas.
O estilo não teve início com Karl Benjamin, nem mesmo surgiu em uma escola de artes em particular. O termo hard-edge surgiu em meados dos anos 1950 quando o crítico de arte Jules Langsner, do jornal Los Angeles Times, pareceu uma ligação entre a pintura de vários artistas da época, como John McLaughlin, Feitelson, Hammersley e o próprio Benjamin.
Carreira
A história de Karl Benjamin dentro do mundo das artes agrega muitas peculiaridades em comparação com outros artistas de sua época. Sua intenção, a princípio, era ser escritor. Estudou literatura inglesa, história e filosofia na Universidade de Redlands, e passou boa parte de sua vida ministrando aulas em escolas de ensino primário.
Também serviu as forças militares norte-americanas entre 1943 e 1946 - período marcado pela Segunda Guerra Mundial. Benjamin nunca teve uma educação artística formal, e suas primeiras pinturas aclamadas surgiram por acaso, nos anos 1950, quando buscava criar métodos de educação artística para introduzir para seus alunos da escola primária. Na época, usando giz de cera, ficou fascinado com o fenômeno do contraste de cores.
Observar o efeito da sobreposição de cores em seus primeiros experimentos causou uma ruptura na forma com que Karl Benjamin enxergava a vida. A partir daí, Benjamin abandonou suas ambições literárias e decidiu dedicar-se exclusivamente ao estudo das cores.
Em 1960, após ter se especializado no assunto, na Universidade de Claremont, colocou definitivamente seu nome entre o dos grandes artistas da pintura dos Estados Unidos no século XX. Uma das principais características de sua obra sustenta-se na despretensiosidade do artista na hora de compor suas telas. Karl Benjamin abusa do instinto, adquirido após doses obsessivas de estudos e tentativas. Suas formas geométricas parecem continuidade, algo que não tem início nem fim.
Análises
“Não consigo pensar em nenhum outro artista cujas pinturas exalam a alegria e o prazer de ser um pintor como na obra de Karl Benjamin. Também não consigo lembrar de outro artista cuja longa carreira de docente não tenha deixado sequer uma mancha de cinismo”. Com essas palavras, o crítico Dave Hickey definiu a obra de Karl Benjamin, em 2007, na abertura de uma exposição da qual o próprio Hickey foi curador.
A definição reforça a ideia de despretenciosidade presente na obra de Benjamin, que foi conduzida com o mesmo instinto da descoberta da pintura, enquanto desenvolvia técnicas pedagógicas no início dos anos 1950. O artista nunca deixou de lecionar, e levou o compromisso da neutralidade para todas as áreas onde atuou.