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Mostra exibe filmes da era de ouro de Hollywood

Foi bom enquanto durou. Hollywood talvez nunca mais chegou a ver algo parecido: jovens estrelas que eram alvos de disputa por magnatas furiosos atrás de um contrato exclusivo e escritores do primeiro time da literatura norte-americana, como William Faulkner, John Steinbeck e John Fante, escrevendo roteiros para atores e atrizes famosas interpretarem. A indústria do entretenimento crescia com velocidade.

Seja bem-vindo aos anos 1930! A década em que Audrey Hepburn e Marilyn Monroe estrelavam superproduções e gêneros populares. Os filmes, em suas maiorias musicais e comédias que nem é preciso entrar na sala escura para saber como terminam, trouxeram estabilidade para a indústria cinematográfica dos EUA, além de fazer a grana circular e, com isso, possibilitar o financiamento de novos entretenimentos.

Howard Hawks, diretor que tinha um certo grau de parentesco cinematográfico com o escritor Ernest Hemingway, segundo a revista New Yorker, imprimiu uma retórica sobressalente que definiu os rumos do herói. Filme lançado em 1932, com releitura de Brian de Palma em meados dos anos 1980, "Scarface" é um exemplo disso: o longa conta a história clássica de um gangster da era da Lei Seca, sua ascensão e queda.

É um filme que tem seu valor, mas nada além: o protagonista, raivoso, quer manter sua irmã longe de outros homens, enquanto faz de tudo para crescer no mundo do crime, nem que para isso precise tramar a morte do chefão para o qual trabalha. Mas esse ciúme que sente o faz colocar tudo em risco, ao ponto de se enfiar em situações embaraçosas, arrumar confusão e se ver quase perdendo o que conquistou. O Tony interpretado por Al Pacino, décadas depois, é diferente do de Paul Muni.

A era de ouro de Hollywood inventou ainda as femmes fatales, a partir de produções como “Os Homens Preferem as Loiras” (1952), baseado no musical da Broadway de mesmo nome que teve Marilyn Monroe e Jane Russell no elenco. Pode-se dizer que fora com essa obra, também dirigida por Hawks, deu-se início à gestação do padrão de beleza explorado nas décadas seguintes pela indústria cultural ao redor do mundo: a mulher loira como símbolo de beleza em filmes, cá entre nós, um tanto chatos. 

Nesta época, diretores como Cecil B. DeMille usaram os primeiros recursos de efeitos especiais, o que lhe rendera uma estatueta do Oscar de... Melhores Efeitos Especiais. De fato, o filme foi considerado o maior feito do cinema até então, apesar de DeMille ter dirigido em 1923 uma versão que não chegou a causar tanto alvoroço como a de 1951. Tudo era em grande quantidade: o roteiro, mais de 300 páginas; 1,2 mil storyboards; 70 personagens... Uma megalomania à cara hollywoodiana que narra, de maneira ficcional, a vida de Moisés - desde que fora encontrado no Nilo até a Terra Prometida.

Joseph L. Mankiewicz, irmão do roteirista Herman Mankiewicz, responsável pelo texto de “Cidadão Kane” (1941), gastou US$ 44 milhões para filmar a “Cleópatra” (1963). Vencedor de quatro Oscars, incluindo o de Melhor Fotografia, o longa é ambientado durante a expansão do Império Romano, mostrando a história de Cleópatra, personagem de Elizabeth Taylor, a Rainha do Egito. Para os padrões da década, era uma produção ambiciosa, mas que a revista Time definiu como “cheio de falhas”.

Bem recebido pela crítica, contudo, foi “Amor, Sublime, Amor” (1961): o filme, adaptado por Ernest Lehman de um musical de sucesso na Broadway, guardava semelhanças com Romeu e Julieta, de William Shakespeare. O protagonista, Tony, era líder de uma gangue de Nova Iorque de brancos que se apaixona por Maria, irmã do cara que comanda o grupo rival. Sim, o amor dos dois resiste ao ódio e à pancadaria. “Sublime, Amor” faturou dez estatuetas do Oscar, como a de Melhor Diretor.

Esses filmes, além de “Minha Bela Dama” (1964) e “A Princesa e o Plebeu” (1953), podem ser vistos na Mostra 125 Anos de Cinema, dos canais Telecine e Telecine Play. O grande legado da mostra é justamente evidenciar como o cinema hollywoodiano conseguiu estabelecer o american way of life pelo mundo e disseminou o ideal de amor borocochô, isto é, aquele no qual o protagonista (geralmente um sujeito problemático) se apaixona pela mocinha (uma pessoa “do bem”), e ela lhe salva de si mesmo.

No entanto, ainda pode ser divertido assistir a essas obras: quem nunca idealizou uma paixão cinematográfica por alguém? Acredite, isso é o efeito prático de Hollywood em sua vida.

Mostra 125 Anos de Cinema/ Era de Ouro de Hollywood

Quando: de 12 a 14 de fevereiro

Onde: Canais Telecine ou Telecine Play

Para assinar o streaming: R$ 40

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