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Entenda por que Beyoncé é considerada a rainha do pop

Não é de hoje que a obra da cantora Beyoncé merece ser ouvida. Artista engajada com temas importantes do mundo contemporâneo, ela enalteceu a cultura negra com o disco “Black Is King” (2020) sem soar nada artificial. É um dos trabalhos mais belos feitos nos últimos anos na indústria da música pop, uma obra-prima do afrofuturismo, um clássico que precisa ser ouvido e (re) ouvido por nós, brancos e privilegiados. 

Beyoncé, cantando sequências ruidosas, com imagens vibrantes e dançantes de alta energia musical e potente no sentido mais amplo dessa palavra, torna “Black Is King” uma obra-prima. O trabalho nos alimenta com cenas de lenta imobilidade, nas quais absorvemos a beleza impressionante e a dualidade de cores brilhantes da cultura negra, apagada da história por bigodudos que hoje a contam em seus livros. 

Em “Already”, por exemplo, nos deparamos com dançarinos sob a bandeira pan-africana vermelha, preta e verde desenhada por Marcus Garvey: é uma declaração de amor sobre a unidade da cultura negra numa época em que o mundo lhe agride e com a qual nos acostumamos a partir da barbárie que ceifa vidas de pessoas como George Floyd, assassinado após ser asfixiado por um policial, nos Estados Unidos - a morte gerou protestou pelo mundo.  

De fato, Beyoncé é a rainha suprema da música pop. Nenhuma outra chega sequer aos pés dela. Seu nome está gravado na História. Que me perdoem puristas fãs de Madonna, Lady Gaga, Taylor Swift... Obrigado, Beyoncé: sua música é exatamente a que precisamos ouvir numa época de distúrbios sociais e arrefecimento de práticas elitizadas, racistas e machistas.

Em ”Black Is King”, as canções são interligadas por uma unidade, mas com um visual distinto, o que não altera o curso da história. Nada ali me parece fora do lugar, nem um acorde, nenhuma entonação vocal, nada, simplesmente nada: tudo está simetricamente entrelaçado. É lindo assistirmos o desenrolar da história emocionante da obra, acompanhada pela poesia de Warsan Shire, a escrita de Yrsa Daley-Ward e as imagens da África Ocidental, sem deixar escorrer uma lágrima sequer dos olhos. 

Ela sempre foi politizada nos versos que canta, até mesmo naquelas faixas cheias de artifícios do mundo pop. Do rebuscado politizado ao ouvivél radiofônico, Beyoncé sabe equilibrar as linguagens, e quase nunca sem perder o discurso engajado, sua característica principal.  Em 2008, quando ainda não era exatamente comum falar de gênero, a artista já usava as rádios para disseminar essa mensagem ao público, com “If I Were a Boy”. 

A partir daí, consagrou-se pelo impacto social, político, cultural e, sobretudo, seu legado: maior do que o de qualquer outro famoso do show bizz planetário. Algumas músicas eram mais incisivas que outras.

Até que ela criou "Lemonade" (2016), talvez um dos discos mais importantes da música pop – junto com “Black Is King”. O mal dele? Limitação de alcance. Em tempos de streaming, ficar restrito apenas a uma plataforma, Tidal, não é legal: pouca gente, na verdade, ouviu-o.

Mesmo assim, Beyoncé caminha para virar a artista mais importante da música pop. Ela quebra barreiras, rompe os paradigmas dos fones de ouvido como ninguém, e nem vale o esforço de compará-la com qualquer outro artista do mundo pop em termos de audiência: Jorge & Mateus e Marília Mendonça estão na frente dela no universo das lives... O que poucos sabem, porém, é que ela dominava esse mundo até a febre desse tipo de apresentação após a suspensão de shows por causa da pandemia.

O que poucos sabem, porém, é que ela dominava esse mundo até a febre desse tipo de apresentação após a suspensão de shows por causa da pandemia. Mais do Paul McCartney ou qualquer outro medalhão da cultura pop, Beyoncé conquistou no último domingo (14) uma marca que não é para poucos: a de artista, seja homem ou mulher, mais vencedor do Grammy. Agora, a rainha chama-se Beyoncé.

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