Betty Boop
Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 22:14 | Atualizado há 4 meses
A cabeçudinha boneca Betty Boop, vira e mexe aparace por ai, estampando capas de caderno, materiais escolares diversos, camisetas e afins. O que pouca gente sabe é que aquela caricatura bochechuda de olhinhos cintilantes carrega inúmeras polêmicas desde a sua criação. A primeira delas envolve saber quem de fato inspirou o Fleischer Studios da Paramount para o desenvolvimento da boneca. Há quem diga que foi a atriz Clara Bow, estrela da Paramount, figurando entre as cinco maiores atrizes de sua época. Primeira “It Girl” da história, a ruivinha era simbolo sexual inegável, sempre representando a tradicional mulher-fatal nos cinemas. Outro ponto que coloca Bow como inspiração para Boop é que a única apresentação colorida da personagem para os cinemas seus cabelos aparecem vermelhos, e não pretos como habitual. As semelhanças físicas entre ambas é incontestável. Mas apesar de o autor de Betty Boop negar, a primeira aparição da boneca numa animação foi de fato uma caricatura da cantora e atriz Helen Kane.
Helen ficou famosa ao atuar em Dangerous Nan McGrew (1930), onde interpreta a sua mais conhecida canção I Wanna Be Loved By You, que rendeu fama até a Marilyn Monroe ao também interpretar a canção em Some Like It Hot no final da década de 1950. Além da semelhança física da boneca com Clara e Helen, Betty Boop apareceu várias vezes em animações usando trajes que Helen Kane havia usado em seus filmes, sem falar na voz infantil e o estilo de cantar que Betty e Helen apresentavam. Fato este que foi parar até nos tribunais, quando Helen acusou os criadores da boneca de apropriação indevida de sua imagem e estilo musical, já que as atrizes que dublavam Betty reproduziam um estilo muito semelhante ao de Helen. Uma das atrizes que dublou Betty foi Margie Hines, que também dublou Olivia Palito na animação Popeye.
Nos tribunais Helen não conseguiu ganho de causa e ainda foi acusada por aquilo que acusara as demais dubladores de Betty. A artista de cabaré Baby Esther compareceu ao tribunal para refutar Helen. Em seu depoimento ela afirmara ser a verdadeira autora do estilo musical em que eram incluídos fonemas como “boop”, “doo” e “bee” e que Kane assistira suas apresentações e imitara o estilo de Esther em seus shows e filmes. Max Fleischer negou ter se inspirado em Helen e o juiz desconsiderou as acusações de da atriz. Mas não hpa como negar que Betty é uma junção da sexualidade e erotismo de Clara Bow e do comportamento sapeca de Helen Kane.
Outra curiosa singularidade sobre Boop é que nos primeiros esboços e aparições da boneca, ela figurava como um ser antropomorfo, cujo corpo era de mulher (sexualizada) e a cabeça era de um bulldog francês, com grandes bochechas e orelhas compridas e caídas sobre os ombros. Tempos depois as longas orelhas foram substituídas por orelhas menores, mais humanizadas e brincos de argola bem avantajados. Mesmo sendo uma figura bastante erotizada, cheia de curvas e com roupas provocantes, com a cinta-liga sempre à mostra, a personagem fictícia Betty Boop, criada entre os anos de 1930 e 1934 tinha entre 13 e 16 anos apenas, outro escândalo, principalmente hoje em dia, envolvendo a personagem.
Polêmica ou não, inspirada em Kane ou não, fato é que Betty Boop era a representação da nova mulher pós Primeira Guerra, onde elas (mulheres) começavam a galgar seu espaço, mostrando pouco a pouco que eram donas do próprio corpo, com cabelos cada vez menores, com roupas ditas tradicionalmente masculinas. Sem medo de parecem sensuais, elas demonstravam maior poder e libertação sexual. Um grito de progresso para a mulher moderna.