Matheus Lopes Quirino
Elza Soares, ainda moça em flor, arrebatou a plateia ao performar De Amor ou Paz no festival de música popular da Record, em 1966. Ano antes, o hit veio no álbum Um Show de Elza, em que ela interpretou clássicos, como Ocultei, de Ary Barroso ao Samba da Minha Terra, popularizado nas vozes de João Gilberto e Dori Caymmi (que a compôs).
Acrobática, Elza interpretava nos palcos como uma rainha com cílios postiços, explosão de cores e malemolência. O vigor da juventude se manteve, mesmo como tímida chama, em shows incendiários dos últimos anos, como quando a cantora cantava sentada, até mesmo deitada, como na performance de A Mulher do Fim do Mundo (vídeo aqui).
A Elza dos últimos anos, uma diva pop com cabeleira arroxeada e figurinos arrojados que viraram álbum (A Mulher do Fim do Mundo) a pôsteres veio de encontro com uma nova geração, os Millenials, que a abraçaram pelo movimento da cantora de se manter atemporal
Elza, já senhorinha, sentava-se no trono e fazia um coro jovem vibrar, ao começarem os acordes de Malandro, clássico absoluto em sua voz. Das músicas que permanecem eternizadas em sua interpretação, Aquarela Brasileira é um capítulo à parte. Cantada em um Globo de Ouro de 1980, Elza Soares, Martinho da Vila, Clara Nunes, Beth Carvalho, Alcione, Nelson Rufino, Benito Di Paula, Jair Rodrigues, João Nogueira e Chico da Silva cantam o hit escrito pelo poeta Martinho da Vila.
Elza Soares teve a voz emprestada a múltiplas produções, como novelas e propagandas. Das que marcaram geração, Façamos, em parceria com Chico Buarque, foi tema de abertura de Desejos de Mulher (2002), da rede Globo. Nos últimos anos, Elza viajou com a turnê Deus é Mulher (2019), participou de Rock in Rio (2017) e teve diversas aparicções na televsão, em shows curtos, como nos programas de Pedro Bial (2017) e Serginho Groisman no Altas Horas (2018).