Uma das mais talentosas atrizes em atividade, Andrea Beltrão será a convidada, neste sábado (29), do último episódio da série online “Camarim em Cena”. Com mais de 40 anos de carreira nos palcos, na telinha e na telona, Andrea relembra momentos diferentes de sua trajetória, tendo como ponto de partida - em boa parte do bate-papo - a peça “Antígona”, texto de Sófocles traduzido por Millôr Fernandes, com a qual ela estava em cartaz no Itaú Cultural, em 2018, quando gravou o programa.
O episódio fecha a quarta temporada do “Camarim em Cena”, que começou em agosto e contou com a participação da atriz Laura Cardoso, seguida dos encontros com o ator e palhaço Fernando Sampaio, a atriz e diretora Grace Passô e o diretor José Celso Martinez Corrêa, um dos nomes mais importantes da contracultura no Brasil. Os programas ficam disponíveis para o público sempre às 14h no site do Itaú Cultural.
Em conversa mediada pela jornalista e crítica teatral Maria Eugênia de Meneze, Andrea conta, com bom humor e interação com a plateia, que não vê o camarim como um espaço para um ritual ou concentração antes de entrar em cena. “Para mim, é um lugar de chegada, de conversa, de bem estar no teatro, de falar muito com os colegas. Eu não gosto de ritual de concentração. Eu gosto de estar desperta, acordada, para jogar com qualquer coisa que aconteça ali na hora”, diz.
Para se manter nesse estado de inspiração antes de entrar em cena, ela mostra detalhes do camarim montado no palco, onde reúne desde fotos das atrizes e parceiras de trabalho Renata Sorrah e Marieta Severo e até uma cueca do ator e amigo Tonico Pereira. A roupa foi recebida na época dos ensaios para “Antígona”, quando Andrea lembrou a preparadora corporal do espetáculo, Marina Salomon, esposa do ator, que Tonico só ensaiava de cueca.
“Eu disse pra ela: ‘Puxa, Marina, eu tô me sentindo muito séria, muito caretinha, eu precisava do cuecão do Tonico Pereira, pra ficar mais louca. Aí ela trouxe e eu fiquei com a cueca para sempre aqui”, conta a atriz. Do começo da carreira, Andrea lembra como o teatro entrou por acaso em sua vida, quando, na juventude, foi incentivada por um tio a estudar no Teatro Tablado, no Rio de Janeiro. “Aprendi tudo no Tablado. Cheguei lá e não sabia nada. Nunca tinha pensado em ser atriz”, revela ela, lembrando que antes sonhava em seguir carreira nos esportes, mas não teve sucesso.
Foi no Tablado, aliás, que a atriz estreou em 1978, interpretando João Grilo, na peça "O Auto da Compadecida", clássico do pernambucano Ariano Suassuna. Esse foi o início de uma trajetória, que a partir dos anos 1980, seguiu pelos palcos, televisão e cinema, rendendo-lhe dois prêmios Shell de Melhor Atriz – em 2002 pela peça "A Prova", dirigida por Aderbal Freire Filho, e em 2008, por "As Centenárias", de Newton Moreno.
Mesmo optando por trocar o esporte pelas artes, Andrea conta, na conversa, que vê uma proximidade entre os dois universos. “Na minha fantasia, o Coliseu se parece demais com o Maracanã. A gente grita do lado de alguém que a gente nunca viu na vida, na maior euforia, por causa de um gol. No teatro também. Você senta do lado de alguém, ri, olha, comenta e depois vira as costas e vai embora. Eu acho lindo isso. Maravilhoso”, diz.
Serviço
‘Camarim em Cena’ recebe Andrea Beltrão
Quando: amanhã
Horário: a partir das 14h
Onde: Site do Itaú Cultural
Gratuito