Mariane Morisawa, especial para a Agência Estado
“Game of Thrones - ou A Guerra dos Tronos” chegou ao fim três anos atrás com recorde de audiência para a HBO: 59 Emmys, inúmeras citações em outros produtos culturais e uma transformação na maneira como obras de fantasia eram feitas e aceitas, especialmente na televisão. Mas a oitava temporada também decepcionou muitos dos fãs, que a acharam corrida, um tanto sem sentido (Bran?) e injusta com diversos personagens, especialmente a favorita Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), Dany para os íntimos.
Quando a HBO anunciou que, dos vários projetos de spin-off, inclusive um piloto rodado ao custo de US$ 30 milhões e cancelado, a série que seguiria adiante seria focada nos Targaryen, muitos enxergaram “A Casa do Dragão”, que chega à HBO e HBO Max no domingo, 21, como uma maneira de redimir a saga e Dany.
“Acho importante diferenciar esta série de Game of Thrones”, disse em entrevista, com a participação da reportagem, Miguel Sapochnik, co-showrunner de “A Casa do Dragão” com Ryan Condal.
Ele é conhecido por ter dirigido alguns dos melhores episódios da série original, incluindo “Battle of the Bastards”, pelo qual ganhou o Emmy de direção. “Nós sentimos a responsabilidade de fazer um bom trabalho. Mas o mais importante era focar no que estávamos fazendo e não no que tinha sido feito. Pois o que passou não era nosso problema.”
“A Casa do Dragão” se passa cerca de 200 anos antes de “Game of Thrones”. No início de GoT (como é conhecida a famosa série), Daenerys e seu irmão Viserys (Harry Lloyd) são os últimos sobreviventes da Casa Targaryen, estão exilados, e os dragões, extintos, até ela receber três ovos que darão origem a Drogon, Viserion e Rhaegal. Em “A Casa do Dragão”, os Targaryen estão no ápice.
“Eles são incontestáveis, há vários príncipes e princesas que têm 17 dragões, equivalentes a armas nucleares”, disse Condal. “É como se estivéssemos em Roma em seu auge de poder e glória.”
Se os Targaryen não têm como ser desafiados, a única coisa capaz de abalar a família é um conflito interno. E é isso que acontece quando o rei Viserys I (Paddy Considine) escolhe sua filha mais velha, Rhaenyra (Milly Alcock na adolescência e Emma D'Arcy na fase adulta), para assumir o “Trono de Ferro” após sua morte, preterindo seu irmão Daemon (Matt Smith).
O problema é que nunca uma mulher ocupou a posição - o próprio Viserys foi beneficiado por isso quando o Grande Conselho de Harrenhal preferiu que ele fosse o rei em vez de Rhaenys (Eve Best). A briga vai desencadear a guerra civil conhecida como Dança dos Dragões, narrada pelo autor George R.R. Martin em Fogo & Sangue.
Defensor
Martin, aliás, era o principal defensor de que uma história dos Targaryen fosse o primeiro spin-off. Ele participa mais ativamente de “A Casa do Dragão” e apoiou a escolha de Condal, um fã de sua obra, para escrever a nova série. Mas havia diversas narrativas possíveis da família domadora de dragões.
A razão para contar esta é simples. “Ela tem a proximidade mais imediata com ‘Game of Thrones’ porque o declínio da dinastia Targaryen demora décadas para acontecer, mas começa aqui”, disse Condal.
“A Casa do Dragão” é uma opção mais segura de spin-off, portanto. Faz sentido: “Game of Thrones”, ainda hoje, é a quinta série mais popular nos Estados Unidos. Tanto que a HBO está desenvolvendo uma continuação da história de Jon Snow, com a participação do ator Kit Harington, que fez o personagem em GoT.
Personagens vão de rei até bom guerreiro irresponsável
A série “A Casa do Dragão” chega à HBO e HBO Max no domingo, 21. Ela tem vários personagens e vale a pena conhecer os principais. Confira:
Rei Viserys I Targaryen
Na história que se passa cerca de 200 anos antes de “Game of Thrones”, Jaehaerys Targaryen, o quarto de sua casa a sentar-se no Trono de Ferro de Westeros, morre depois de 55 anos de governo pacífico e próspero. Como seus filhos tinham morrido precocemente, o Grande Conselho de Harrenhal decidiu que Viserys, neto de Jaehaerys e filho do segundo filho do rei, assumiria os Sete Reinos. Ele é um bom homem, mas nem sempre um bom homem é um grande rei. A disputa pela sua sucessão vai desencadear a “Dança dos Dragões”, uma guerra civil devastadora.
Princesa Rhaenyra Targaryen
A primeira filha do Rei Viserys é escolhida pelo pai como sua sucessora. Mas estará Westeros preparado para ter sua primeira rainha?
Alicent Hightower
Filha de Otto Hightower, a Mão do Rei (mesma posição de Ned Stark no reinado de Robert Baratheon), ela foi criada na Fortaleza Vermelha. Adolescente, é a melhor amiga da Princesa Rhaenyra, mas as coisas mudam quando a mãe de Rhaenyra morre e Alicent aproxima-se do rei. Ela vai entrar na briga pelo trono.
Príncipe Daemon Targaryen
O irmão mais jovem do Rei Viserys é um grande guerreiro e cavaleiro de dragão. Mas também é violento, volátil e um tanto irresponsável. Como é homem, tem mesmo assim seus defensores para que assuma o Trono de Ferro.
Otto Hightower
A Mão do Rei Viserys é um grande político, capaz de tudo para manter a ordem do reino, usando inclusive sua filha Alicent. Para ele, a maior ameaça ao reino é Daemon, o irmão do rei.
Princesa Rhaenys Velaryon
Conhecida como a “Rainha que Nunca Foi” por ter sido preterida em favor de Viserys para assumir o Trono de Ferro, apesar de ser a primeira na linha sucessória. A razão? Ter nascido mulher. É casada com o Lorde Corlys Velaryon.
Lorde Corlys Velaryon
A Serpente do Mar é o mais conhecido desbravador dos mares da história de Westeros. É lorde da Casa Velaryon, que tem sangue da Antiga Valíria, como os Targaryen, e é a mais rica dos Sete Reinos. (M.M/ Especial para a A.E)