Hmmmm, trem bão demais da conta! Essa expressão tipicamente goiana já foi ouvida por você ao menos uma vez em restaurantes e botequins sempre que se degusta uma iguaria da nossa culinária. Seja um tira-gosto para atenuar os efeitos da boemia, seja um prato servido nas melhores casas do ramo ou seja apenas uma receita preparada no conforto do lar: há de ter, isto sim, um sujeito para explanar – com direito as elementares onomatopéias da gastronomia – algum clássico do vocabulário goianês. Pois, como se diz nas tabernas e quitandas da capital e do interior, trem bão é coisa boa! E no caso da nossa comida, bota bão nisso, hein!
Muito próxima da mineira, ainda que mais carregada no açafrão, cominho e pimenta, a culinária goiana tem herança dos indígenas e europeus. Talvez por isso ela seja vasta. Reza a lenda que os tropeiros que vinham de Minas Gerais e São Paulo foram responsáveis por dar uma rica contribuição ao cardápio de receitas daqui. A verdade é que os quitutes do estado gozam do privilégio de ser temperado com ingredientes comuns no Cerrado, como o pequi. Fruto amarelo que deve ser comido (melhor dizendo, “roído”) com cuidado, já que tem espinhos dentro, a iguaria coleciona admiradores e detratores aos quais só seu cheiro já é suficiente para causar espanto.
Mas, vem cá, por que puxar o saco da nossa culinária? Explico: O grupo Marajoara Latícinios lança hoje um e-book com dez receitas genuinamente goianas. A iniciativa integra uma campanha que tem como objetivo disseminar a riqueza da cozinha local. Organizado pela chef Adriana Gomes, que assina cinco das dez receitas, a iniciativa repagina clássicos da gastronomia goiana com uma roupagem moderna. “A ideia de modernizar os pratos, na verdade, veio para trazer praticidade em seus preparos”, conta Adriana ao Diário da Manhã. Ela garante que para prepará-los é preciso apenas uma panela para o risoto, um liquidificador e uma forma de bolo.
A partir disso, ela continua, enriquece-se a experiência culinária com mais texturas para os preparos, preservando o rico sabor culinário goiano. “E de forma rápida, já que a família está toda em casa e a dona de casa precisa cozinhar todos os dias e ser rápida sem muita louça para lavar”, diz Adriana. Natural de Uberlândia (MG), ela não tem dúvida: a gastronomia goiana é semelhante à mineira. “A culinária goiana tem potência de sabor e texturas marcadas pelo pequi, carnes suínas bem assadas, forte presença do uso de milho e sem falar do sabor inigualável do pequi que, diga-se de passagem, não é comum em tantos estados”.
Adriana explica ainda que as gastronomias mineira e goiana contam com predominância no uso do milho e derivados, além de possuírem variedade de linguiça e carne suína. “Em Goiás a particularidade mais marcante na culinária, sem dúvida, é o pequi, um fruto do cerrado e usado em vários pratos típicos do estado, que estão no e-book”, conta a chef, que deu seus primeiros passos na culinária com pratos salgados. “Nossa proposta é reunir dez receitas, entre doces e salgadas, que traduzem bem a cozinha goiana. Vamos também fazer uma releitura de alguns clássicos da culinária goiana, deixando seu preparo mais prático, como a pamonha de doce”.
Pratos clássicos, como o risoto de pequi, na verdade uma versão gourmetizada do tradicional arroz com pequi, estão no e-book. Também fazem parte da lista de receitas pamonha doce de forno, pamonha à moda goiana, bolo de milho surpresa e brigadeiro de milho. A obra pode ser baixada, gratuitamente, no site da Marajoara e nas redes sociais da empresa responsável por organizá-la. Mas antes de começar a cozinhar, Adriana tem uma dica. Se liga: “Baixe o e-book da Marajoara, veja o que você tem na geladeira e na dispensa e só compre o necessário para cada preparo. Use os ingredientes em temperatura ambiente sempre”. Não se avexe!
Serviço
‘E-book’ com clássicos da cozinha goiana
Organização: Adriana Gomes
Para mais receitas: @deliciartisg
Onde encontrar: site ou redes sociais da Majoara
Gratuito