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"Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões

Entre metáforas e fatos reais, Paulo entrelaça versos numa composição única, onde os textos se conectam, que transforma a obra em uma escrita indivisível

Imagem ilustrativa da imagem "Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões

Paulo Manoel Ramos Pereira, autor goiano, lança seu segundo livro de poesias, "Búzio", pela Editora Mondru. Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, Paulo revela os bastidores da criação desta obra e o impacto da poesia em suas reflexões e vivências.

A Gênese de "Búzio"

"Este é o meu segundo livro," conta Paulo. "Meu primeiro, 'Teatro de Sombras', foi lançado em 2021. Muitos poemas de 'Búzio' são anteriores a 'Teatro de Sombras', que foram remodelados e integrados com novos escritos, formando uma metáfora central que gira em torno da concha do búzio, repetida em diversos textos." A concha do búzio simboliza o mistério e a divinação, elementos centrais na construção do livro.


		"Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões
Paulo Manoel Ramos Pereira. Divulgação: Livro Búzio


Apesar da presença de um poema sobre o jogo de búzios, Paulo esclarece que "Búzio" não gira em torno de temas religiosos. "Uso a imagem da concha como macro símbolo. Durante a leitura, essa metáfora fica clara, mesmo não tendo ligação direta com religiões afro-brasileiras."

Para a composição do livro, Paulo resgatou memórias afetivas e fez uma síntese entre os poemas que perpassam sua infância e vida boêmia na capital de Goiás, além de suas vivências e viagens. Entre metáforas e fatos reais, Paulo entrelaça versos numa composição única, em que os textos se conectam,criando uma continuidade que transforma a obra em uma escrita indivisível.


		"Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões
Divulgação: Livro Búzio


Um dos poemas mais comentados por Paulo é aquele em que o personagem caminha na praia e, ao ouvir o som do búzio, muda sua percepção. "Esse poema reflete como uma opinião pode se transformar diante de um novo encantamento, similar à liberdade dos gatos." Paulo destaca a importância das metáforas em sua obra, não apenas como elementos estéticos, mas como ferramentas para repensar o íntimo e a própria existência.

O escritor também aborda temas urbanos e sociais em "Búzio", como no poema "Olhos de Mônica", onde cita uma pichação famosa que ficou por anos nos muros do Colégio Lyceu de Goiânia, que fazia uma crítica a violência policial. "Este poema dialoga com o conceito de mistério e revelação, refletindo a realidade muitas vezes oculta, " explicou.

Em vários poemas o autor transformou o cotidiano em poesia e compartilhou suas inspirações e abordagens. "Goiânia é uma cidade que salta poesia. Essa efervescência urbana é essencial, pois é uma maneira de decodificar a realidade no belo. Busco traduzir o que muitas vezes é não poético, retrabalhando até lapidar como um diamante," explicou, destacando a influência da capital em sua obra.

Ao abordar a diversidade temática presente em seu livro, o escritor detalhou, "Os temas são variados. No poema do Imperador, falo de sexualidade, por exemplo. As inspirações são diversas e os temas também. Presto atenção em vários ambientes e caminhos. Tem um poema sobre dor, na forma de uma ferida, e outro que muda constantemente, proposital, pois essa é a essência da poesia," revelou. Ele ainda destacou que seu livro dialoga com vários tipos de leitores, com sonetos rebuscados e versos livres que parecem uma conversa.


		"Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões
Divulgação: Livro Búzio


Paulo reflete sobre sua evolução como poeta desde "Teatro de Sombras" a importância da poesia no cenário literário contemporâneo. A descoberta de seu estilo está intrínseca no livro, mostrando o seu amadurecimento na literatura. "No 'Búzio', domino melhor a expressão poética, sabendo escolher as palavras e seus lugares certos. É uma obra mais enxuta e trabalhada", afirma Paulo.

Infância e Inspirações

A infância de Paulo no sul do Maranhão, cortado pelo Rio Tocantins, inspirou muitos de seus poemas. "Eu lembro de revirar os livros do meu pai, entre eles um Dom Quixote. Depois, na adolescência, conheci os poetas românticos e modernos, que consolidaram essa vontade de me expressar, especialmente os modernos, que me mostraram as possibilidades do verso."

Minha mãe me levava à biblioteca do Centro Cultural Marieta Telles Machado, que fica na Praça Cívica em Goiânia. Esse contato inicial com os livros consolidou minha paixão pela literatura e pela poesia. Paulo Manoel Ramos Pereira

Paulo destaca a importância de temas universais como o amor, o trabalho e a saudade, que criam uma conexão genuína com os leitores. "A infância é determinante para compreender a si mesmo. Poemas como o 17, que fala sobre as belezas e peculiaridades do Brasil, refletem minhas raízes pessoais."

Futuro da Poesia

Apesar do cenário literário competitivo, Paulo acredita na permanência e relevância da poesia. "A poesia é a mãe das artes. Fazer uma boa poesia é raro, mas necessário. Enfrentamos um tempo em que nada foi feito para durar, mas a poesia, com sua antiguidade e profundidade, desafia essa transitoriedade."

O poeta consolida seu lugar na literatura brasileira contemporânea, oferecendo uma obra que transcende o tempo e o espaço, e que certamente deixará uma marca permanente em seus leitores.


		"Búzio": a concha que resgata poesias e reflexões
Divulgação: Livro Búzio


Atualmente, "Búzio" está em fase de pré-venda exclusiva no site da editora até o dia 17 de julho, com lançamento presencial previsto para agosto. Após o período de pré-venda, o livro estará disponível nas principais livrarias e plataformas online.

Paulo também sugere outra opção para adquirir sua obra através de suas redes sociais, Instagram e Facebook, no perfil @opaulomanoel. Nessas plataformas, ele oferece um cupom para frete grátis e disponibiliza mais informações sobre o livro.

"Búzio" é um convite para mergulhar nas profundezas das emoções e reflexões de Paulo Manoel Ramos Pereira, onde a concha se torna um símbolo de mistério e descoberta, revelando a beleza escondida nas palavras e nas experiências da vida.

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