“A brutal realidade da política provavelmente seria intolerável sem as drogas.”
Com vocês, mais uma vez, meus caros e minhas caras, o escritor Hunter S. Thompson, um dos maiores porra-loucas da história do jornalismo mundial.
Homem sábio!
Vai, vai, vai que é tua, hombre: “em uma democracia, as pessoas geralmente recebem o tipo de governo que merecem”, escreveu o cara de “Hell´s Angels” e “Medo e Delírio em Las Vegas”, clássicos eternos do Jornalismo Gonzo e da contracultura.
Se sim, se não, a discussão é ampla, cabem muitas considerações sobre a tragédia cultural, comportamental, social e política que recaiu sobre o Brasil desde as eleições de Jair Bolsonaro.
Mas, refresquemos a cuca: em pouco mais de um ano de governo Bolsonaro assistimos a grandes apresentações artísticas de sua equipe ministerial. Teve a Damares e a política anti-libido (isso mesmo que você leu, essa coisa de esfera pública, privada e íntima é pra inglês ver, pra que separação nisso?). A artista, ops, quer dizer, a ministra arrasa demais: convoca entrevista e não dá um pio, nada. Grande!
Roberto Alvim, com seu terno cortado antiquadamente e cabelo de menino penteado pela vovó nos anos de 1930, equiparou a disputa ao botar na trilha sonora uma ópera de Wagner, encenar, ou seria plagiar?, o discurso do ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, ao clamar por uma arte brasileira heroica e nacional.
Pena, contudo, como bem pontuou em crônica publicada na semana passada na Folha de S. Paulo a ensaísta e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pollyana Quintella, que ninguém avisou Alvim que o artista alemão Joseph Beuys já havia utilizado o discurso de Goebbels nos anos de 1950. Faz tempo, muito tempo! Eita, Alvim, poxa...
Vamos e venhamos: seria injusto para a disputa esquecer de mencionar o nome do ministro da educação, Abraham Weintraub. Esse coleciona genialidades com uma facilidade de criança que está no jardim de infância: é o melhor Enem de todos os tempos, a melhor gestão da história do MEC. E o Twitter dele? Vixe, dispensa comentários...
Tem ainda Ricardo Salles e as aventuras do ministro (?) pelas praias poluídas do nordeste.
A lista é grande, enorme, gigantesca, dava pra continuar escrevendo, escrevendo, escrevendo, escrevendo e ainda assim faltariam à mente episódios que evidenciam a primazia e a destreza dos chefes da Esplanada dos Ministérios.
Putz, rapaz, ia me esquecendo, olha só que relapso: como não lembrei da defesa incondicional da imagem brasileira realizada pelo perfil da Secom no Twitter, na última segunda-feira (3)? Isso que é zelar pela interligação dos ministérios com o Palácio do Planalto, não é mesmo?
Sabe a razão pela qual a pasta do Fábio Wajngarten, aquele mesmo que é camarada da Band e da Record, teclou uma contrapropaganda genuinamente oficial?
Simples.
Por conta da entrevista concedida pela documentarista Petra Costa nos Estados Unidos. A mineira afirmou que o governo Bolsonaro mente, distorce dados, declarações, incentiva queimadas na Amazônia, foi um escarcéu, cê tinha que ver.
Agora, sejamos honestos uns com os outros: a tomar pelo filme queimadaço de Bolsonaro no exterior não há outra solução a não ser torcer como se fosse um Fla x Flu, um Derby Paulista, um Clássico Mineiro para que Petra leve a estatueta do Oscar para a casa.
Seria uma afronta para o apresentador do BBB, para os primogênitos do presidente, para a macharada de plantão. Sim, seria, bem como também será maravilhosamente reconfortante para a sociedade brasileira como um todo a documentarista nos presentear com tal premiação.
Discordo do mestre em apenas uma coisa, e quem sou eu para discordar do cara: as democracias, meu caro Hunter S. Thompson, em via de regra são comandadas a partir da escolha da população como um todo. O brasileiro não é racista, misógino, etecetera e tal.
Ou é?