Considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século 20 e conhecido por versos que não seguiam as regras formais, o mineiro Carlos Drummond de Andrade escrevia sobre o cotidiano e a vida de pessoas comuns.
Sua estreia literária aconteceu em 1930 com o livro “Alguma Poesia” e sua produção reflete claramente algumas características marcantes do seu tempo: uso da linguagem corrente, temas do cotidiano, reflexões políticas e sociais, comuns do modernismo.
Apesar de Drummond ter se sustentado como o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não existe limitação que defina Drummond como um modernista. Embora tenha herdado as temáticas e estruturas do movimento.
O poeta nasceu em Itabira, interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902 e morreu no Rio de Janeiro em 17 de agosto de 1987, aos 85 anos, por conta de uma insuficiência respiratória. Doze dias antes, ele sofreu com a morte da filha Maria Julieta Drummond de Andrade, vítima de câncer.
Sua importância na cultura literária brasileira é inquestionável, Drummond é considerado um dos mais influentes poetas brasileiros do século XX. Algumas homenagens à ele estão nas cidades de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul com a estátua “Dois Poetas” e na cidade do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, a estátua conhecida como “O Pensador”.
Além disso, entre os anos de 1988 e 1990, a imagem de Drummond esteve representada nas notas de cinquenta cruzados.
Confira alguns de seus poemas:
Congresso Internacional do MedoProvisoriamente não cantaremos o amor,que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,não cantaremos o ódio, porque este não existe,existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.Depois morreremos de medoe sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas Poema de Sete FacesQuando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus,pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.Mundo mundo vasto mundo,se eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo. QuadrilhaJoão amava Teresa que amava Raimundoque amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,que não amava ninguém.João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandesque não tinha entrado na história.