Cultura

Canto da Primavera começa nesta terça-feira, 30, com atrações locais e nacionais

Marcus Vinícius Beck

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 16:10 | Atualizado há 3 anos

O rock rolou e foi direto: Roberto Frejat dobrou bases na guitarra com Fernando Magalhães, solou enquanto as quatro cordas do groove de Rodrigo Santos ritmicamente conversavam com bumbo e baquetas de Guto Goffi ao mesmo tempo em que o piano de Maurício Barros costurava essa simbiose sonora entre os instrumentistas do Barão Vermelho. “Pro dia nascer feliz/ essa é a vida que eu quis”, cantou Frejat, num show da turnê “MTV Ao Vivo”. Era a pá de cal – em grande estilo – que fechara o Canto da Primavera, tradicional goiano festival de música, em 2006.

Desde
2000, quando o Canto passou a fazer parte da agenda cultural de Goiás, nomes de
peso da música brasileira passaram pela histórica cidade de Pirenópolis, a 123
quilômetros de Goiânia e 366 de Brasília. Dos mais distintos gêneros, como rock
e sertanejo, ou MPB e reggae, Zé Ramalho e sua “Vida de Gado”, Raimundo Fagner
com suas “Borbulhas de Amor”, Zeca Baleiro e aquela “Saudade D´ocê”, Alceu
Valença e a “morena tropicana” da qual ele queria o sabor e Chitãozinho e
Xororó junto das evidências do desejo transformaram o Canto da Primavera num
paraíso da música.

Após
hiato de dois anos, a Mostra de Música de Piri volta a ser realizada de forma
presencial a partir desta terça-feira, 30, até domingo, 5, mas seguindo à risca
todos os cuidados sanitários para evitar a disseminação da covid-19, de acordo
com a Secult. Assim como nas outras edições, também vão acontecer oficinas
musicais abertas à população, entre a quarta-feira, 1°, e o sábado, 4. No dia
seguinte, a partir das 18h, a Orquestra Filarmônica encerra o Canto no Largo da
Beira Rio. E por aí vai.

Antes disso, as atrações prometem levantar o público, com capricho. A abertura oficial fica por conta do músico Marcelo Barra, no Cine Pireneus, às 19h30. Na quarta, às 20h, sobem ao palco – também no Pireneus – uma galera que já somos acostumados a ver tocando nos bares goianienses: Celso Galvão e Laércio Correntina apresentarão um repertório selecionado a dedo digno do melhor da música popular brasileira.



“A retomada do Canto da Primavera é de suma importância para a classe musical goiana, tendo em vista que é um amplo escoador e também dos maiores eventos de mostra de música do país” Moka Nascimento, bateirista

“A
retomada do Canto da Primavera é de suma importância para a classe musical
goiana, tendo em vista que é um amplo escoador e também dos maiores eventos de
mostra de música do país”, diz o baterista Moka Nascimento, que dessa vez
integra a banda base do elenco do projeto Palco, idealizado pelo músico
Gilberto Correia, ao lado dos principais cantores e compositores de Goiânia,
como Laércio Correntina, Celso Galvão, Wilson Ghandi e Túlio Borgo. A direção
musical é de Gilberto Correia. Além de Moka, a banda base é formada por Emídio
Queiroz, na guitarra, Moisés Feitosa, nas quatro cordas do baixo, e Sávio
Gonçalves, nos teclados.

Sim, o
som vai rolar noite adentro, pro público sair do chão, aproveitar, se esbaldar,
pirar, deixar o combustível da música correr pelo sangue: afinal, ficamos dois
anos enclausurados em casa, sem amigos, sem esperança, mas a música – essa sim
– jamais parou de tocar na caixa de som e, com ela, preservamos a vivacidade
das lembranças, dos momentos pré-pandemia, quando não havia nada a ser feito.

Agora,
por exemplo, há o que ser feito… Bem, voltando ao Canto. Na quinta, dessa vez
na Rua do Rosário, um dos pontos mais conhecidos do histórico município goiano,
a música começa a rolar a partir das 18h, com Marcus Biancardini. E depois
dele, no Cine Pirineus, apresentam-se Cristina Guedes, Fernanda Guedes e Ingrid
Goldfeld, num espetáculo que homenageia o músico Manassés, falecido em
decorrência de covid-19 – o trompetista nos deixou em abril no dia em que
completaria quatro décadas de vida.

A quinta
segue movimentada, com show de Henrique Oliveira & Anderson Richards, no
Pireneus. Simultaneamente, no Largo Beira Rio, às 20h, quem comanda a festa é a
Orquestra de Violeiros. Depois, no mesmo local, tocam Almir Pessoa e Dona da
Roda.

Perto do
fim, calma, ainda há mais dois dias, os artistas Diego Stucchi, Gabriel Cabela,
Mc Murcego 15 anos – Raízes Ancestrais e Heaven´s Guardian e Orquestra
Sinfônica embalam o clima na cidade da música. Isso na sexta. No sábado, o
melhor da festa: Fernando Boi lança novo disco de samba, onde ressalta sua já
conhecida reverência a Paulinho da Vila e Martinho da Vila. Adriel Vinícius,
novo nome da chamada MPB goiana, com a delicadeza do violão, deve emocionar
fazer da poesia a beleza da noite.

Ainda no
sábado, onde a festa rola em três pontos de Piri, o rock lisérgico dos
Boogarins, às 22h35, leva psicodelia para o Canto. Os goianos, inclusive, vêm
de uma sequência de discos, como “Sombrou Dúvida” (2019), “Manchaca Volume 1”
(2020) e “Manchaca Volume 2” (2021). Camila Faustino, Sabah Moraes, Isabella
Rovo e Chico Aafa. O Canto da Primavera, ufa!, está de volta. Agradecem os
trabalhadores da música, agradecem os fãs, agradece este jornalista.

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