“O Vestir é Ancestral" é título do editorial de moda indígena de Rodrigo Tremembé, de 25 anos. Ele mora na Aldeia Córrego João Pereira, Itarema, no Ceará, e expõe peças de vestuário com traços étnicos do povo Tremembé, com o objetivo de reforçar a necessidade de indigenizar a moda.
"O vestir é Ancestral" representa a autonomia do indígena ocupando espaços não antes imaginados. Ele expressa a moda feita de forma autêntica e protagonizada por Indígenas em todos os processos. Abre espaços para questionamentos e reflexões sobre o vestir como ato de resistência e também como ato político”, afirma.
Segundo Tremembé, vivemos em um país rico em diversidade cultural é triste ver que a identidade da moda majoritariamente não representa sua cultura.
“A moda indígena vem nesse sentido como ferramenta de descolonizacão, assumindo a importância de indigenizar os espaços, mostrando que o vestir é ancestral se levarmos em conta que os povos Originários sempre se "vestiram" de grafismos com suas simbologias e significados. Abrir uma revista e não ver corpos indígena, ver desfiles, editoriais, castings e não ver presença Indígena me faz questionar a falta de representatividade nesses espaços e a importância de ocupá-los”, ressalta.
Para ele, fazer moda indígena é desafiador, mas afirma que a moda Indígena vem atravessando esse "rio" turbulento que é o mercado da moda convencional, mesmo que vagarosamente.
“Sabemos que a indústria da moda é a segunda maior consumidora de água do planeta, e que o descarte de resíduos têxteis é um problema ambiental enorme, sendo assim, enquanto criador de moda para a indústria criativa, busco incentivar novos criadores para tá produzindo moda consciente e que expresse nossa verdadeira identidade. A mãe terra está pedindo socorro a muito tempo, temos que ouvir sua voz , começar a refletir sobre quem produz nossa roupas, como é feita e que história nossas roupas contam”, destaca.
Conforme Tremembé, a Moda Indígena é a base para buscar mudanças no modo que vemos a forma de vestir-se. “Produzir vestimentas étnicas em um contexto moderno é propor uma ruptura com as dinâmicas imposta pelo colonialismo, e que ainda estão em curso, em vestir povos originários levando-os a um desvio existencial”, finaliza.
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