Simone de Beauvoir nasceu em Paris, França, no dia 9 de janeiro de 1908. Foi escritora, filósofa, intelectual, ativista e professora. Integrante do movimento existencialista francês, Beauvoir foi considerada uma das maiores teóricas do feminismo moderno.
Embora a autora não se considerasse filósofa, De Beauvoir teve uma influência significativa tanto no existencialismo feminista quanto na teoria feminista, inclusive, estudou filosofia na Universidade de Sorbonne. Onde conheceu Jean Paul-Sartre parceiro intelectual e de vida, com quem teve um relacionamento aberto toda a vida (cerca de 50 anos).
Em 1949, um livro carregado de enormes polêmicas, era publicado na França. O primeiro volume de "O segundo sexo", marco na ótica do que seria o feminino, mudou, ou ao menos questionou para sempre a maneira como pensamos a mulher e o seu lugar enquanto sujeito na sociedade. Em consequência de seu grande impacto, o livro entrou na lista de títulos proibidos pelo Vaticano, entretanto, já primeira semana de lançamento, atingiu a marca de 22 mil exemplares vendidos na França.
Com uma investigação que mistura conceitos da psicanálise, filosofia, antropologia, história e outros campos do conhecimento, O segundo sexo se tornou uma bíblia para o movimento feminista e colocou o nome de Simone de Beauvoir (1908-1986) entre os das grandes pensadoras do século XX.
No volume inicial, intitulado “Fatos e mitos”, a autora se propõe a examinar os desequilíbrios de poder que se estabelecem entre os sexos e faz uma reflexão sobre mitos e fatos que condicionam a situação da mulher na sociedade. Já em “A experiência vivida”, o volume dois, que chegaria às livrarias ainda em 1949, avalia como a mulher é compreendida no casamento, na maternidade, na vida social, na maturidade e na velhice.
Em síntese, analisa a condição feminina nas esferas sexual, psicológica, social e política. Nele está inserida a famosa afirmação: “Não se nasce mulher, torna-se mulher“. Simone de Beauvoir procura mostrar o absurdo da afirmação de que as mulheres nascem “femininas” e devem ajustar-se ao que esse conceito supõe, em seu tempo e sua cultura.
O livro foi basilar para as ideias da chamada “segunda onda do feminismo”, que floresceu no início dos anos 1960, na Europa e América do Norte. É importante ressaltar que, a primeira onda foi marcada pelos movimentos a favor do voto feminino no fim do século 19 e início do 20. Quando o livro apareceu, já estavam superadas – por ter alcançado seus objetivos — as reivindicações sufragistas.
Segundo Beauvoir, o mundo masculino apropriou-se do positivo (ser homem) e do neutro (ser humano) e considerou o feminino como uma particularidade negativa, a fêmea. Em consequência, a mulher foi identificada como “o outro”, o que levou a uma perda de sua identidade social e pessoal. O sexo feminino é limitado pelo conjunto inteiro do patriarcado.
Simone de Beauvoir expõe o desenvolvimento da opressão masculina por meio da análise da história, da literatura e dos mitos, atribuindo os efeitos contemporâneos dessa opressão ao fato de ter-se estabelecido o masculino como norma positiva.
O evidente e inquestionável fato é que a autora revolucionou os estudos modernos voltados para a cultura e sociedade ao jogar luz em questões há muito, ocultas e silenciadas. O legado de Simone de Beauvoir ressoa em todas as mulheres que, tocadas pelo chamado “despertar” atentam-se para suas individualidades enquanto sujeito.