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Arte Reciclada para Mudanças Sociais e Ambientais

Fred Le Blue utiliza a reciclagem para conscientizar a população sobre a importância do trabalho dos garis

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Em meio à crescente preocupação com a sustentabilidade e a justiça social, surge a figura de Fred Le Blue, um artista brasileiro que utiliza a arte como ferramenta para promover mudanças sociais e ambientais. Através de projetos inovadores e engajadores, Le Blue dá visibilidade ao trabalho dos garis e à importância da preservação do meio ambiente, combatendo o estigma que cerca essas profissões essenciais.

O artista brasileiro utiliza a arte reciclada e o personagem Ed Beija Flor para conscientizar a população sobre a importância da sustentabilidade e do trabalho dos garis. Ele idealizou o Gari Universo, uma bienal da ecoarte, e defende a "estética do lixo" como forma de arte engajada e transformadora.


		Arte Reciclada para Mudanças Sociais e Ambientais
Reprodução: Acervo Pessoal

A trajetória do artista iniciou ainda quando estava com cinco anos de idade, Fred lembra que “quando estava na pré-escola, tomei a iniciativa pró-ativa de limpar o pátio da escola durante o recreio, o que foi digno de reconhecimento por parte de uma das professoras. Essa memória teria ficado inconsciente se, em 2005, após me formar em Comunicação na UFG, eu não resolvesse mudar-me para Brasília, em busca de novas experiências, sobretudo, nas áreas de antropologia, arte e espiritualidade”. Foi essa trajetória que o levou a criar Ed Beija Flor, um personagem performático que utiliza a arte reciclada para conscientizar a população sobre a importância da sustentabilidade e do papel crucial dos garis na preservação da cidade.

Ed Beija Flor não se limita a limpar ruas. Le Blue explica que a performance do Gari com a 'Bolata' é uma espécie de remake lixo-tecnológico da cena do Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, em que uma bola gigante corre atrás do aventureiro. A diferença aqui é que a bola, que representa o Planeta, ainda não está totalmente desgovernada, sendo possível, mediante a interação de muitas mãos, conter o avanço da poluição que pode tornar metaforicamente mais pesada a Terra, tornando insolúvel o problema dos resíduos sólidos”. Essa performance é um exemplo claro de como Le Blue transforma lixo em obras de arte inspiradoras e conscientizadoras.


		Arte Reciclada para Mudanças Sociais e Ambientais
Reprodução: Acervo Pessoal

A criatividade de Fred Le Blue não se esgota em Ed Beija Flor. Ele idealizou o Gari Universo, uma bienal da ecoarte que visa promover a arte-reciclagem e a arte inclusiva. Le Blue reflete sobre o impacto de seu trabalho: “Acredito que o Projeto Gari Universo e seus desdobramentos permitiram realizar uma mediação educomunicacional entre a realidade brasileira, em geral, alheia ao tema da sustentabilidade e o primeiromundista, mais engajado. A ideia era minorar o lapso entre o ideal verde e a realidade cinza, para além do consumo casual de produtos naturais em franquias, que eram febre no Rio de Janeiro na época”.

Além disso, Le Blue é um teórico que defende a "estética do lixo" como forma de arte engajada e transformadora. “A Estética do Lixo é uma metodologia low-profile de arte inclusiva em termos de tipos de temas, formatos e tecnologias, que tenho utilizado nas minhas ações de arte artivista e arteterapêutica do Artetetura, porque permite atuar sem recursos financeiros sob demanda política de determinado contexto sócio-histórico, que, por vezes, não podem esperar situações perfeccionistas de trabalho”, afirma Le Blue. Para ele, a arte que utiliza materiais reciclados e retrata temas como a invisibilidade social dos garis tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Le Blue acredita que “em termos de estética, a arte-reciclagem, por sua tridimensionalidade plástica, é algo que sugere uma sinestesia lúdica que poucas artes suscitam, gerando um encantamento quase natural. Os materiais do cotidiano vendidos como míticos na propaganda perdem de forma efêmera a sua simbologia após o ritual de sacrifício do consumo. A reciclagem artística ou fabril tem o condão mágico de dar uma sobrevida para esse ciclo de vida da matéria-prima das embalagens, que, se não recicladas ou arte-recicladas, poderão ser daninhos para a natureza e para as cidades”.


		Arte Reciclada para Mudanças Sociais e Ambientais
Reprodução: Acervo Pessoal

Atuar com arte, educação e jornalismo sobre Direitos Humanos e Direitos Ambientais é muito gratificante para Le Blue, porque “conecta seu espírito com o de pessoas resilientes do mundo todo, ambos desejosos de frear as ações da bomba relógio que se tornou a questão da mudança climática da Terra. É uma atuação quase missionária, mesmo que você não saia da sua cidade, porque tende a não gerar a simpatia esperada nas pessoas. E quando você vê, que está numa selva urbana lutando por alguns minutos de fama que permita atuar como advogado do planeta”. Ele menciona ainda os desafios dessa atuação, especialmente no Brasil, onde os interesses em conflito, como grilagem e mineração ilegal, tornam essa luta desigual.

Até 2030, Fred Le Blue estará envolvido com o projeto do Grupo de Trabalho de divulgação científica Goiânia 2030. Ele explica: “A estratégia utilizada tem sido a do reposicionamento do imaginário urbano original da cidade para resgatar de forma contemporânea o pioneirismo político, ambiental e urbanístico latente na construção desta capital planejada, que inspirou Brasília, visando mostrar que a capital de Goiás, já nasceu sustentável. Se me permitem o plágio de Rousseau: a cidade nasceu boa, mas a sociedade com seus planos diretores vendidos ao capital imobiliário que a corrompe”.

Através de sua arte engajada e de seus projetos inovadores, Le Blue demonstra que a arte pode ser uma ferramenta poderosa para promover a justiça social, a sustentabilidade e a valorização do ser humano. Como ele próprio diz, “a arte deve ser inclusiva-democrática e permitir interdisciplinaridade sinestésica-sincrética-sinergética-simbiótica mutante e jamais estigmatizar a diferença de nenhum tipo, seja ela maioria ou minoria em determinado contexto espaço-temporal”.

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