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Primeira ópera goiana estreia em outubro

Um momento histórico se aproxima: nos dias 1 e 2 de outubro vai estrear às 20 horas no Teatro Goiânia, a primeira ópera genuinamente goiana. Sim, em “Décima Quarta Estação”, texto, regentes, cantores, músicos e produção saíram do Estado.

Inspirada no conto homônimo de Miguel Jorge, do livro “Avarmas” (1978, Ed..Átima), a peça reúne vários tipos de expressões artísticas e pode ser chamada de superprodução, já que cerca de 100 profissionais estão envolvidos na montagem. Entre eles, os músicos da Orquestra e Coro Sinfônico de Goiânia

O ousado projeto nasceu há 13 anos atrás com a proposta da professora da UCG, Custódia Annunziata Spenciéri feita ao escritor Miguel Jorge e ao maestro Estércio Marques: a ideia era de o escritor fazer o libreto e o músico os arranjos e assim que aconteceu. Mas durante todos esses anos, viabilizar o projeto foi um desafio, que Miguel e a produtora executiva do espetáculo, Laila Santoro, tomaram para si. 

E,após ”baterem em diversas portas”, a ópera saiu do papel com apoio da Lei Goyazes, entre outras parcerias. “A cultura está vivendo um momento complicado e esta montagem só foi possível porque tivemos parceiros que ajudaram”, explicou Laila Santoro..

A ópera tem como solistas reconhecidos, como: Hélenes Lopes, Sara dos Santos Veras, Patrícia Mello, Jadson Alvares. Além disso, traz um time afinado de musicistas, atores, cantores e bailarinos.

A Orquestra Sinfônica de Goiânia, regida pelo maestro Eliseu Ferreira, também está presente trazendo mais lirismo e dramaticidade à tragédia.”Nesta ópera está um grande nome da literatura juntamente com Estércio que é uma das figuras mais importantes do cenário musical brasileiro atual. E eles trabalharam em uma grande sinergia de ideias”, elogiou o regente.

Isso porque, de acordo com o regente, de forma natural. “Na ópera há recursos simples, mas de vanguarda, que para muitas pessoas vai soar chocante. Mas ao mesmo tempo emocionante, pois, a música alterna em momentos de drama e lírismo. Tem uma beleza melódica muito grande”, argumentou o maestro.

Maestro Eliseu Ferreira é o regente do espetáculo

A obra

Miguel Jorge também se mostrou emocionado em ver seus escritos no palco e de forma tão completa como em uma ópera. Ele, que já escreveu o libreto pensando nos movimentos dos atores e cantores no palco, também se diz satisfeito com o que viu no primeiro ensaio geral. 

“A materialização que estou percebendo é muita intensa. Vejo uma força que brota do chão e vai para os ares. Vejo momentos de emoção dramática e momentos de lirismo. Os atores, músicos, cantores e bailarinos estão muito integrados e formam um corpo só,  que é a ‘A Décima Quarta Estação’’.

Quanto ao conteúdo da peça, se pode prever muita emoção. A ópera é uma tragédia baseada em fatos reais, que aconteceu no interior de Goiás há muito tempo atrás. Miguel Jorge conta que criou essa história da década de 1930, quando viajou para Catalão (GO) com um grupo de jovens amigos escritores. “Eu vi essa  história, que ficou gravada no meu subconsciente e, passado um tempo, escrevi o conto para mais tarde virar ainda um libreto”, disse.

A narrativa conta  o destino triste do bondoso farmacêutico Antero, que doava remédios a quem precisasse. Porém, tal atitude despertou o ciúme e a ganância do Coronel Rufino, o manda-chuva da cidade, que, pelo temor de perder o poder político na cidade mandou prender e açoitar o farmacêutico pelas ruas até a última estação, a décima quarta.

“Pois, foi assim, diante da textura de uma triste história narrada por pessoas de uma cidade interiorana de Goiás, que eu, usando de técnica moderna e de criatividade, escrevi o conto”, argumenta Miguel sobre a obra que recebeu o Prêmio no III Concurso Nacional de Contos, realizado pela Caixa Econômica Federal e pela Secretaria de Cultura do Estado de Goiás”, detalha o escritor.

O autor


Nascido em Campo Grande (MS), mas chegou em Goiás desde criança.Foi um dos fundadores do Grupo de Escritores Novos (GEN ) e seu presidente por duas vezes. Também foi por duas vezes presidente da UBE, seção de Goiás. Dirigiu também por duas vezes o Conselho Estadual de Cultura e integra os quadros de críticos de arte da ABCA e AICA e ocupa a Cadeira de número 8, na Academia Goiana de Letras. 


Além de “Avarmas” escreveu livros como: “Os Frutos do  Rio” (poesia), “Urubanda” (contos), “Atrás do Morro Azul” (contos), “Nos Ombros do Cão” (romance), “Kybui” (teatro). O romance “Veias e Vinhos” é o seu best seller e com “Pão Cozido Debaixo de Brasa” ganhou o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca nacional, em 1997.

Seu roteiro de curta-metragem do Watáu, recebeu o Prêmio de Incentivo Cultural do Ministério da cultura, e foi filmado às margens do rio Araguaia, sob a direção de Débora Torres.

Diretor Cênico Jonatas Tavares

Serviço

Ópera: Décima Quarta Estação
Quando: 1e 2 de Outubro, às 20h
Onde: Teatro Goiânia (R. 23, 252 - St. Central)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira).

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